Tuca: últimos dias para conferir o espetáculo "Três Mulheres Altas"

Clássico da dramaturgia contemporânea fica em cartaz até 12/2

por Redação | 29/09/2022

Está em cartaz até 12/2, no palco principal do Tuca, Três Mulheres Altas’. Escrita por Edward Albee (1928-2016) no início da década de 90, a peça logo se tornou um clássico da dramaturgia contemporânea.

Essa nova versão do espetáculo ‘ traz no elenco Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill e tem direção de Fernando Philbert, tradução de Gustavo Pinheiro e realização da WB Produções, de Bruna Dornellas e Wesley Telles. 

Em cena, as atrizes interpretam três mulheres, batizadas pelo autor apenas pelas letras A, B e C. A mais velha (Suely Franco), que já passou dos 90, está doente e embaralha memórias e acontecimentos, enquanto repassa a sua vida para a personagem B (Deborah Evelyn), apresentada como uma espécie de cuidadora ou dama de companhia. A mais jovem, C (Nathalia Dill), é uma advogada responsável por administrar os bens e recursos da idosa, que não consegue mais lidar com as questões financeiras e burocráticas.

Entre os muitos embates travados pelas três, a grande protagonista do espetáculo é a passagem do tempo e também a forma com que lidamos com o envelhecimento. ‘O texto do Albee nos faz refletir sobre ‘qual é a melhor fase da vida?’, além de questões sobre o olhar da juventude para a velhice, sobre a pessoa de 50 anos que também já acha que sabe tudo e, fundamentalmente, sobre o que nós fazemos com o tempo que nos resta. Apesar dos temas profundos, a peça é uma comédia em que rimos de nós mesmos’, analisa o diretor Fernando Philbert.

"Esse é um espetáculo que atinge todo mundo, de todas as idades e gêneros, porque fala muito de questões humanas e do ser humano. É uma peça sobre o tempo e as relações, e que tem humor e profundidade. As pessoas riem, mas também se sentem tocadas por questões muito profundas. E apesar de ser uma peça de 1991, o enfoque que a direção do Fernando Philbert deu, faz com que seja muito atual", esclarece Deborah.

A última e até então única encenação do texto no Brasil foi logo após a estreia em Nova York, em 1994. Philbert e as atrizes da atual montagem acreditam que a nova versão traz uma visão atualizada com todas as mudanças comportamentais e políticas que aconteceram no mundo de lá para cá, especialmente nas questões femininas, presentes durante os dois atos da peça. Sexo, casamento, desejo, pressões e machismo são temas que aparecem nos diálogos e comprovam a extrema atualidade do texto de Albee.

Escrita em 1991 e lançada em 1994, ‘Três Mulheres Altas’ representou uma virada na trajetória de Edward Albee, que recebeu as suas melhores críticas e viu renascer o interesse por sua obra. Aos 60 anos, ele ganhou o terceiro Prêmio Pulitzer, além de dois Tony Awards e uma série de outros troféus em premiações mundo afora. 

A peça tem características autobiográficas e foi escrita pouquíssimo tempo depois da morte da mãe adotiva do autor, que teria inspirado a personagem mais velha. Após abandoná-la aos 18 anos, Albee voltou a ter contato com a mãe em seus últimos dias, quando já estava doente de Alzheimer. No entanto, alguns especialistas em sua obra defendem que a peça não pode ser reduzida a este fato.

‘Três Mulheres Altas’ vai além de ser um retrato de sua mãe. O texto traz o olhar mordaz e perverso – por que não dizer cômico – de Albee para a classe média alta americana e toda a sua hipocrisia, ao falar sobre status, sucesso, sexo e abordar a visão preconceituosa da sociedade e as relações que as três mulheres travam com o mundo, sempre atravessadas pelo filtro machista.

‘Três Mulheres Altas’ estreou na Broadway em 1994, no Vineyard Theatre, e no mesmo ano chegou ao West End, em Londres, no Wyndham’s Theatre, além de iniciar uma turnê pelos Estados Unidos com a montagem americana e render versões na Espanha (‘Tres mujeres altas’) e Portugal. Em 2018, o texto foi remontado na Broadway, com direção de Joe Mantello (‘Wicked’, ‘Take me out’, ‘Assassins’) e estrelado por Glenda Jackson, Laurie Metcalf e Alison Pill.

A peça já recebeu o Prêmio Pulitzer e no Brasil, a peça foi dirigida por José Possi Neto, em 1995, e recebeu os prêmios APCA e Mambembe de Melhor Espetáculo.

Cariocas no Tuca

As atrizes cariocas Deborah Evelyn e Nathalia Dill fazem como esse espetáculo sua estreia no palco do Tuca. Confira abaixo o depoimento das duas sobre o teatro:

"Estar em São Paulo, e num teatro tão simbólico como Tuca, é maravilhoso, por que esse espaço tem uma história incrível e traz um monte de simbolismos. Eu sou carioca, mas eu me criei em São Paulo, então estive muitas vezes na plateia e vi coisas incríveis aqui, mas é a primeira vez que eu subo no palco desse teatro”, diz Deborah.

"É uma alegria enorme estar nesse teatro, eu já fiz várias peças em São Paulo, mas eu nunca tinha feito nada no Tuca. Então é realmente um presente estar aqui. Eu acho que tem um simbolismo muito bonito de estar de volta aos palcos depois dessa pandemia, de toda essa crise política e da violência com que a cultura foi tratada por esse governo (Bolsonaro), assim como as universidades, estudos e pesquisas. Então estar aqui dentro de uma universidade, fazendo teatro, numa cidade que é tão é profunda, é uma honra muito grande. Eu sou do Rio, a minha base de estudos e de teatro sempre foram cariocas, mas sempre tive um respeito muito profundo pelo teatro paulistano”, confessa Nathalia.  

Outras informações: www.teatrotuca.com.br/espetaculos/espetaculo-tres-mulheres-altas.html.

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