Copa do Mundo dos joelhos: lesões preocupam

Lesões perto do Mundial preocupam comissões técnicas, jogadores e torcedores

por Redação | 04/10/2022

Ao longo da história, diversos craques brasileiros passaram por dramas envolvendo lesões no joelho às vésperas da Copa do Mundo. O caso mais emblemático ocorreu com Ronaldo Fenômeno, que, num jogo em abril de 2000, rompeu o tendão patelar, mas se recuperou a tempo de disputar e brilhar no Mundial de 2002 – assim como Zico, que passou por drama parecido em 1986. Recentemente, o lateral esquerdo Guilherme Arana sofreu grave lesão no joelho e perdeu a chance de ir ao Mundial.

Faltando pouco para o início da Copa do Qatar, os clubes e a comissão técnica da Seleção Brasileira redobram as atenções nesse sentido, pois, na maioria das vezes, a lesão ocorre sem que haja contato com outro jogador.

Geralmente, as lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) acontecem quando, ao fazer o movimento de rotação da coxa sobre o joelho, o atleta emprega uma força além da capacidade elástica desse ligamento.

De acordo com o professor-doutor Julio Cesar Gali, doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e professor livre docente da Disciplina de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP, o joelho é uma articulação que, devido à sua localização anatômica, é particularmente suscetível a traumas, especialmente nos esportes.

As lesões nessa articulação ocorrem mais frequentemente em esportes como o futebol, basquete e judô, mas podem acontecer em outras modalidades esportivas, como a ginástica, o vôlei, o tênis e o atletismo.

O diagnóstico da lesão do LCA é baseado na história clínica, no exame físico do joelho e nos testes ligamentares específicos. A ressonância magnética é útil para confirmar a ruptura do LCA e mostrar lesões associadas, como, por exemplo, dos meniscos e das cartilagens. O tratamento na urgência deve consistir em enfaixamento, gelo, muletas para evitar o apoio do membro acometido e elevação, para diminuir o inchaço.

De acordo com o livre docente da PUC-SP, cerca de um terço dos indivíduos com lesão do LCA conseguem se adaptar à nova situação sem reconstruir o ligamento cirurgicamente. “No entanto, a grande maioria não consegue praticar esportes, devido à possibilidade de entorses de repetição, causadas pela instabilidade ligamentar”, explica.

O tratamento cirúrgico – grande drama dos jogadores, pois os prazos de recuperação são maiores – é indicado para jovens ou pessoas ativas com interesse na prática desportiva. “As lesões de outras estruturas, como meniscos, demais ligamentos e cartilagem devem influenciar na decisão entre o tratamento operatório e não-operatório.”

“De qualquer modo, atualmente, os avanços diagnósticos de técnica cirúrgica e de reabilitação são capazes de tornar um joelho praticamente normal após a reconstrução do LCA, devolvendo ao paciente as condições de vida normais e, até mesmo, possibilitando o retorno à prática desportiva”, finaliza o especialista.

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