Dia Mundial do Transtorno Bipolar: problema atinge 140 milhões de pessoas
Profa. Elaine Aparecida Dacol Henna fala sobre o tema
O transtorno bipolar define-se por alterações marcantes do humor, da energia e dos níveis de atividade, o que afeta a habilidade do indivíduo em lidar com as tarefas do dia a dia. Dados de 2019 da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicavam que o problema atingia cerca de 140 milhões de pessoas no mundo.
Segundo a professora Elaine Aparecida Dacol Henna (foto), psiquiatra e docente do Departamento de Saúde Coletiva e Saúde Mental do curso de Medicina a Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP, “o transtorno bipolar é caracterizado por marcadas alterações no humor, atividade e energia que fogem do padrão normal do indivíduo. Cada episódio, seja para o polo negativo (depressão) ou para o positivo (hipomania e mania), costuma durar de poucos dias a meses”, explica.
Ainda de acordo com a especialista, os portadores demoram para serem diagnosticados, o que aumenta a gravidade dos episódios subsequentes. “O erro mais comum é diagnosticar a pessoa como portadora de depressão unipolar, pois muitos episódios hipomaníacos passam despercebidos pelos indivíduos, que costumam se lembrar deles como períodos de maior bem-estar e produtividade”, conta.
Existem 3 tipos de transtorno bipolar. O tipo 1, normalmente, começa na adolescência e não há diferenças entre os sexos. Ele se caracteriza por episódios de depressão e de manias. Já o tipo 2 acomete duas vezes mais mulheres do que homens e apresenta vários episódios de depressão e hipomania. “Esse tipo é mais frequente do que o um e aparece por volta dos 22 anos de idade”, destaca a psiquiatra. O terceiro tipo apresenta quadros subsindrômicos de hipomania, com menor número de sintomas ou episódios com menor tempo de duração.
Um sinal interessante é que os portadores de transtorno bipolar começam a sentir menor necessidade de sono, ficam mais dispostos, mais animados, mais incansáveis. “Esse costuma ser o primeiro sinal”, alerta a médica. O transtorno bipolar é uma doença que atinge mais os jovens, sobretudo entre os 15 e 25 anos. “Contudo, o último estudo epidemiológico apontou para um pico tardio entre 45 e 55 anos.”
O tratamento padrão é feito à base de carbonato de lítio, que estabiliza as membranas neuronais e impede que haja disparos. “Ele é indicado em todas as fases e para a manutenção, impedindo novos episódios”, explica a psiquiatra e docente do curso de Medicina da PUC-SP. Também existem outros tratamentos com anticonvulsivantes e antipsicóticos atípicos. A ideia, segundo a médica, é tratar o episódio e evitar recorrências. “Em torno de 80% dos pacientes conseguem recuperação funcional e sintomatológica”, revela.
Segundo Elaine Henna, o tratamento vai além dos remédios. “Ele envolve uma rotina em horários para dormir e alimentar-se; a prática de atividade física regular e a psicoterapia, uma vez que o transtorno bipolar é uma doença muito vulnerável ao estresse”, finaliza.