Jornal da PUC-SP

Em 2019, um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) mostrou que cerca de 820 milhões de pessoas no mundo sofrem com a fome e cerca de 2 bilhões de pessoas possuem insegurança alimentar moderada ou grave. O Brasil que havia saído do Mapa Mundial da Fome, em 2014, está voltando para a lista. Atualmente, mais 15 milhões de brasileiros estão em situação de extrema pobreza, o que aumenta severamente a fome crônica ou absoluta. Mas, além da fome a curva de desnutrição voltou a crescer, assim como a subnutrição e a obesidade como consequências da insegurança alimentar, pois referem-se ao acesso precário a uma alimentação nutritiva. Essa situação se agrava consideravelmente com a pandemia de Covid-19. De acordo com estudo da Oxfam, os impactos sociais e econômicos da pandemia podem levar até 122 milhões pessoas a passar fome, sendo que entre cerca de 6 a 12 mil pessoas podem morrer de fome, por dia, até o final de 2020. Os países mais pobres são os mais prejudicados pela diminuição das exportações de países mais desenvolvidos, os quais temem um possível desabastecimento nacional. Em vários lugares do mundo, produtores agrícolas se desfazem das sua produções, porque não há para quem vendê-la. Esse cenário é um exemplo das contradições do capitalismo mais revoltantes. Diante disso, quais as possíveis soluções a curto, médio e longo prazo para lidar com esse flagelo da humanidade? Para discutir a questão da fome em perspectiva internacional, a oitava edição do Terra em Transe receberá Thiago Lima, professor de Relações Internacionais, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública e Cooperação Internacional da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e coordenador do FomeRI, Grupo de Pesquisa sobre Fome e Relações Internacionais, da mesma instituição. Thiago tem uma trajetória de pesquisa dedicada ao estudo da fome e da segurança alimentar nas Relações Internacionais e é um dos maiores especialistas brasileiros neste campo.