4° encontro do GPRR abre espaço para novo modelo de compreensão racial

O Grupo de Pesquisa de Relações Raciais da PUC-SP convidou o Dr. Osvaldo José da Silva para discutir a condição do negro no Brasil e no mundo

por Redação | 18/06/2024

Texto por: Rafael Luz Assis, estudante da PUC-SP no curso de jornalismo

O Grupo de Pesquisa Relações Raciais Sobre o Racismo e Seu Enfrentamento em Múltiplas Dimensões: “Cooperação, Projetos e Agendas da África e das Diásporas Africanas” coordenado pela profa. Lucinéia Rosa dos Santos (Direito), recebeu no dia 8/6/2024 o Dr. Osvaldo José da Silva para conversar sobre seu novo livro, “A condição do negro: uma compreensão arendtiana”.

Silva, que entre outras formações tem seu doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), trabalha hoje em uma tese de pós-doutorado discutindo a condição dos negros só que com uma visão até então pouco explorada. Hannah Arendt que foi uma filósofa política e teórica social que não teve o racismo como tema principal de sua obra, mas serviu como inspiração do Dr. devida a sua forma de pensar sem corrimão e de forma alargada. O autor nega a razão cartesiana de análise e decreta a derrota do homo faber.

A obra: "A Condição do Negro: uma compreensão arendtiana”, possui o desafio de dialogar com o universo acadêmico, e com a sociedade civil sobre a negritude, a partir de pressupostos dos diferentes modelos hegemônicos estabelecidos [...] na busca do pensar sem corrimão e de forma alargada” conta Osvaldo José da Silva ao Agemt.

A partir dessa concepção o pós-doutorando traz ao debate visões pouco usuais como pensar o negro como o “Colonizador do Brasil”. O escravizado que chega da África é quem trabalha a terra, vive as cidades, traz toda sua tradição e conhecimento culinário, enfim, mesmo com essa vinda criminosa e forçada, os verdadeiros desenvolvedores do que entendemos hoje como “cultura brasileira” são negros escravizados. Essa dualidade entre colonizador e escravizado é abordada em seu livro.

A obra discute também a ideia de labor-trabalho-ação, na busca por compreender a concepção diferente que o homem negro tem sobre labor e trabalho e sua óbvia contradição com o entendimento capitalista de produção.

O encontro na PUC foi promovido pelo Grupo de Pesquisa Relações Raciais Sobre o Racismo e Seu Enfrentamento em Múltiplas Dimensões: “Cooperação, Projetos e Agendas da África e das Diásporas Africanas”, que no segundo sábado de cada mês traz um convidado para palestrar, seja este uma pessoa física ou uma instituição parceira de pesquisa para trocar ideias e conceitos no sentido de enriquecer o debate racial no Brasil. 

Sobre a presença no encontro Osvaldo diz: “(procurei) retomar o diálogo com grupos da comunidade negra para abrir o debate acerca da questão central colocada na obra: o negro brasileiro como protagonista, não reconhecido, na formação da sociedade, e suas lutas para superar o racismo”.

Nesse sentido eventos como esse não só discutem novas formas de pensarmos a estrutura racista de uma sociedade, como aproxima os indivíduos negros e instiga a conversa sobre as mazelas sofridas, e o mais importante que é a discussão dos caminhos a percorrer para reverter essa condição criminosa.

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