PUC-SP na Mídia: Por que medalha de Nossa Senhora das Graças é "milagrosa"?
Participação do prof. Felipe Cosme Damião Sobrinho (Teologia)
Atividade aconteceu no dia 23/4, no bairro Belenzinho, em São Paulo
Alunos da disciplina Teologia em Diálogo com a Comunicação e a Arte, do curso de Jornalismo, realizaram uma atividade extensionista na instituição Casa de Clara, que acolhe pessoas idosas em situação de vulnerabilidade.
A atividade aconteceu no dia 23/4, no bairro Belenzinho, em São Paulo. Durante a visita os estudantes conversaram com os idosos e fizeram uma reportagem sobre o cotidiano neste local e a experiência de contato com os mesmos.
Atividade extensionista da PUC-SP leva alunos para conhecer a Casa de Clara, em São Paulo.
Por: Clara Mattoso, Henrique Rodrigues, João Pedro Stracieri, Khauan Wood, Laura Vieira, Lucca Cantarim, Matheus Henrique, Mayara Pereira, Nathalia de Moura, Nicole Domingos, Pedro Camargo Netto, Pedro Bairon, Rafael Assis, Victória da Silva, Vitor Nhoatto
No último dia 23 de abril, a turma JOR-VA2 do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi até a Casa de Clara na zona leste da capital paulista, instituição que atende idosos com mais de 60 anos, vinculada à Ação Social Franciscana para conhecer as atividades culturais e educacionais do espaço. O momento fez parte de uma atividade de extensão promovida pela disciplina de Teologia em Diálogo com a Comunicação e Arte, ministrado pela profª Solange A. Novaes.
O que é o Sefras
O Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) é uma organização social fundada em 17 de setembro de 2000, a partir dos princípios franciscanos, trabalhando com o embasamento de acolher, cuidar e defender. A instituição atua todos os dias no combate às violações de direitos e pela inserção econômica e social de populações vulneráveis: pessoas idosas, migrantes e refugiados, crianças e adolescentes, população em situação de rua e pessoas acometidas pela hanseníase.
Segundo o site da organização “O Sefras também atua em frentes nacionais e internacionais, na articulação e proteção de defensores de direitos socioambientais na Amazônia brasileira, na promoção do trabalho decente no Brasil e no diálogo para a crise multidimensional (ecológica, climática, financeira, política e social) com setores da sociedade civil latino-americana e africana”.
Tudo começou em 1209, quando Francisco de Assis iniciou um estilo de vida que ajudasse mais as pessoas necessitadas, junto às periferias e hansenianos de sua época, e em 1640 chegam em São Paulo frades fundadores do convento de São Francisco, que finalizam a sua criação sete anos depois na Vila de Piratininga. Ali viviam e dividiam o que tinham com os mais necessitados próximos ao local.
E assim, em 2000, por conta da província da Imaculada Conceição do Brasil cria-se o Sefras, uma forma de organizar as ações sociais e assistenciais dos frades em seu território de atuação.
Com 23 anos de existência, a organização humanitária já amparou milhares de vidas com seus projetos. Segundo relatório do Sefras de 2023, cerca de 4 mil pessoas são atendidas por dia nas unidades distribuídas pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina e Paraná. Dentre as ações recorrentes, destacam-se a arrecadação de mantimentos e doações financeiras para ajudar os mais necessitados e a distribuição de refeições gratuitas em várias regiões durante o ano todo.
Para atender crianças e adolescentes, o Sefras possui o projeto Perfeita Alegria e com duas unidades em São Paulo e três no Rio de Janeiro. Na capital paulista, a unidade do Jardim Pery Alto, na zona norte, recebe 120 jovens, entre 6 e 16 anos, oferecendo oficinas, rodas de conversa e passeios culturais.
O Sefras Perfeita Alegria - Luz, localizado na área central da cidade de São Paulo, é destinado à convivência e atendimento de crianças e adolescentes em situação de rua. Aberto todos os dias das 08h às 20h, garante cuidados básicos e atividades recreativas e socioeducativas a esse público. Já no Rio de Janeiro, a unidade de Petrópolis propõe algo parecido com a do Jardim Pery Alto, despertando as potencialidades e as capacidades criativas e produtivas dos participantes de 4 a 18 anos.
As unidades de Tanguá e Duque de Caxias, também no Rio, atendem ao público infantil de 0 a 4 anos, promovendo um ambiente protegido e saudável e atividades que fortalecem o convívio familiar. Em Tanguá, também são atendidas 22 meninas de 5 a 14 anos. Já em Duque de Caxias, o projeto acolhe 55 crianças.
Os Centros de Convivência e Apoio à Pessoa Idosa, chamados Casas de Clara, localizam-se no Belém, na zona leste de São Paulo e nas cidades de Pindamonhangaba e Mogi das Cruzes, também no estado de São Paulo. Seu público são pessoas idosas de 60 anos ou mais e promovem atividades que contribuam para um envelhecimento saudável, desenvolvimento da autonomia, fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, além de prevenir o isolamento e situações de risco social.
Conhecido como Casa de Assis, o Centro de Acolhida ao Imigrante recebe 110 refugiados e pessoas que solicitam refúgio, disponibilizando acomodação, alimentação e atendimento psicológico, social e jurídico. Já o Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (CRAI) Oriana Jara, tem o objetivo de promover os direitos dos imigrantes no Brasil através de uma perspectiva de direitos humanos para a integração social, produtiva, política e cultural dos atendidos. O CRAI também atua, juntamente com às comunidades, sociedade civil em geral e ao poder público, com a construção de políticas públicas de proteção ao migrante. Os dois projetos ficam na Bela Vista, região central de São Paulo.
No final de 2019, o Sefras assumiu o comando da Casa de Alice Tibiriçá, cujo objetivo é apoiar pessoas acometidas por hanseníase, doença infecciosa crônica e incurável que causa, sobretudo, lesões de pele e danos aos nervos. Localizada no Ipiranga, zona Sul de São Paulo, eles trabalham pelo combate e eliminação da doença no Brasil, com os valores franciscanos de solidariedade e o compromisso com os menos favorecidos, por meio do cuidado, da escuta, acolhida, defesa e apoio social às famílias pobres acometidas pela hanseníase.
A organização possui quatro serviços voltados ao acolhimento à população em situação de rua. No centro da capital paulista, o Núcleo de Convivência para Adultos em Situação de Rua, conhecido por Chá do Padre, atende aproximadamente 700 pessoas, de 18 e 70 anos e oferece apoio social e jurídico, além de atividades socioeducativas, políticas, culturais, incentivando a construção de políticas públicas e fóruns de discussão a esse segmento.
Já o Serviço Franciscano de Apoio à Reciclagem (Recifran), no bairro da Liberdade, garante atividades de inclusão produtiva para 60 pessoas, com o intuito de inseri-las no mundo do trabalho e construção de sua autonomia. Durante a pandemia, o Sefras criou a Casa Franciscana, também na Liberdade, ampliando os trabalhos de ações de assistência social, de distribuição de alimentos e de 600 refeições diárias devido à emergência da época.
Além das casas que acolhem essa população, em 2021, o serviço passou a ser móvel. O Centro de Promoção e Defesa dos Direitos da População em Situação de Rua (CPD PopRua) atende diversas regiões da cidade e de forma humanizada, encaminha denúncias de violações em direitos humanos. No centro do Rio de Janeiro, a Casa Franciscana distribui, todos os dias, refeições a mais de 200 pessoas, além de promover ações de prevenção e cuidado a todos eles.
Ao fazer parte da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, da Ordem dos Frades Menores e possuir várias parcerias, a atuação da instituição também atravessa oceanos. A rede franciscana funciona em países como Angola, Alemanha e Estados Unidos, além de constituir a ONG com sede em Nova Iorque, Genebra e Bangkok chamada Franciscans International.
Em território nacional, a atuação consistente e humanizada do Sefras o faz ser reconhecido com o recebimento de prêmios e aparições na mídia. Em 2018, o Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes da instituição franciscana obteve menção honrosa pela Secretaria de Governo da Presidência da República. Por dois anos consecutivos recebeu o Selo Municipal de Direitos Humanos e Diversidade em São Paulo e possui ao todo 15 premiações brasileiras atualmente.
O que é a Casa de Clara
Fundada em 1996, a Casa de Clara, localizada na rua Serra de Jairé, no bairro do Belenzinho, na cidade de São Paulo, é apenas um entre vários projetos sociais do Sefras e busca fornecer um local seguro para a convivência dos idosos, que têm suas necessidades e vontades ignoradas pela sociedade e, muitas vezes, por seus próprios familiares. Também são incentivados a se engajarem em atividades políticas com a intenção de alcançarem maior representatividade e lutarem por seus direitos
O centro atende pessoas com mais de 60 anos e prioriza pessoas em situação de vulnerabilidade social, como os cadastrados no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). Atualmente contam com mais de 100 inscritos, sendo necessário entrar em uma fila de espera para uma vaga. O fato de se manterem em capacidade máxima atesta não só a importância desta iniciativa, como a urgência da criação e expansão de projetos similares para atender esta camada da população.
A Casa é importante na acolhida e recepção dos idosos, todas as atividades oferecidas são pensadas exclusivamente para os idosos, considerando suas limitações físicas e de saúde. Tudo é feito com muita responsabilidade para que nenhum frequentador se machuque ou se prejudique, sendo uma organização sem fins lucrativos, é mantida, majoritariamente, por parcerias públicas e doações.
Regina que frequenta a casa há três anos, diz que foi muito bem recebida e acolhida por todos ali; Rita, outra frequentadora da casa, comenta sobre seu ânimo em visitar
a instituição do Sefras: “A gente acorda de manhã e já está focado em tomar banho, trocar de roupa e ir para a Casa de Clara”.
No espaço, a reinserção social é um processo individualizado, moldado às necessidades, desejos e habilidades de cada idoso. Através de uma avaliação minuciosa, é traçado um Plano Individualizado de Atendimento (PIA) que serve como bússola nessa jornada. A reinserção social na Casa de Clara é um caminho gradual e contínuo, que depende do compromisso e colaboração do idoso, da família e da comunidade. Eles oferecem um ambiente acolhedor, ferramentas individualizadas e o apoio necessário para que cada idoso viva com mais autonomia, qualidade de vida e participação social.
A Atividade extensionista
Uma turma de estudantes do segundo semestre de Jornalismo da PUC-SP visitou o local e pôde constatar a importância daquele local para o público atendido.
Os idosos participavam de uma atividade de ritmo, uma das 48 oficinas semanais do projeto. A aula de percussão foi toda pensada de forma a respeitar as dificuldades de cada um, contando ainda com a participação dos puquianos.
Ao fim da aula foi organizada uma roda de conversa entre alunos e idosos, com uma evidente metáfora naquele espaço: a geração mais velha compartilhando experiências com quem ainda tem muito a viver e aprender na vida.
Várias histórias foram contadas ali, muitas formas diferentes que a Casa afeta a vida dos idosos, que manifestam de diversas formas o quanto se sentem abandonados por suas famílias. Rita diz que o filho até mora com ela, mas trabalha viajando e por vezes passa meses sem voltar para casa.
Ela nos traz uma outra visão do projeto, segundo ela, aprendeu a fazer tricô e pequenas bijuterias no espaço, com esse aprendizado, gera renda vendendo esses produtos. Tadeu frequenta a casa há um ano e meio, participa do teatro em dois papéis aparentemente contrários, em um é o policial e no outro traficante. Segundo ele, que trabalhou a maior parte da vida na administração do Corinthians, fala orgulhosamente que o espaço tirou ele do bar e ajudou a se descobrir como ator, mesmo que não profissional. Além disso ele descobriu um amor, na sua primeira visita ao espaço conheceu Miriam e estão namorando desde então.
A Casa de Clara é uma nova oportunidade para essas pessoas, para cantar, dançar, atuar ou tricotar. Acima de tudo, é uma nova oportunidade que idosos têm de estar em companhia, valorizar-se e apreciar a vida.
Esta matéria foi produzida como parte integrante das Atividades Extensionistas da disciplina de Teologia em Diálogo com a Comunicação e a Arte do curso de Jornalismo da PUC-SP.
23/04/2024."