Dom Paulo: lançamento de livro no Tucarena

Cardeal Arns detalha em obra as minúcias o trabalho de São Jerônimo com os livros, nos primeiros séculos da era cristã

por Redação | 22/11/2018

Dia 27/11, às 19h30, o Tucarena será palco do lançamento do livro A técnica do livro segundo São Jerônimo (ed. Imprensa Oficial-SP e ed. da Unesp), de autoria de dom Paulo Evaristo Arns. A técnica do livro segundo São Jerônimo é o resultado da tese de dom Paulo Evaristo Arns, defendida na Sorbonne, quando lá se doutorou nos anos 1940. Traduzida para o português, em 1993, a obra foi publicada pela editora Imago e, em 2007, lançada pela Cosac Naify.

Reconhecida como um clássico, a Imprensa Oficial de São Paulo (IO) e a Editora Unesp trazem agora uma nova edição desse importante trabalho dedicado à evolução da construção do livro, sobre o tipo de suporte utilizado desde os seus primórdios, do papiro aos pergaminhos, as tabuletas de cera, os códices, suas formas de divulgação oral, o ditado, as publicações ao tempo de São Jerônimo. Discutem-se ainda nesta tese a autenticidade dos livros e a adulteração dos escritos, suas cópias, preservação, a publicação, à revelia do autor, e tantos outros tópicos que servem à discussão da natureza dos livros até nossos dias.

São Jerônimo foi um dos doutores da Igreja, tendo traduzido a Bíblia para o latim. No Renascimento, foi considerado o patrono dos humanistas, admirado por Erasmo de Roterdã. Foi um dos santos ao qual se dedicaram grandes artistas, enquanto objeto de sua pintura. O escritor Kenneth Clark dedica um capítulo a esse respeito, em sua obra Civilização.

O objetivo da tese de dom Paulo, como destaca o professor e crítico literário Alfredo Bosi em seu prefácio, “era descrever com exatidão filológica todo o longo processo de composição da escrita, acionado nos primeiros séculos da era cristã”.

Nesta edição estão reproduzidas obras de Van Eyck, Caravaggio, Veronese, Rembrandt, De La tour, entre outros, retratando São Jerônimo, permitindo ao leitor, ao final do livro, avaliar sua importância na história da pintura e na formação da civilização ocidental.

O que há ainda de original é a tradução de todas as citações constantes da tese de dom Paulo, do latim, do grego, do alemão, as quais, nas edições anteriores, haviam permanecido em seu idioma de origem.

O posfácio do professor e sociólogo Luiz Eduardo W. Wanderley (PUC-SP) traça um perfil de dom Paulo como personalidade carismática e ecumênica que foi, não apenas para a história da igreja no Brasil, mas principalmente por sua atuação nos anos mais obscuros da ditadura, marcando seu protesto, sua solidariedade aos oprimidos, suas ações decididas e sem resquício de medo, ao enfrentar o establishment, fazendo por ser lembrado como defensor dos direitos humanos e amigo do povo, como ele próprio se exprimiu e sempre desejou.

Sobre o autor - Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016) foi cardeal e arcebispo emérito da cidade de São Paulo. Escreveu mais de 50 livros e foi um dos principais nomes na luta contra a ditadura civil militar (1964-1985); ficou conhecido como o “Cardeal da Esperança”.

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