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Projeto de pesquisa recebeu apoio da universidade, por meio do edital Pipext (Plano de Incentivo a Projeto de Extensão)
Desde dezembro do ano passado, a jornalista Adriana Teixeira, doutoranda do Pós em Comunicação e Semiótica escreve para o Espaço do Povo, jornal que circula pelos 21 mil lares da comunidade de Paraisópolis, na zona sul da capital paulista. Adriana produz artigos sobre o seu principal objeto de estudo no doutorado: a desinformação científica. Os textos são veiculados na mídia impressa e nas redes digitais.
O espaço cedido à pesquisadora no jornal Espaço do Povo é um dos resultados da investigação de campo iniciada no bairro em novembro do ano passado. Intitulado Pandemia da covid-19: Paraisópolis contra a desinformação, o projeto de pesquisa da doutoranda recebeu apoio da universidade, por meio do edital Pipext (Plano de Incentivo a Projeto de Extensão), em 2021, possibilitando a formação de equipe multidisciplinar de pesquisadores, com a participação de alunos da graduação.
O grupo de investigadores tem a coordenação do prof. Rogério da Costa, vice coordenador da Comunicação e Semiótica, e a participação de William Moussa, da Comunicação e Multimeios, e de Julia Piquet e Lucas Rubini, da Psicologia. “Nesta interação com a comunidade, procuramos entregar para a população o que aprendemos com ela”, diz Adriana, referindo-se à participação como colunista no Espaço do Povo. Os textos, geralmente, são motivados por depoimentos dados pela população.
Organização coletiva e resistência à desinformação
A comunidade de Paraisópolis foi escolhida como território para o estudo do fenômeno da desinformação científica devido à atitude de seus moradores diante das incertezas da pandemia da covid-19, que teve início em março de 2020. “Li numa reportagem que o bairro se movimentava de forma extraordinária para a preservação da vida de sua população, e apresentava baixo número de óbitos na comparação com a média da própria cidade. Para esta organização coletiva, a resistência à desinformação seria fundamental”, conta a jornalista.
A comunidade da zona sul transformou escolas em ambulatórios, para receber os doentes que precisavam ficar isolados da família; criou rede de moradores que atuaram como presidentes de rua, responsáveis pelo monitoramento da vida (física, mental e material) de seus vizinhos; contratou ambulâncias e investiu pesado em comunicação, com o uso de faixas, cartazes, carros de som e mídia impressa e digital que veiculavam mensagens de qualidade sobre o coronavírus.
“Nas primeiras entrevistas, vimos que a preservação da vida em Paraisópolis dependia do combate à desinformação sobre saúde, para que a população pudesse manter-se unida contra a covid-19. A resistência aos discursos da fake news e, consequentemente, a adoção de atitudes de prevenção à doença compunham a organização comunitária”, conta a jornalista e pesquisadora.
O método de estudo de caso orienta o processo de levantamento de dados na comunidade, com a realização de entrevistas individuais e grupos focais e pesquisa nas redes digitais e material de comunicação impresso, além da leitura de reportagens sobre a ação coletiva do bairro veiculadas na imprensa nacional e internacional. Os depoimentos são registrados em áudio, vídeo e fotografia. Além dos relatórios de pesquisa e artigos acadêmicos sobre a ação política de Paraisópolis e a resistência à desinformação sobre saúde durante a pandemia da covid-19, o projeto de estudo contempla produção de vídeo sobre o percurso da investigação de campo e a realização de oficina sobre desinformação científica dedicada aos profissionais de comunicação da comunidade.
Crédito das fotos: Lucas Rubini (aluno de Psicologia)