Durante o 36º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia (CBEM), realizado em Olinda (PE) entre 11 e 15/10, a Faculdade de Ciências Médicas (FCMS) da PUC-SP apresentou aos presentes um júri simulado, centrado no debate sobre esteroides anabolizantes, tema que vem gerando grandes debates entre a comunidade médica e a sociedade brasileira.
O julgamento intitulado "Esteróides anabolizantes em julgamento: explorando os limites da legalidade no uso e na prescrição médica" foi apresentado aos participantes do congresso no dia 14, das 16h às 17h30.
Anteriormente, em 13 de agosto, um julgamento similar foi encenado no anfiteatro da FCMS, servindo como base para a apresentação no CBEM. Ambas as atividades foram planejadas e coordenadas pela professora-doutora Maria Helena Senger e pelo professor-doutor João Carlos Ramos Dias, da Endocrinologia.
O júri simulado incluiu personagens como juiz, advogada de defesa, promotoria, médica prescritora e uma vítima dos efeitos adversos. Segundo os participantes, foi uma forma criativa para informar e provocar uma profunda reflexão sobre os perigos e as implicações éticas e legais do uso de esteroides anabolizantes para fins estéticos.
Nesse debate, palestraram o professor-doutor João Carlos; a professora-doutora Andrea Messias Fioretti, coordenadora do Ambulatório de Endocrinologia do Esporte da Unifesp; as residentes de Endocrinologia da PUC-SP, doutoras Letícia Buzacarini Alvim, Valéria Vázquez Molina e Kahena Ignjatovic Faiçal. Lucas Miranda Capóssoli, aluno da medicina da FCMS e atual presidente da Liga de Endocrinologia de Sorocaba (Lens), representou a nova geração de médicos, já comprometida com questões éticas como esta, do uso indevido de esteroides anabolizantes.
Após o julgamento fictício, uma palestra detalhada expôs os danos potenciais dos esteroides ao organismo. Foram abordados desde problemas cardiovasculares até complicações dermatológicas, hepáticas, reprodutivas e psicológicas. A apresentação de dados recentes sobre a incidência de efeitos colaterais graves causou impacto na plateia, desmistificando a falsa percepção de segurança que muitos usuários têm.
Segundo os organizadores da atividade promovida pela FCMS, a “realização do júri simulado no 36º CBEM foi fundamental para evidenciar a postura ética e legal do Conselho Regional de Medicina, que proíbe a prescrição de esteroides anabolizantes para fins estéticos e de ganho de massa muscular", afirmaram os organizadores em comunicado oficial. Eles também destacaram a relevância do debate frente à recente ação de 34 sociedades médicas, juntamente com a Associação Médica Brasileira (AMB), que acionaram a ANVISA sobre o uso inadequado de implantes hormonais.
A iniciativa da FCMS da PUC-SP também reforçou o movimento #BOMBATÔFORA, alertando sobre os perigos do uso indevido de anabolizantes, especialmente entre os jovens. "Diante do crescente uso indevido dessas substâncias, principalmente entre jovens, foi gratificante poder debater o assunto em profundidade, representando a Endocrinologia da PUC-SP em um evento de tamanha relevância", acrescentou Lucas Miranda.
Uma boa notícia
Em 18 de outubro, três dias após finalizado o Congresso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu uma nova resolução que afeta diretamente as farmácias de manipulação e o uso de implantes hormonais, suspendendo a comercialização, manipulação, propaganda e uso de implantes hormonais manipulados em todas as farmácias de manipulação do Brasil.
A conquista é resultado da pressão exercida por diversas entidades representativas das especialidades médicas, identificando riscos à saúde das pessoas que usam esses produtos. Agora, todas as farmácias de manipulação no Brasil estão proibidas de produzir, vender ou fazer propaganda desses implantes hormonais.
A resolução entrou em vigor imediatamente após sua publicação, ou seja, já está valendo. Assim, se alguém faz uso ou estava considerando usar implantes hormonais manipulados, não poderá mais obtê-los em farmácias de manipulação. É importante consultar um médico especialista para discutir alternativas seguras.
