Grandes reportagens: programa "Histórias Reais" ultrapassa vinte edições

Professores Diogo de Hollanda e Fabio Cypriano encararam o desafio de estrear programa durante a pandemia da Covid-19

por Thaís Polato | 26/10/2021

Começar um projeto novo durante um dos momentos mais difíceis da pandemia da Covid-19 foi o desafio encarado pelos professores Diogo de Hollanda e Fabio Cypriano, em abril deste ano.

Jornalistas e docentes da PUC-SP, ambos estrearam o programa Histórias Reais, transmitido semanalmente pela TV PUC e Canal Universitário, além de disponível na plataforma de streaming da PUC-SP, o PUC PLAY.

O programa já passou das vinte edições, recebendo autoras e autores de relatos de não ficção para contar sobre seus processos de criação, escolha de tema, elaboração do texto e desafios da apuração.

Leia a seguir a entrevista concedida pelos professores:

 

JPUC – Como surgiu a ideia de fazer o programa?

Diogo: No final de 2019, durante uma reunião do departamento de Comunicação, o Julio Wainer, diretor da TV PUC, sugeriu que criássemos programas relacionados a Jornalismo e eu e Fabio ficamos de apresentar uma proposta. Veio a pandemia em 2020, atrapalhando novos planos, mas, em 2021, conversamos e achamos que era hora de começar. Definimos o conceito, em fevereiro deste ano, e o Julio topou.

JPUC – O que a pandemia representou de desafio?

Fabio: Creio que foi urgente pensar novos projetos durante a pandemia, ampliando horizontes a partir das ferramentas que descobrimos com o trabalho remoto. No final, gravar os programas como temos feito possibilitou ter participantes de várias partes do Brasil – falamos com Fabiana Moraes no Recife e João Moreira Salles na Bahia, entre outros –, além de vários no exterior, como a Mariana Simões, do podcast Cientistas na linha de frente.

JPUC – Além de vocês dois, mais alguém está envolvido na produção? Os alunos participam de alguma forma?

Diogo: O trabalho é basicamente feito por mim e o Fabio, com o apoio da equipe da TV PUC. Pensamos nos alunos como nosso principal público-alvo.

JPUC – Como vocês definem os entrevistados, que perfil procuram?

Fabio: Nosso objetivo é tratar dos bastidores da elaboração de grandes reportagens, independente do meio, seja em podcast, livro ou mesmo em publicações digitais. Creio que vivemos um momento de grande produção nesta área, com um salto de qualidade por conta dos podcasts narrativos, como o Praia dos Ossos, da Branca Vianna. Tem ainda publicações independentes como Piauí e a Agência Publica, que têm apresentado excelentes reportagens investigativas, além de livros com grandes pesquisas. O programa, então, busca mapear quem está se destacando nessas áreas.

JPUC – Quais os principais desafios que vocês enfrentaram nestes 20 primeiros programas da série? E quais as principais conquistas?

Diogo: Temos uma grande preocupação em buscar representatividade. Falar de debates urgentes no país como questões em torno dos povos ancestrais, do racismo, do feminismo, e dos preconceitos, além da própria política do momento presente, que envolve até a perseguição aos cientistas.  Para tudo isso, há muita gente com ótima produção e nosso desafio tem sido criar um balanço para que haja diversidade nos temas. Entre as conquistas está a de receber muitos ex-alunos da PUC-SP, como a Natalia Viana (Dano Colateral), o João Abel (Bicha! Homofobia Estrutural no Futebol), Luis Bolognesi (A Última Floresta) e Bruno Paes Manso (A República das Milícias).

JPUC – Como tem sido o retorno do público?

Fabio: O programa é feito em primeiro lugar para a comunidade da PUC-SP, especialmente nossas alunas e nossos alunos. Tenho usado programas em debates durante aulas e tem sido muito bom. Para quem faz jornalismo, é essencial entender como se apuram grandes reportagens. Também é muito bom ver alguns programas como o sobre o podcast Retrato Narrada, da Carol Pires, ter mais de 2 mil views.

JPUC – Poderiam contar alguma história de bastidor do programa?

Diogo: Creio que, como somos jornalistas, buscamos ter programas quentes. Recentemente íamos gravar com o Allan de Abreu sobre o livro que ele lançou neste ano, o Cabeça Branca, mas, na semana combinada, ele publicou a reportagem baseada nos Pandora Pappers sobre a empresa off-shore do ministro Paulo Guedes, na revista piaui. Então, minutos antes da gravação trocamos de tema e ele vai gravar outro programa sobre o livro.

JPUC – Vocês já estão pensando em como seguirá o programa depois do retorno ao presencial?

Fabio: Creio que para este programa faz sentido seguir gravando de forma remota, já que amplia o leque dos convidados e facilita todo o processo. A pandemia trouxe alguns aprendizados que precisamos manter.

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