Jornal da PUC-SP

Dar coisas boas aos filhos

Na obra Ética a Nicômaco, Aristóteles assume a postura de um pai preocupado com a educação e felicidade do seu filho. Até aí, nada novo! Afinal, que pai não deseja ao filho uma boa educação e que seja feliz? A questão é o que se entende por boa educação e o que significa ser feliz. No Novo Testamento, Jesus faz uma afirmação que ilumina a pergunta: “se vocês que são maus desejam coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai que está no céus!” A partir de Cristo, aprendemos que nem o pecado original, capaz de quebrar a ordem universal, conseguiu romper os laços parentais. E de tal modo isso está inscrito em nossa alma, que quando vemos algo contraditório a tais vínculos, somos alfinetados pelo espectro da desumanidade. Jesus, com esta dupla declaração, aponta para o alto: sabemos dar coisas boas aos nossos filhos.

Nessa casa nossa, a PUC, muitos homens devotam a vida tendo em vista não boletos ou sucesso profissional, nem qualquer outra vanglória, senão dar uma vida digna e próspera a seus filhos. A dúvida de Aristóteles possui tantas respostas em nossa Instituição quanto o número de pais que aqui trabalham e estudam, e que, como disse Jesus, querem dar coisas boas a seus filhos. Esse afeto pelos filhos dá sentido à vida, pois nos faz imitar ao Criador. Faz transcender boletos e dissabores do cotidiano; orienta para o alto e, se se deixar modelar pelo Espírito, faz tocar a Deus. E esse sentido responde, no meu entender, as inquietações de Aristóteles.

No dia dos pais, gostaria de convidar a todos para fazer uma prece em favor daqueles pais que passam por aflições. Que nossa solidariedade os alivie. E nesse espírito comemorativo, de parabenizar todos os pais da PUC. Que tenham a capacidade de transmitir aos seus filhos mais que bens e conhecimento: a força e o desejo de chegar alto, mas não segundo critérios mundanos, mas de acordo com o Espírito divino, aquele dom dado pelo nosso bom Pai que está nos céus.

Pe. Rodrigo Vilela.