Neurocirurgia de hoje e do amanhã

Participação do prof. Paulo Henrique Pires de Aguiar (Medicina)

por Redação | 28/04/2022

Por: prof. Paulo Henrique Pires de Aguiar, graduado em Medicina, residência médica em Neurologia e Neurocirurgia, doutorado em Patologia e livre docência - todos na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo -, pós-doutorado na Universidade de Stanford

(Instituto de Cirurgia Pituitária), Califórnia-EUA, é professor-assistente doutor da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP, campus Sorocaba, atua como docente no curso de Medicina e no programa de pós-graduação de Biomateriais e Medicina Regenerativa da mesma universidade.

 

A neurocirurgia caminha a passos largos para uma nova dimensão e um novo futuro, no qual a tecnologia aprendida ao longo de anos vem beneficiar os pacientes portadores de doenças neurocirúrgicas.

No campo da neuro-oncologia, a cirurgia com microscópios de alta magnificação (isto é, grande aumento), aspiradores ultrassônicos, neurofisiologia (para evitar sequelas motoras) e testes neuropsicológicos proveem uma nova esperança no caminho da cura do câncer no cérebro.

Nós podemos pensar que, hoje, os elementos neurocirúrgicos que compõem a cirurgia vascular também são motivo de muito orgulho à comunidade científica, com novos clips, novos materiais para embolização de aneurismas e malformações vasculares, e têm diminuído a mortalidade de pacientes com doenças cerebrovasculares.

Além disso, a cirurgia funcional tem benefícios comprovados no controle da dor e dos movimentos anormais. Ela ganhou avanços surpreendentes com a neuronavegação, com as bombas de morfina e opiáceos e com o implante de eletrodo cerebral profundo, podendo curar pacientes portadores de Parkinson e de dores crônicas gravíssimas, que alteram profundamente a qualidade de vida.

Felizmente, essa tecnologia está disponível em muitos hospitais do SUS, permitindo que o acesso dos pacientes seja ampliado. Da mesma forma, lembramos também que muitas doenças em idosos, como hidrocefalia e hematoma subdural crônico – que, antes, causavam grandes preocupações nas famílias –, atualmente, estão sendo tratadas com equipamentos de alta tecnologia e com um suporte neuro-anestésico muito evoluído, fazendo com que o paciente, mesmo após muitas horas de anestesia, acorde imediatamente ao término da cirurgia e possa ir para a UTI, sem necessidade de respirador mecânico, ou para o quarto.

As cirurgias realizadas em nervos (fora do sistema nervoso central) e a cirurgia robótica são, hoje, muito evoluídas e seguras e nos permitem colocar braços robóticos e reimplantar membros (braços, mãos, dedos) com absoluta precisão e segurança. Muitos desses avanços na neurocirurgia se devem aos conhecimentos da microcirurgia (realizada com auxílio de microscópios), que está muito evoluída atualmente.

A optogenética e a nanotecnologia vêm mostrar que o nosso futuro deve ser norteado nesse caminho, para que possamos cada vez mais, por meio da tecnologia, criar um novo amanhã para os pacientes portadores de doenças neurológicas. Na terapia optogenética, os pulsos de luz controlam a expressão genética e a ativação dos neurônios. A nanotecnologia é uma ciência que se dedica ao estudo da manipulação da matéria numa escala atômica e molecular, lidando com estruturas entre 1 e 100 nanômetros.

Temos, ainda, que considerar que o avanço nas condições hospitalares de atendimento dos transtornos neurológicos nas UTIs em emergências neurológicas, incluindo o auxílio da telemedicina, propiciaram rapidez no diagnóstico e tratamento de pacientes com graves problemas neurológicos. Se antes eles morriam, hoje, eles conseguem se salvar.

Sem dúvida, tivemos igualmente ganhos com a neuro-anestesia, que nos garante cirurgias mais seguras e supervisionadas, de maneira que o doente consegue ter um bom prognóstico nas suas cirurgias eletivas.

Para finalizar, não podemos deixar de ressaltar que a cirurgia da epilepsia tem sido um sucesso e, com certeza, tem propiciado melhora evidente na qualidade de vida dos pacientes que, antes, chegavam a ter centenas de crises epiléticas por dia. Entretanto, esta última técnica ainda se restringe aos grandes hospitais, que têm centro diagnóstico e centro cirúrgico adequadamente equipados, de forma a poder conduzir casos com tal grau de complexidade.

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