Resistência democrática em tempos autoritários
O ano de 2020 tem sido um período de realinhamento na política brasileira. A proximidade das eleições municipais somou-se às disputas pela gestão da pandemia no país intensificando um embate entre os poderes que, no fundo, refletem as divisões da sociedade brasileira. O enfrentamento entre o Planalto e os poderes legislativo e judiciário se exacerbou diante das posições reiteradas de Bolsonaro e dos setores da extrema-direita em seu governo contrárias a certos princípios constitucionais. Em meio aos deslocamentos políticos que ocorrem em Brasília, é possível observar também movimentações da oposição, particularmente no campo das esquerdas. O PT, partido mais importante desse setor, ainda busca se recuperar do golpe que retirou do poder a presidenta Dilma Rousseff e da prisão do ex-presidente Lula. Os demais partidos da esquerda pressionam o PT pela formação de uma frente ampla que possa unir os votos dos setores progressistas, mas convivem com a tensão entre lançar candidaturas próprias e produzirem novas lideranças, ou unirem-se ao PT sob o risco de fortalecer a hegemonia do partido na esquerda.