Terra em Transe - Dinâmicas de conflitualidade em Moçambique

07 de abril de 2021

Moçambique possui uma trajetória recente enquanto nação independente (1975) e, apesar de ter sido retratado como um caso de sucesso pelas instituições financeiras e comunidade de doadores internacionais (principalmente devido ao crescimento econômico registrado a partir dos anos 1990), o país possui baixo índice de desenvolvimento humano (IDH) e alta desigualdade de renda. Desde a luta pela libertação nacional contra o colonialismo português, que começou nos anos 1960, a história de Moçambique tem sido marcada por recorrentes ciclos de violência e conflitualidade. Nos últimos três anos, as Províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, localizadas na região norte do país, têm vivido um acirramento de conflitos entre um grupo de insurgentes chamado Al-Shabaab e as forças militares do estado moçambicano. Em 2019, os insurgentes do Al-Shabaab prometeram fidelidade ao Grupo Estado Islâmico e no início de 2020 divulgaram vídeos que os articulavam a uma agenda jihadista. Os episódios de violência armada e conflito entre o grupo e as forças militares do estado moçambicano são cada vez mais frequentes e, de acordo com o último relatório da Amnistia Internacional, inúmeras violações de direitos humanos já ocorreram. O conflito gerou uma complexa crise humanitária e, segundo dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), já são aproximadamente 700.000 refugiados. O próximo Terra em Transe se dedica a compreender um pouco da atual crise em Moçambique, bem como o histórico de conflitualidade no país e paralelos existentes com outros contextos do continente africano. Participam da discussão: Mariana Bernussi, professora de Relações Internacionais da PUC-SP e Universidade Anhembi Morumbi e doutora em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (UNESP/UNICAMP/PUC-SP); Isabella Lamas, professora de Relações Internacionais da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e doutora em Relações Internacionais pela Universidade de Coimbra (CES/FEUC); e Natália Bueno, investigadora em pós-doutoramento no projecto "CROME – Memórias Cruzadas, Políticas do Silêncio: As Guerras Coloniais e de Libertação em Tempos Pós-Coloniais" (CES) e doutorada em Relações Internacionais pela Universidade de Coimbra (CES/FEUC).

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