Terra em Transe - Dinâmicas de conflitualidade em Moçambique
Moçambique possui uma trajetória recente enquanto nação independente (1975) e, apesar de ter sido retratado como um caso de sucesso pelas instituições financeiras e comunidade de doadores internacionais (principalmente devido ao crescimento econômico registrado a partir dos anos 1990), o país possui baixo índice de desenvolvimento humano (IDH) e alta desigualdade de renda. Desde a luta pela libertação nacional contra o colonialismo português, que começou nos anos 1960, a história de Moçambique tem sido marcada por recorrentes ciclos de violência e conflitualidade. Nos últimos três anos, as Províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, localizadas na região norte do país, têm vivido um acirramento de conflitos entre um grupo de insurgentes chamado Al-Shabaab e as forças militares do estado moçambicano. Em 2019, os insurgentes do Al-Shabaab prometeram fidelidade ao Grupo Estado Islâmico e no início de 2020 divulgaram vídeos que os articulavam a uma agenda jihadista. Os episódios de violência armada e conflito entre o grupo e as forças militares do estado moçambicano são cada vez mais frequentes e, de acordo com o último relatório da Amnistia Internacional, inúmeras violações de direitos humanos já ocorreram. O conflito gerou uma complexa crise humanitária e, segundo dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), já são aproximadamente 700.000 refugiados. O próximo Terra em Transe se dedica a compreender um pouco da atual crise em Moçambique, bem como o histórico de conflitualidade no país e paralelos existentes com outros contextos do continente africano. Participam da discussão: Mariana Bernussi, professora de Relações Internacionais da PUC-SP e Universidade Anhembi Morumbi e doutora em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (UNESP/UNICAMP/PUC-SP); Isabella Lamas, professora de Relações Internacionais da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e doutora em Relações Internacionais pela Universidade de Coimbra (CES/FEUC); e Natália Bueno, investigadora em pós-doutoramento no projecto "CROME – Memórias Cruzadas, Políticas do Silêncio: As Guerras Coloniais e de Libertação em Tempos Pós-Coloniais" (CES) e doutorada em Relações Internacionais pela Universidade de Coimbra (CES/FEUC).