Terra em Transe | Haiti: o golpe de 1991 e suas repercussões internacionais

19 de outubro de 2021

Há 30 anos, quando a América Latina passava pela consolidação dos processos de redemocratização na região, o Haiti sofreu um duro revés, com um golpe militar que retirou o primeiro presidente democraticamente eleito do país, Jean-Bertrand Aristide. Os anos de ditadura que seguiram aprofundaram as desigualdades e misérias no Haiti e foram marcados por amplas violações de direitos humanos, como massacres e prisões em massa de opositores. O contexto global, da chamada "nova ordem mundial", de ascensão dos valores liberais e do capitalismo, deu início, também, a amplas expansões nas doutrinas de intervenção multilateral, calcadas na ideia da reconstrução internacional de Estados e Sociedades. Nos EUA, superpotência inconteste à época, a intensificação do fluxo de refugiados haitianos e as políticas de repatriação forçada do país mobilizaram amplos setores da sociedade norte-americana e redes de solidariedade internacional. Com importante atuação do próprio Aristide, as considerações humanitárias e geopolíticas dos EUA somaram-se, e ajudaram a criar, em 1994, a primeira e única operação de paz da ONU a ter como objetivo declarado a mudança do regime de um Estado. Desde então, o Haiti passou por contínuas turbulências e outro longo processo de intervenção internacional multilateral (2004-2017), mas a reconstrução e a estabilidade publicamente almejadas continuam não se concretizando.

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