Estudo da Faculdade de Medicina da PUC-SP aponta uso excessivo de telas por crianças de até dois anos

Pesquisa enfatiza a necessidade de melhor disseminação das orientações pediátricas sobre o uso de telas por crianças pequenas

por Redação | 22/04/2024

Um estudo realizado por estudantes e docentes da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) revelou um padrão preocupante de uso excessivo de dispositivos de mídia entre crianças de zero a dois anos de idade, faixa etária em que esse hábito é contraindicado pelas referências pediátricas.

Segundo a médica Inês Maria Crespo Gutierres Pardo, mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela Unicamp, doutora em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Estadual de Campinas e docente do Departamento de Reprodução Humana e Infância da FCMS/PUC-SP, o uso de dispositivos de mídia é contra indicado pelas referências em pediatria para os menores de 2 anos, porém, essa não é a realidade observada no cotidiano das crianças brasileiras.

O estudo foi realizado pelas alunas do curso de Medicina da FCMS, Beatriz Ramos, Ana Stanzani e Aline Iorio, sob a supervisão da professora-doutora Inês Crespo, e premiado durante o XVI Congresso Gaúcho de Pediatria, realizado entre 4 e 6 de abril em Porto Alegre (RS).

A pesquisa, de natureza transversal, foi conduzida por meio da aplicação de questionários a 50 acompanhantes de crianças nessa faixa etária internadas em um hospital público. Os dados coletados abrangeram o perfil de utilização de mídia, o conhecimento dos responsáveis sobre o tema e a classe socioeconômica dos entrevistados.

Os resultados mostraram que 100% das crianças já haviam iniciado o uso de dispositivos de tela, sendo a televisão o mais utilizado (80%). A idade média das crianças era de 12 meses, com um uso médio de 46 minutos diários, embora 14% delas usassem por 2 horas ou mais. Além disso, 34% possuíam dispositivos no quarto, e 26% usavam alguma tela durante as refeições.

Quanto ao conteúdo assistido, 58% das crianças preferiam desenhos animados, e 22% delas não trocavam a tela por outra atividade, mesmo com a supervisão de 100% dos responsáveis, conforme relatado. Surpreendentemente, 10% das crianças possuíam perfis em redes sociais.

O estudo também revelou uma lacuna significativa no conhecimento dos responsáveis sobre as orientações pediátricas. Apenas 36% dos entrevistados estavam cientes das recomendações, e apenas 12% receberam essas informações em consultas com pediatras. A média de tempo considerada adequada pelos responsáveis foi de 1,78 horas, superior às diretrizes médicas.

Não foi observada correlação entre a classe social e o tempo de uso, com a amostra distribuída entre as classes A (4%), B (16%), C (68%) e DE (12%). A conclusão do estudo enfatiza a necessidade de melhor disseminação das orientações pediátricas sobre o uso de telas por crianças pequenas, tornando-as parte integrante das consultas de puericultura.

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