Laboratório de Anatomia inicia nova forma de conservação
Método mais seguro substitui formol por glicerina e garante mais saúde e bem-estar aos usuários do espaço
Utilizado pelos cursos de Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Engenharia Biomédica, assim como alguns outros de Extensão e Especialização, o Laboratório de Anatomia da PUC-SP, no campus Monte Alegre, vem passando nos últimos meses por mudanças que impactam diretamente na saúde e no bem-estar de alunos e professores.
Desde o início do ano, o material prático de estudo passa por um novo processo de conservação e manutenção das peças, feita agora em glicerina, em substituição ao formol. A qualidade das partes do corpo humano (ossos, músculos, aparelho digestivo, cérebro entre outros) fica mantida, mas elas podem ser manipuladas de maneira mais segura.
Para a professora Noemi Grigoletto de Biase (Fonoaudiologia e Fisioterapia), responsável pelo Laboratório, trata-se de um ganho enorme. “Desde o primeiro semestre, os alunos têm aulas práticas no local. Estas peças são fundamentais para demonstrar a eles as estruturas e o funcionamento do corpo humano”, ressalta Noemi.
Até o ano passado, o material era manuseado pelos estudantes depois de ter sido retirado do formol e passado por uma secagem, mas o processo não eliminava o cheiro forte da substância química. Pelo novo sistema, o material continua sendo recebido através de doação da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS), preparado e dissecado pelos funcionários André Luis da Silva e Emerson de Lima Melo.
Os dois assistentes do laboratório passaram por um curso de reciclagem sobre o manejo e conservação, no campus Sorocaba. “O novo processo é trabalhoso, por envolver diversas etapas, mas já estamos com mais de 70% do acervo do laboratório convertido de formol para glicerina”, explica André. A partir do segundo semestre, somente ambos ainda terão contato com as partes em formol que vierem da FCMS. Isso porque há a necessidade de o Laboratório manter algumas peças no processo antigo, pois são estruturas mais delicadas e que requerem preparo e corte especiais. Nestes casos, no entanto, as peças ficarão dento de um quadro de acrílico que permitirá o manuseio sem contato excessivo com a substância química.
Conscientização e respeito
A professora Noemi ressalta que é feito, junto aos estudantes, um trabalho de conscientização e respeito com o material do Laboratório. Segundo a docente, já no primeiro dia de aula, além de conhecer o espaço físico onde terão aula, os alunos são orientados sobre a importância do respeito ao cadáver.
“Não podemos perder de vista que aquela peça é parte de um ser humano e que está ali para pesquisa. Lembramos os estudantes que esse indivíduo está dando uma contribuição enorme para o aprendizado e para a ciência. Além disso, também ressaltamos que se trata de um material a ser bem cuidado, pois não é algo fácil de se conseguir nem de se preparar para utilização em aula. Felizmente, nunca tivemos nenhum caso de desrespeito, que nunca seria aceito por nossa Universidade”, completa Noemi.