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Temas urgentes, como as atuais crises ambiental e social, devem pautar os próximos anos de formação, atuação e pesquisa da Universidade; desenvolvimento terá como base a sólida história já construída pela PUC-SP até hoje
Passado, presente e futuro da PUC-SP foram celebrados durante a sessão solene realizada, dia 24/8, no Tuca, em homenagem aos 75 anos da Universidade. Participaram o cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo e grão-chanceler da PUC-SP, o cardeal Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito da Arquidiocese de São Paulo e ex-grão-chanceler da Universidade, a reitora Maria Amalia Andery, e os secretários estadual e municipal da Educação, Rossieli Soares da Silva e Fernando Padula Novaes, respectivamente.
Na plateia, estavam presentes membros da Igreja Católica, de outras instituições de ensino superior, integrantes da Reitoria, da Fundação São Paulo, professores, estudantes e funcionários convidados. O evento, que contou ainda com música ao vivo, também foi transmitido pela internet por conta das restrições sanitárias impostas pela Covid-19, e pode ser visto na íntegra, neste link.
Fernando Padula Novaes
Secretário Municipal da Educação
“Os 75 anos da PUC-SP são uma alegria para todos nós”, celebrou Padula. Além de lembrar aspectos da história da universidade na luta pela redemocratização no Brasil, o secretário ressaltou a contribuição da PUC-SP para a qualificação da educação básica no país.
“Durante os últimos 75 anos, os fatos mais importantes ocorridos nesta área talvez tenham sido a conquista da universalização da educação básica e a LDB, em 1996, que trouxe a necessidade de os professores terem formação de nível superior. Naquela ocasião, a PUC-SP, a USP e a Unesp se juntaram à Secretaria Estadual de Educação para criar o programa PEC Formação Universitária, formando mais de cinco mil professores. A PUC-SP deu as mãos à educação pública, ajudando a garantir uma melhor qualidade de ensino aos alunos das escolas públicas do Estado e do município de São Paulo”, ressaltou Padula.
Rossieli Soares da Silva
Secretário Estadual da Educação
“É difícil medir o tamanho de uma instituição como a PUC-SP, onde tantas vidas foram impactadas. São 75 anos de uma história grandiosa, maior do que nossos olhos ou memória podem alcançar”, afimou Rossieli.
Para o secretário estadual, a PUC-SP é um grande exemplo de sucesso e de inclusão no ensino superior brasileiro. Rossieli a coloca ao lado das universidades públicas, no rol das instituições com responsabilidade social.
“Não sou daqueles que acham que universidade é para poucos, ela é para muitos. Todo jovem tem o direito de ir à universidade, seja ela pública ou privada. Neste processo de reinvenção, de dificuldades pelas quais todos nós estamos passando com a pandemia, não sabemos quais instituições sairão do outro lado, nem como elas sairão. Mas tenho certeza de que, pela sua história, por tudo o que a PUC-SP já fez, ela sairá muito mais forte e ajudando a encontrar soluções para o nosso país e para a educação”, ressaltou.
Maria Amalia Andery
Reitora
A reitora Maria Amalia iniciou seu discurso (veja a íntegra neste link) mencionando pesar pelos 575.000 mortos no Brasil pela Covid-19, dentre os quais membros de nossa comunidade. “Sentimos cada perda e nos solidarizamos com suas famílias, seus amigos e colegas”.
No mundo e no Brasil, afirmou Maria Amalia, travamos uma guerra: de assalto e de guerrilha. “São múltiplos inimigos: a doença, a ignorância, a inoperância, a mentira, o descaso, os interesses pessoais e econômicos, os projetos políticos desavisados, perigosos e antidemocráticos. Sabemos que a resiliência é constitutiva da vida e – muito especialmente – da vida humana. Esta tragédia (em boa parte evitável) será superada, embora não possa ser esquecida: precisaremos registrar as perdas das vidas individuais e também construir as histórias (dentro da história) de vitórias e de responsabilidades, de empenho e de culpabilidades. Aí está mais uma tarefa para as universidades”, ressaltou a reitora.
Em seguida, a profa. Maria Amalia fez um resgate da história das instituições de ensino superior no Brasil, desde que se criou a primeira delas, em 1920, a Universidade Nacional. “Inicialmente proibida de constituir universidades no Brasil (na contramão da história das universidades no mundo), a Igreja Católica (que esteve presente na educação superior com escolas isoladas de maneira importante desde os séculos XVII e XIX) finalmente obteve, em 1945, autorização para criar sua primeira universidade, a Universidade Católica do Rio de Janeiro. Já no ano seguinte, em 22 agosto de 1946, cria a Universidade Católica (do Estado) de São Paulo, mantida pela Fundação São Paulo desde outubro de 1946, e logo depois (1947) transformada em Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Somos uma das 10 primeiras universidades brasileiras”, afirmou a reitora.
Na época, o ensino superior no Brasil ainda era realidade para poucos estudantes – a PUC-SP, por exemplo, contava em 1947 com 319 alunos. “75 anos depois, a realidade é outra. São mais de 2.000 instituições de ensino superior, e perto de 300 universidades no Brasil. Os estudantes de ensino superior beiram a casa dos 8 milhões, metade deles matriculados em universidades. E ainda não é suficiente. Perdoe-me o Ministro!”, ressaltou a reitora, que apresentou também os atuais números da PUC-SP: 18.000 alunos, mais de 1.200 professores e mais de mil funcionários; 35 cursos de graduação, 30 de mestrado, 22 de doutorado, 35 de pós-graduação lato sensu, 25 programas de residência médica e 1 residência de enfermagem. Além disso, a profa. Maria Amalia ressaltou que a Universidade presta serviços à comunidade externa nas áreas médica e de saúde, educação, artes, assistência social, atendimento jurídico, e possui profundas e amplamente reconhecidas raízes com a cidade e o país, destacando-se como espaço de acolhida democrática e calorosa a movimentos sociais, artísticos, intelectuais. “Universidade é potência: do conhecimento que soluciona problemas, inclui populações e participa do desenvolvimento social. Universidade é energia: que cria riqueza, possibilidades de justiça e equanimidade, sem temer transformação. Assim é a nossa universidade. De espaço vazio, a PUC-SP se constituiu em cachoeira: forte, potente e bela. Lugar de fruição, admiração, lugar privilegiado para a reflexão e para a descoberta”, disse Maria Amalia.
A reitora também ressaltou que o percurso destes 75 anos nem sempre foi fácil, mas que chegamos ao presente e que, com base nos acertos e erros, nas experiências, nos caminhos criados e nas tradições construídas, é possível projetar o futuro. “Quero falar de esperança”, disse.
A reitora, então, parafraseou Mário Quintana: “Assim como livros, Universidades 'não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas. [As universidades] mudam as pessoas'. As universidades produzem as pessoas que produzem a sociedade. São necessárias, são para muitos, são indispensáveis. Se temos ou ambicionamos ter um futuro como sociedade, precisaremos ter universidades”.
No entanto, disse Maria Amalia, para construirmos um futuro teremos que assumir compromissos e permitir que tais compromissos sirvam de guias, de marcos e de marcas de nossos projetos e ações. Em seguida, a reitora citou alguns deles, chamando-os de guias: a inclusão, o equilíbrio entre reprodução de conhecimentos bem estabelecidos e a construção de novas arquiteturas de pensamento e a participação ativa e substantiva na busca pela solução dos problemas ambientais e pela diminuição acelerada da extrema desigualdade. “Esses são desafios inadiáveis. Podem às vezes parecer intransponíveis. Não são. Mais uma vez, emprestando do alheio, cito Mário Quintana: Não há nada como um sonho para criar o futuro. O que é utopia hoje, pode ser realidade amanhã”.
Cardeal Cláudio Hummes
Arcebispo Emérito da Arquidiocese de São Paulo e ex-grão-chanceler da Universidade
Dom Claudio também celebrou a PUC-SP pelo seu passado, mas quis falar do presente e do futuro da Instituição, impulsionado para isso pelo compromisso atual que tem com a Amazônia – há 10 anos o cardeal atua pela Igreja Católica na região.
“Estou convencido de que a PUC-SP continuará sua missão de cultivar e ensinar as ciências teóricas, abstratas e universais, sem se deixar influenciar por negacionismos infundados. Mas a PUC-SP também deverá sair, como o papa Francisco nos convida todos a fazer, ao encontro da realidade concreta, da comunidade humana, complexa a interpeladora, para escutar e, de novo, escutar. Especialmente as comunidades da periferia, dos pobres, e com elas constituir caminhos novos. É aqui que a Amazônia deveria entrar no foco da nossa PUC-SP”, afirmou.
Para ele, na região se escancara a grave crise ecológica e social pela qual a humanidade está enfrentando. “Uma crise urgente e exigente”, ressaltou.
Em seguida, o cardeal lançou um desafio concreto à PUC-SP, com base no que ficou definido, em outubro de 2019, durante o Sínodo Especial para a Amazônia. Na ocasião, se aprovou a criação da Universidade Católica Amazônica. “Pedimos que as universidades católicas de toda a América Latina, e aqui peço especialmente à PUC-SP, que nos ajudem nesta missão. Desejo, assim, que a PUC-SP construa um futuro diferenciado, porque hoje o mundo nos exige que sejamos mesmo um tanto diferentes”, conclui Dom Claudio.
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo Metropolitano de São Paulo e grão-chanceler da PUC-SP
Dom Odilo ressaltou a importância da celebração dos 75 anos. “É importante sentar marcos no caminho para que se tornem referências ao futuro. Cada geração é chamada a dar sua contribuição para a história da PUC-SP”, disse.
Para o grão-chanceler, as universidades são como um pequeno universo, um espaço aberto para a universalidade, para a diversidade de pensamentos, convicções, contribuições e sonhos. “A PUC-SP também é isso, lugar de sonhar e projetar a sociedade. Quanto mais alto e juntos sonhemos, melhores projetos virão. Queremos construir uma sociedade que olhe com interesse e amor para a Casa Comum, conceito que o papa Francisco usa na Encíclica Laudato Si ao se referir ao cuidado com o planeta”, ressaltou.
O cardeal afirmou ainda que o papa Francisco também nos chama a trabalharmos para um novo pacto educativo para a humanidade, no qual se eduque para aprimorar a convivência social, com base em valores como o diálogo e a dignidade, com base naquilo que somos em primeiro lugar: pessoas humanas e não inimigos concorrentes uns com os outros.
“PUC-SP, esta é a tua vocação: contribuir com sua parte, e à sua maneira, para a formação de pessoas que edifiquem o bem comum, que possam abrir caminhos, que se destaquem por serem lideranças boas, que se manifestem confiáveis na vida pública, na vida política; pessoas que alimentem sonhos e que levem tantos outros a sonhar juntos até que eles se tornem realidade”, celebrou Dom Odilo.
Veja a seguir os depoimentos e cumprimentos enviados à PUC-SP pelos seus 75 anos
Maura Pardini Bicudo Véras
Ex-reitora
Prezados Colegas,
Comunico que, por um imprevisto, não poderei garantir minha presença na data de hoje nas solenidades de abertura das comemorações dos 75 anos da PUC SP.
Agradecendo ao honroso convite, cumprimento cordialmente as autoridades presentes e expresso o desejo de longa vida à nossa universidade querida.
Luiz Eduardo Wanderley
Ex-reitor e professor emérito da PUC-SP
PUC-SP: uma universidade utópica inovadora.
Impossibilitado de estar presente nesta solenidade, cumprimento, na pessoa da nossa querida Reitora Profa. Dra Maria Amalia Andery, toda a comunidade puquiana e os demais presentes.
Esta Universidade completa 75 anos e sua história enfrentou dificuldades que foram sendo superadas progressivamente, tendo sempre o compromisso social como um objetivo central.
Qual é a utopia da PUC hoje e para o futuro?
A utopia comparece como escolha, experimento, alternativa, alguma opção a fazer. Tentando compor os sonhos de asas e raízes, traduzindo o inédito viável freiriano, em todas as latitudes e longitudes, detectando os sinais dos tempos, antecipando metas e caminhos.
Uma democracia universal, o diálogo entre as classes sociais fomentando a inclusão social, o desenvolvimento sustentável e a diminuição das imensas desigualdades da sociedade brasileira, são algumas dessas alternativas.
O enfrentamento desta realidade exige produção de conhecimento e projetos inovadores de construção societária que respondam aos desafios postos no século XXI.
Parabéns para a nossa PUC-SP.
Conselho Federal de Economia – COFECON
Assista aos outros eventos comemorativos
Além da sessão solene, dois outros eventos marcaram a abertura das comemorações dos 75 anos da PUC-SP. Clique nos links para assitir à missa e à mesa-redonda sobre memória e direitos humanos.