Clássico de Tennessee Williams em cartaz no Tucarena

Versão de Anjo de Pedra tem direção de Nelson Baskerville e produção de Rodrigo Velloni

por Redação | 15/03/2022

Está em cartaz no Tucarena, a versão de Anjo de Pedra, clássico de Tennessee Williams (1911-1983), sob direção de Nelson Baskerville e produção de Rodrigo Velloni.

O elenco é formado por Sara Antunes, Ricardo Gelli, Chris Couto, Kiko Marques, Carolina Borelli, Luiza Porto, Thomas Huszar e Selma Luchesi. Completam a ficha técnica Marcelo Pellegrini (música original), Chris Aizner (cenografia e pintura de arte), Wagner Freire (iluminação), Marichilene Artisevskis (figurino) e André Grynwask e Pri Argoud (direção de imagem).

O texto tem tradução de Luis Marcio Arnaut e David Medeiros e adaptação de Nelson Baskerville e Luis Marcio Arnaut.

“Anjo de Pedra” (Summer and Smoke) foi escrita pelo dramaturgo estadunidense Tennessee Williams logo após os grandes sucessos de bilheteria “À Margem da Vida” (The Glass Menagerie) e “Um Bonde Chamado Desejo” (A Streetcar Named Desire).

A obra também lançou a atriz estadunidense Geraldine Page (no papel de Alma Winemiller), ganhadora do Oscar pela versão cinematográfica, e garantiu a Tennessee Williams a tão sonhada estabilidade financeira. O autor é hoje um dos mais montados e premiados em todo mundo e sua produção conta com 32 peças curtas, 7 médias e 24 longas, assim como várias adaptações para o cinema e TV. No Brasil, Anjo de Pedra foi montada poucas vezes, entre elas, a montagem de Cacilda Becker, em 1950, e de Nathália Timberg, em 1960.

 

A história

Verão de 1916. John está de férias da faculdade de medicina. Alma, sua vizinha, apaixonada desde criança por ele, tenta se aproximar. Ela é filha de um pastor anglicano, educada rigidamente, onde tudo é pecado, proibido ou imoral. Com pulsões sexuais reprimidas e comportamento excêntrico, não consegue se relacionar com outros rapazes. Ele, filho do médico da cidade, é uma espécie de playboy, ateu, não apegado a regras e moral, mulherengo e desleixado. O romance entre eles não se desenvolve. Ele acaba se envolvendo com uma moça mais jovem que Alma, porém mais aberta, educada sem a rigidez religiosa e conservadora. Resta para Alma, depois de não ser aceita pelo grande amor de sua vida, a decisão de um final trágico ou libertador.

O projeto desta nova montagem é um desejo antigo do diretor Nelson Baskerville, que convidou Rodrigo Velloni, seu amigo há 20 anos, para produzir a montagem.  “Tenho uma história de amor com ‘Anjo de Pedra’ a montei algumas vezes no Teatro-Escola Célia Helena. Sempre preferi essa obra a outras mais famosas como ‘O Bonde Chamado Desejo’ e ‘À Margem da Vida’.”

“Em toda sua obra, Tennessee disseca a sociedade conservadora dos EUA e a influência desse pensamento sobre a vida das pessoas. Porém, em ‘Anjo de Pedra’ ele o faz de forma mais aguda e quase didática: Alma, a filha de um pastor anglicano é apaixonada desde criança pelo filho do médico da cidade, e através de alguns encontros ao longo da vida vamos percebendo um grande amor crescendo, junto com uma grande diferença comportamental. John é um jovem cheio de vida e a experimenta em toda sua potência, enquanto Alma implode seus desejos e é incapaz de demonstrá-los. Na genialidade de Williams conseguimos acompanhar a história em pelo menos duas camadas: no microcosmo, a impossibilidade de amor entre duas pessoas e, no macrocosmo, a tragédia que ocorre quando a religião (representada por Alma) tenta impor-se à ciência (representada por John)”.

“Esse espetáculo tornou-se imprescindível nos dias de hoje, em que alguns grupos tentaram desacreditar a ciência. Nos EUA de Tennessee, em 1916, onde a peça se passa, John luta para isolar o vírus da gripe espanhola que dizimou 50 milhões de mortos”, conclui Nelson.

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