Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica não tem cura

Participação da professora Sonia Peron, médica pneumologista e assistente da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP

por Redação | 04/11/2022

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), popularmente conhecida como enfisema pulmonar, obstrui as vias aéreas, tornando a respiração difícil. Apesar de não ter cura, os tratamentos disponíveis atualmente conseguem retardar sua progressão, controlar os sintomas e reduzir as complicações. O dia 21 de novembro é dedicado à conscientização desta doença, cuja principal causa é o tabagismo.

“Geralmente, o enfisema pulmonar ocorre juntamente à bronquite crônica. A essas duas enfermidades dá-se o nome de doença pulmonar obstrutiva crônica (ou DPOC). Seus principais sintomas são falta de ar ao fazer esforços – que pode ser causada até com atividades corriqueiras, dependendo da evolução da doença, como trocar de roupas ou tomar banho –; pigarro, tosse crônica e tosse com secreção, que piora pela manhã”, explica a professora Sonia Peron, médica pneumologista e assistente da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP e integrante da área de Pneumologia do Internato do curso de Medicina da instituição.

Normalmente, seu início é lento, mas pode evoluir de modo mais rápido, levando à incapacidade por insuficiência respiratória e óbito.

Outros tipos de fumo, incluindo cachimbo, narguilé, maconha e a exposição passiva também contribuem para causar e piorar a doença. A poluição ambiental, a queima de biomassa – como as queimadas de lavouras e uso de lenha para cozinhar – também entram neste grupo.

“A principal causa do enfisema pulmonar é o cigarro. Existem outros fatores, como a exposição prolongada à fumaça do fogão a lenha e aos poluentes ambientais e, até mesmo, uma forma rara da doença, de origem genética, que acomete pessoas mais jovens”, destaca a especialista.

Outra informação da professora Sonia mostra o potencial destrutivo que o cigarro possui à saúde. “Estudos científicos demonstram que uma tragada de cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas e 1016 radicais livres. A repetição contínua dessas agressões pode lesar as células do aparelho respiratório, provocando o aumento da produção de muco (catarro) pelos brônquios e fibrose dos bronquíolos – a chamada bronquite crônica. Paralelamente, elas provocam a destruição dos alvéolos (região dos pulmões onde ocorrem as trocas gasosas entre o oxigênio e o gás carbônico), que é o enfisema pulmonar.”

Embora a DPOC não tenha cura, os tratamentos disponíveis atuam retardando a progressão da doença, controlando os sintomas e reduzindo as complicações. É fundamental consultar um médico pneumologista para diagnóstico e tratamento adequados. A fisioterapia e os exercícios físicos com orientação profissional adequada de um fisioterapeuta também são aliados do paciente.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo. O cigarro é responsável por 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis.

Destas, o tabagismo responde por 85% das mortes por doença pulmonar crônica (bronquite e enfisema), 30% das doenças relacionadas a diversos tipos de câncer (pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga, colo de útero, estômago e fígado), 25% das doenças coronárias (angina e infarto) e 25% de doenças cerebrovasculares (derrame).

As campanhas contra o tabagismo são feitas mundialmente e o Brasil é referência pelo êxito nas políticas de combate a este problema. Segundo dados do Ministério da Saúde, o país vem registrando uma expressiva redução de fumantes nos últimos 25 anos, que passaram de 43,3% em 1989 para 18,9% em 2013 (homens) e de 27% para 11% (mulheres) no mesmo período.

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