Artigo: "São Pedro e as chaves do perdão nas festas do povo brasileiro"

Autoria do prof. Fernando Altemeyer Júnior (Ciências Sociais)

por Redação | 27/06/2023

O terceiro santo do mês de junho é São Pedro, pescador e apóstolo de Jesus, celebrado particularmente no litoral brasileiro pelo povo caiçara, pescadores e devotos no dia 29 de junho. 

Simão Pedro é seu nome original. Filho de Jonas e irmão de André, ambos originários de Betsaida. É um homem casado que vive da pesca à margem do lago Tiberíades, na Galileia. Recebe de Jesus um novo nome: Képha, que quer dizer “rocha ou gruta de abrigo”, na língua aramaica. Ele receberá o encargo de ser o primaz entre os doze apóstolos para servir na unidade e confirmar a fé do colégio apostólico: o primeiro entre os pares. 

Pedro é o apóstolo que constrói pontes, mas sabe que ele mesmo é frágil e precisa sempre do perdão de Deus. É testemunha privilegiada dos episódios evangélicos, na paixão de seu amado Mestre e na experiência de Jesus que lhe aparece vivo e pleno depois da Ressurreição. Será o primeiro bispo de Antioquia e depois irá para Roma, sendo o primeiro Papa. Jesus lhe perguntará três vezes se o ama. Pedro dirige a igreja nascente e será o primeiro bispo de Roma. Será martirizado em Roma durante a perseguição de Nero. Sua memória é sempre a de um pescador disposto a atirar a rede quando Cristo o ordenar apesar dos ventos contrários. Sua festa é celebrada junto com o apóstolo Paulo como os dois fundamentos ou pilares da Igreja de Cristo. Paulo sistólico e Pedro diastólico. Ambos bombeando o sangue para as fronteiras e retomando a unidade em torno do coração de Jesus.

A devoção popular no Brasil guardou na memória festiva dos três santos juninos (Antonio, João e Pedro) o essencial da mensagem de Jesus: a proximidade do Deus que é Pai na vida, na festa, no trabalho, no pão partido. Exprimiu-se na alegria do povo que, mesmo explorado e machucado pelo cotidiano, faz da festa um intervalo de luz entre as trevas. As festas dos santos juninos exprimem a alma do povo brasileiro de norte e sul do país em seus melhores momentos de partilha ao redor das fogueiras, nas quermesses, pela música dos interiores e sertões, na culinária farta e ao redor das mesas com muita cantoria e compadrio. São prenúncios eucarísticos do Reino de Deus em ação. 

Assim cantamos a bela melodia de Dalva de Oliveira, conhecida como Pedro, Antônio e João: “Com a filha de João, Antônio ia se casar, mas Pedro fugiu com a noiva na hora de ir pro altar. A fogueira está queimando e um balão está subindo, Antônio estava chorando e Pedro estava fugindo. E no fim dessa história ao apagar-se a fogueira, João consolava Antônio que caiu na bebedeira!”. 

Essa é a grande festa popular do povo brasileiro que brinca até mesmo com os santos. Os tres caminham com o povo, são povo, e amigos queridos de todas as horas. São tres santos que vivem tão perto do povo por viver sempre tão perto de Deus. Valei-nos Santos Antonio, João e Pedro. Aqueçam a nossa esperança! Façamos festa. Comamos e bebamos. Deus dança com seu povo

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