Depois de temporada de sucesso de público e crítica, com indicações ao prêmio de melhor atriz para Sara Antunes (APCA e SHELL), o espetáculo "Anjo de Pedra", clássico de Tennessee Williams (1911-1983), sob direção de Nelson Baskerville e produção de Rodrigo Velloni, está novamente em cartaz no Tucarena, .
O elenco é formado por Sara Antunes, Ricardo Gelli, Kiko Marques, Chris Couto, Carolina Borelli, Luiza Porto, Thomas Huszar e Selma Luchesi. Completam a ficha técnica Marcelo Pellegrini (música original), Chris Aizner (cenografia e pintura de arte), Wagner Freire (iluminação), Marichilene Artisevskis (figurino) e André Grynwask e Pri Argoud (direção de imagem).
“Anjo de Pedra” (Summer and Smoke) foi escrita pelo dramaturgo estadunidense Tennessee Williams logo após os grandes sucessos de bilheteria “À Margem da Vida” (The Glass Menagerie) e “Um Bonde Chamado Desejo” (A Streetcar Named Desire).
A obra também lançou a atriz estadunidense Geraldine Page (no papel de Alma Winemiller), ganhadora do Oscar pela versão cinematográfica, e garantiu a Tennessee Williams a tão sonhada estabilidade financeira. O autor é hoje um dos mais montados e premiados em todo mundo e sua produção conta com 32 peças curtas, 7 médias e 24 longas, assim como várias adaptações para o cinema e TV. No Brasil, Anjo de Pedra foi montada poucas vezes, entre elas, a montagem de Cacilda Becker, em 1950, e de Nathália Timberg, em 1960.
A história
Verão de 1916 - John está de férias da faculdade de medicina. Alma, sua vizinha, apaixonada desde criança por ele, tenta se aproximar. Ela é filha de um pastor anglicano, educada rigidamente, onde tudo é pecado, proibido ou imoral. Com pulsões sexuais reprimidas e comportamento excêntrico, não consegue se relacionar com outros rapazes. Ele, filho do médico da cidade, é uma espécie de playboy, ateu, não apegado a regras e moral, mulherengo e desleixado. O romance entre eles não se desenvolve. Ele acaba se envolvendo com uma moça mais jovem que Alma, porém mais aberta, educada sem a rigidez religiosa e conservadora. Resta para Alma, depois de não ser aceita pelo grande amor de sua vida, a decisão de um final trágico ou libertador.
O projeto desta montagem é um desejo antigo do diretor Nelson Baskerville, que convidou Rodrigo Velloni, seu amigo há 20 anos, para produzir a montagem. “Tenho uma história de amor com ‘Anjo de Pedra’ a montei algumas vezes no Teatro-Escola Célia Helena. Sempre preferi essa obra a outras mais famosas como ‘O Bonde Chamado Desejo’ e ‘À Margem da Vida’.”
“Em toda sua obra, Tennessee disseca a sociedade conservadora dos EUA e a influência desse pensamento sobre a vida das pessoas. Porém, em ‘Anjo de Pedra’ ele o faz de forma mais aguda e quase didática: Alma, a filha de um pastor anglicano é apaixonada desde criança pelo filho do médico da cidade, e através de alguns encontros ao longo da vida vamos percebendo um grande amor crescendo, junto com uma grande diferença comportamental. John é um jovem cheio de vida e a experimenta em toda sua potência, enquanto Alma implode seus desejos e é incapaz de demonstrá-los. Na genialidade de Williams conseguimos acompanhar a história em pelo menos duas camadas: no microcosmo, a impossibilidade de amor entre duas pessoas e, no macrocosmo, a tragédia que ocorre quando a religião (representada por Alma) tenta impor-se à ciência (representada por John)”.
“Esse espetáculo tornou-se imprescindível nos dias de hoje, em que alguns grupos tentaram desacreditar a ciência. Nos EUA de Tennessee, em 1916, onde a peça se passa, John luta para isolar o vírus da gripe espanhola que dizimou 50 milhões de mortos”, conclui Nelson.