Estudo da FCMS/PUC-SP expõe falhas na descrição e citação de classificação essencial para tratamento da artrose do joelho

por Redação / ACI PUC-SP | 02/12/2025

Professores e alunos da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP produziram o artigo científico “A classificação de Ahlbäck tem sido descrita e citada corretamente?”, publicado na edição de novembro/dezembro da revista Acta Ortopédica Brasileira. Os autores da pesquisa são os professores-doutores Julio Cesar Galli, coordenador da disciplina de Ortopedia e Traumatologia, e Edie Benedito Caetano, professor titular da área, ambos livres-docentes. Completam a produção os estudantes do sexto ano de Medicina Igor Silva de Novais e Leonardo Altieri Carletti, além do residente de terceiro ano Pedro Rinaldi Alves Cruz, todos ligados à PUC-SP. 

De acordo com o professor-doutor Julio Galli, as classificações da osteoartrose do joelho são essenciais para refletir a perda de cartilagem articular e a gravidade da doença, orientando ortopedistas no manejo do tratamento, especialmente em pacientes que necessitam de cirurgia. 

A classificação radiográfica da gonartrose, proposta por Ahlbäck e Rydberg em 1980, mais conhecida como classificação de Ahlbäck, baseia-se na mensuração da destruição da cartilagem articular e do osso subcondral (camada de osso que fica logo abaixo da cartilagem nas articulações), sendo uma das mais citadas na literatura e frequentemente utilizada para a escolha do tratamento. 

“Realizamos um estudo de revisão sistemática nas bases PubMed, Embase e Cochrane, buscando artigos que utilizaram a classificação de Ahlbäck desde 1987, ano de sua primeira citação, até 2 de janeiro de 2025. Identificamos 266 artigos, dos quais 64 foram elegíveis para nossa pesquisa”, explica.

 

Erros em cascata comprometiam a literatura médica 

“O principal achado da nossa pesquisa foi preocupante”, pontua o professor-doutor Julio Galli. “Pouquíssimos autores descreveram corretamente a classificação de Ahlbäck ou citaram adequadamente o artigo original em que ela foi publicada. Apenas 36,9% descreveram a classificação de forma correta, e somente 20,3% fizeram a citação certa, com as informações precisas da revista em que foi publicada. Pior ainda: apenas 10 artigos da nossa seleção (15,6%) acertaram tanto a descrição quanto a citação. Em 37 trabalhos (58,4%), ambos estavam errados”, enumera. 

Segundo Galli, o problema não para por aí. “Descobrimos que esses 37 artigos com erros foram utilizados como referência por outros 766 estudos. Isso significa que cada artigo com erro gerou, em média, mais de 20 citações incorretas – um verdadeiro efeito dominó. Quando um erro se espalha dessa forma na literatura médica, a qualidade da ciência é comprometida, os estudos ficam inconsistentes entre si, fica difícil comparar resultados e reproduzir pesquisas, e perde-se a padronização necessária para avançar o conhecimento”, alerta.

Na prática clínica, usar corretamente a classificação de Ahlbäck permite que os médicos padronizem os graus da artrose e seu tratamento. Quando há confusão na classificação da doença, fica difícil saber qual é, realmente, o melhor tratamento para cada paciente. 

A íntegra do artigo pode ser acessada clicando aqui.

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