FCMS: genética poderá identificar pessoas propensas a agravamento da COVID-19
Profa. Marta Wey Vieira, pediatra, geneticista e coordenadora geral do Internato da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde aborda o tema
O principal receio das pessoas sobre a Covid-19 é se, uma vez contaminadas, elas terão seu quadro agravado. Alguns artigos científicos que vêm sendo publicados desde o início da pandemia indicam que a genética poderá dar essa resposta.
Segundo a professora-mestre Marta Wey Vieira, pediatra, geneticista e coordenadora geral do Internato da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS), tem sido observado que, em algumas famílias, há mais casos graves e vítimas fatais decorrentes da Covid-19, do que em outras. “É real e faz sentido que a herança genética predisponha a um processo inflamatório mais intenso”, explica.
Um dos artigos que mais repercutiu foi publicado pela revista Nature, em dezembro do ano passado, e liderado por Kenneth Baillie. No estudo, identificou-se que uma mutação no gene TYK2 faz as células do corpo inflamarem com mais facilidade. Com base nisso, pode-se concluir que os portadores dessa mutação integram os grupos de risco e podem ser mais propensos a desenvolver inflamação pulmonar grave.
De acordo com pesquisadores da Higher School of Economics University, em Moscou (Rússia), quando as células T (responsáveis pela defesa contra o vírus) entram em contato com um antígeno, elas são ativadas e tentam exterminar as que foram infectadas, protegendo o corpo contra o coronavírus. O estudo foi publicado no último mês de fevereiro.
Neste ano, outra publicação concluiu que algumas variantes genéticas herdadas dos neandertais podem proteger contra casos graves da doença. Porém, nem todas as pessoas possuem essa defesa natural. O estudo indica que elas são encontradas em apenas 30% dos ascendentes de asiáticos ou europeus e, em menor proporção, em grupos da África subsaariana.
“A reação inflamatória dos infectados pelo novo coronavírus tem a ver com os genes, muitas vezes, dominantes e transmitidos de geração para geração, com 50% de possibilidades de transmissibilidade de pai para filho”, explica Marta Wey.