Medicina da PUC-SP promove ação humanitária em Roraima

Atividade foi realizada em prol dos refugiados venezuelanos idosos

por Redação | 23/09/2024

Estudantes e professores da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP (FCMS) dedicaram a primeira semana de setembro, entre 31/08 e 07/09, ao atendimento de refugiados venezuelanos em Boa Vista, Roraima, oferecendo assistência médica a um grupo frequentemente invisibilizado: idosos que vivem nos abrigos emergenciais da Operação Acolhida.

A Operação Acolhida é uma resposta humanitária do Governo Federal criada em 2018 para responder ao fluxo migratório intenso de refugiados e migrantes venezuelanos na fronteira entre os dois países. É liderada pela Casa Civil da Presidência da República, que coordena as ações de diversos ministérios, entre os quais o do Desenvolvimento Social, da Saúde e Defesa. Conta, ainda, com o suporte de agências da ONU, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), além de diversas organizações não governamentais, como Cáritas, Pastoral do Migrante, Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), AVSI e Fraternidade sem Fronteiras.

A equipe

A professora doutora Maria Beatriz Marcondes Macedo, geriatra e docente da FCMS, e o ortopedista Rodrigo Ernesto Perez, preceptor da Residência Médica e da graduação da faculdade, assim como onze estudantes do curso de Medicina, formaram a expedição que partiu de Sorocaba rumo a Boa Vista. Lá, eles se dedicaram a atender os refugiados idosos instalados nos abrigos Rondon 1, Pricumã, Rondon 5, Jardim Floresta e Tuaranoko, estes dois últimos indígenas, majoritariamente do povo Warao.

Integraram a missão os estudantes do 10º semestre do curso de Medicina, Matheus Lucena de Macedo, Poliane Stefani Siqueira da Costa, João Otávio Lima Oliveira, Ana Carolina Melo Stanzani, Júlia Mores Schumacher, Amanda Mello Pinheiro, Ana Paula Vilella de Faria, Beatriz Zurma Parri e Enzo Garcia Prado; juntamente aos colegas do 12º semestre, Jessica Moraes de Souza e Priscila Mariana Castro; e Cassy Grant e Carolina Montaño, respectivamente, Assistente Sênior de Assuntos Indígenas e Associada de Proteção do ACNUR.

Objetivo

Segundo a professora Maria Beatriz, a migração de pessoas venezuelanas com mais de 60 anos de idade vem aumentando e, na tentativa de minimizar os impactos negativos à saúde desse público, foi feita a proposta de realizar a avaliação dos idosos desacompanhados e/ou em situação de maior vulnerabilidade, indicados pelas equipes gestoras dos abrigos emergenciais. “Queríamos reconhecer suas necessidades mais prementes e as capacidades funcionais individuais, ou seja, independência em atividades de vida diária, capacidade cognitiva e estado emocional, acuidade visual e auditiva, estado nutricional, mobilidade e ocorrência de quedas e doenças crônicas, além de rastreamento de doenças consumptivas como neoplasias”, explica.

A partir da avaliação geriátrica ampla, objetivou-se, ainda, que os idosos iniciassem o tratamento médico necessário e fossem encaminhados para exames e acompanhamento na rede de saúde local.

Carências que vão além do aspecto financeiro

A iniciativa surgiu a partir de um caso de um idoso refugiado venezuelano, desacompanhado e com demência, que se recusava a aceitar auxílio e abrigo, morador de área livre, em péssimas condições de higiene”, relata a professora Maria Beatriz. “Ao tomar conhecimento deste caso, percebi a necessidade de cuidados específicos para essa população, ainda mais com o aumento da migração de idosos, neste ano, desacompanhados, que procuram atendimento médico no Brasil”.

150 idosos atendidos

Durante a ação, a equipe realizou a avaliação de cerca de 150 idosos, identificando suas necessidades médicas, sociais e emocionais. A partir da avaliação, muitos idosos receberam prescrição médica, solicitação de exames e, quando necessário, encaminhamentos para outras especialidades da rede de saúde local.

O aprendizado além do espaço físico da universidade

De acordo com os estudantes, “o contato direto com pessoas de outra cultura não apenas ampliou nossos horizontes, mas também enriqueceu nossas perspectivas sobre o mundo. Além disso, foi socialmente agregadora, pois incentivou a empatia, a solidariedade e a compreensão das dificuldades enfrentadas pelos refugiados”.

“Os alunos puderam aprender na prática sobre a resiliência humana e a importância da inclusão em um contexto global. Não obstante, a prática diária do atendimento especializado voltado aos idosos proporcionou aos alunos uma vivência profissional valiosa no cuidado em geriatria”, disse Maria Beatriz.

O ACNUR implementa, desde 2003, a Cátedra Sergio Vieira de Mello, que é um acordo com universidades para possibilitar projetos de extensão que beneficiem refugiados. A PUC-SP foi a primeira no país a compor este grupo de universidades, tanto nacionais quanto internacionais. Por meio deste acordo, mais uma ação humanitária da FCMS foi concretizada, demonstrando o compromisso da instituição com a formação de profissionais engajados em causas sociais e humanitárias.

Assim, a universidade reafirma seu papel na construção de um futuro mais justo e solidário.


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