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Com 30,9% dos votos de profissionais da Medicina, Diana Tannos, de 93 anos, recebeu a honraria “Dra. Maria Augusto Generoso Estrela” (primeira médica brasileira), conferida pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Diana é formada pela primeira turma da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP, onde também atuou como docente durante várias décadas. A cerimônia, em alusão ao Dia da Mulher, aconteceu na noite do último 11 de abril.
Além de Diana, concorriam à honraria 13 médicas que se destacaram por seu exercício profissional: Albertina Duarte Takiuti, Angelita Habr-Gama, Carmen Sílvia Valente Barbas, Elizabeth Regina Giunco Alexandre, Eloisa Silva Dutra de Oliveira Bonfá, Fabiana Maria Ajjar, Filomena Regina Barbosa Gomes Galas, Ho Yeh Li, Irmã Monique Marie Marthe Bourget, Maria Lúcia Bueno Garcia, Marisa Dolhnikoff, Paloma Aparecida Libanio Nunes e Sílvia Regina Brandalise.
Por conta de uma recente cirurgia, Diana não compareceu à sede do Cremesp, onde aconteceu a cerimônia. Contudo, uma estrutura foi montada no anfiteatro da FCMS, unindo os dois locais por meio de uma conferência online. Desta maneira, as dezenas de familiares e amigos da homenageada – assim como diretores, docentes, ex-alunos e alunos da faculdade que compareceram ao campus – puderam acompanhar o evento, transmitido ao vivo pelo YouTube e conduzido pela presidente do Cremesp, Irene Abramovich. Ela, inclusive, anunciou que virá a Sorocaba na próxima semana para fazer a entrega do troféu para a vencedora.
“Para nós, foi uma honra o Cremesp dar a oportunidade de fazermos esta comemoração na faculdade, que é a casa da doutora Diana”, disse o diretor da FCMS, professor Godofredo Borges, após a cerimônia. “Formada na primeira turma, ela lecionou Histologia e todos os alunos têm um carinho simplesmente imenso por ela. Eles votaram em peso, também, por essa pessoa carismática que ela é”, afirmou.
Discurso
Ao ser anunciada como ganhadora da honraria, Diana Tannos fez um breve discurso:
“Pasteur, ao terminar suas pesquisas, dizia: não fiz tudo que devia, fiz tudo que pude.
Louvado seja Deus pelo prêmio recebido, fruto de Sua palavra: ‘amai-vos uns aos outros’. Somos todos irmãos. Thomas Merton, autor de ‘Homem algum é uma ilha’, nos ensina a viver bem com todos.
Recebo este prêmio repartindo-o com meus pais, minha irmã Diva, com a PUC, professores, alunos e funcionários [com quem convivi] durante os 57 anos de PUC.
Este encontro foi possível devido aos esforços de membros do Cremesp; do diretor, professor Godofredo Borges; e de seus auxiliares.
Sou profundamente grata pela presença dos amigos, alunos e ex-alunos. Permita-me citar um trecho do livro ‘As coisas que você vê quando desacelera’, de Haemin Sunim, mestre zen budista sul-coreana: ‘Quanto mais gratos nos sentimos, mais felizes nos tornamos’. Isso porque a gratidão nos ajuda a perceber que estamos todos conectados. Ninguém se sente isolado quando está grato. A gratidão nos desperta para a verdade da nossa natureza interdependente”.
Frases
Em conversa com a assessoria de imprensa da FCMS, Diana Tannos comentou sobre sua época de estudante, o que aprendeu com a medicina e sobre a faculdade. Confira algumas das suas frases:
“Sempre acreditei que somos todos irmãos. Todo mundo com quem convivemos faz parte da vida da gente. Então, se eu consegui este prêmio, não foi só com o meu trabalho, mas graças a todas as pessoas que conviveram e trabalharam comigo.”
“A medicina me ensinou a viver muito a simplicidade e a humildade. Aprendi com os meus professores que o médico nem sempre cura, mas sempre alivia. Aprendi a olhar o doente como se fosse um membro da minha família. O que eu faria para meu pai, minha mãe, meu filho ou esposo, farei para o meu paciente.”
“Dar atenção ao paciente é a marca desta faculdade, pois de todas, esta é a que mais se aprimora na cadeira chamada propedêutica, isto é, cuidar do doente conhecendo a história dele.”
“A primeira turma [de Medicina] foi bem trabalhada. Tínhamos aulas de segunda a sábado, até às 17 horas. Para cá, vieram livres-docentes da USP e, enquanto esperavam a oportunidade de se tornarem catedráticos, ensinavam tudo o que sabiam para nós. Eles só tinham um meio de transporte para vir até Sorocaba, que era o trem. A rodovia Raposo Tavares era de terra.”
“Sempre dizia para os alunos que, assim como os pastores, rabinos ou padres são profissionais da oração, o médico é um profissional do estudo. Precisa estudar muito. Você pode tratar dez insuficiências cardíacas, mas um paciente é diferente do outro.”