PUC-SP lança curso EAD sobre Participação Social e Cidadania ao Longo da Vida
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Entidade elege iniciativas realizadas em alguns países para divulgar em rede de relacionamento internacional trabalhos relacionados a demências
Recentemente, um programa desenvolvido por alunos do 4º ano do curso de Psicologia da PUC-SP, que fazem estágio do Núcleo de Saúde, foi selecionado pelo Global Health Institute (GBHI), entidade que se dedica a proteger as populações envelhecidas do mundo contra ameaças à saúde do cérebro e elege iniciativas realizadas em alguns países, entre eles o Brasil, para divulgar em rede de relacionamento internacional trabalhos relacionados a demências. Clique aqui e confira.
No programa, os estudantes passam por um treinamento para intervenção com pessoas com Alzheimer e familiares cuidadores. Todos os semestres são selecionados novos integrantes, respeitando o número de vagas disponíveis, e a intervenção é gratuita.
Segundo a profa. Fernanda Gouveia Paulino (Fac. de Psicologia), responsável pelo projeto, a aceitação do programa e a adesão dos participantes é grande. “Muitas famílias passaram anos conosco. Geralmente o desligamento ocorre diante de agravamento do quadro e inviabilidade de participação. Os familiares participam de um grupo de apoio em que são promovidas discussões para auxílio no enfrentamento de perdas, reorganização de rotinas e papéis e apoio emocional”.
Durante o programa os pacientes realizam atividades de estimulação cognitiva compatível com seu perfil de funcionamento e têm a oportunidade de socializar. “É um estímulo muito importante para esses quadros. Oferecemos a oportunidade de se sentirem ‘funcionantes’ e resgatarem a identidade, um processo emocionante”, explica a professora.
A iniciativa foi inscrita e selecionada para ser uma das representantes do Brasil em atividade não farmacológica com pessoas com demência. “Os trabalhos selecionados não foram premiados, mas a importância dessa seleção é o reconhecimento público do trabalho que desenvolvemos há mais de 15 anos na PUC-SP e nos coloca numa rede mundial permitindo conexões internacionais’.
A estudante Marina Carvalho Pereira participou do projeto, parceria entre a PUC-SP e Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), sob supervisão da profª Fernanda Gouveia. “O trabalho desenvolvido ocorreu em duas frentes: primeiro, o trabalho com familiares cuidadores de pacientes com Alzheimer; num segundo momento, a atividade foi com pacientes com diagnóstico de Alzheimer”.
Marina atuou junto a dois colegas no grupo de pacientes com Alzheimer, cujo diagnóstico estava situado em uma faixa moderado-grave. “Nosso trabalho consistia no desenvolvimento de uma série de exercícios interventivos, como tarefas que trabalhavam a percepção sensorial e o reconhecimento de objetos a partir do tato e atividades de identificação de sons e figuras”.
Ainda de acordo com a estudante, além das atividades internas, que ocorriam com materiais preparados e pensados pelos estagiários e supervisora, foi realizada uma saída externa. “Fomos ao shopping e montamos uma dinâmica de caça ao tesouro, divididos em duas equipes, que misturavam pacientes, familiares e estagiários. Essa atividade foi muito interessante para trabalhar o aspecto da socialização dos pacientes, além de contribuir para que os familiares pensassem nas melhores estratégias para ajudá-los com suas dificuldades. Entendo que essa gincana externa foi emblemática dos valores trabalhados ao longo do semestre em cada grupo e demonstra a possibilidade de expandirmos essas práticas para além do espaço fechado de consultório. É um trabalho que demanda compromisso, planejamento e flexibilidade do profissional, mas é um trabalho possível e extremamente eficaz no sentido da promoção de bem-estar, algo que foi visível nas reações e comentários de cada paciente".
Com o avanço da tecnologia diagnóstica cada vez mais casos ficarão evidenciados e debates e alternativas de intervenção são temas muito atuais. “Considero esse campo de estágio de extrema importância e cada vez mais necessário, pois estamos vivendo avanços expressivos na tecnologia e na ciência, e que permitem diagnósticos de Alzheimer cada vez mais precisos e precoces. Frente a isso, precisamos nos preparar enquanto categoria psi (rederente às áreas que estudam a psique) para atender essa população, de forma a promover saúde e resgate de identidade. Necessitamos trabalhar com as singularidades de cada paciente, dentro das possibilidades apresentadas por cada um e de forma adaptada à manifestação da doença, sempre tendo em vista que o paciente ainda que possa ter esquecimentos, carrega uma história de vida única.
Participante do grupo há 5 anos, Matilde Crudo, filha e cuidadora de Taeko Arakidestaca, afirma que o grande diferencial do programa é o de oferecer simultaneamente o apoio aos cuidadores e atividades aos nossos familiares em diferentes estágios da doença de Alzheimer. “Durante o tempo que participo do grupo, tenho recebido apoio emocional por meio do compartilhamento de experiências de outros cuidadores. E aprendido a importância da atualização constante sobre a doença, formas de manejo dos sintomas e estratégias de autocuidado. Pude testemunhar na minha mãe a importância das atividades de estimulação cognitiva e da interação afetiva com outros pacientes e estagiários, ainda que nem sempre ela se lembre do que acabou de fazer”.