PUC-SP inaugura exposição no Memorial da Resistência

Mostra fica em cartaz até março de 2025 e integra projeto que articula diálogos transdisciplinares sobre a memória dos períodos autoritários no país e suas reverberações no presente

por Cláudio Oliveira | 14/03/2024
Cláudio Oliveira / ACI PUC-SP

Está aberta à visitação pública a mostra Resistências na PUC-SP, que teve sua abertura oficial no último sábado, dia 9/3, no Memorial da Resistência de São Paulo, e segue até março de 2025.

A exposição integra o projeto Ocupações Memorial, que articula diálogos transdisciplinares sobre a memória dos períodos autoritários no país e suas reverberações no presente.

A PUC-SP se tornou um importante espaço de luta em defesa da democracia, durante o período da ditadura civil militar que se instaurou no Brasil, após um golpe de estado em primeiro de abril de 1964. A Universidade acolheu artistas, intelectuais, professores e alunos expulsos de outras instituições.

A mostra está dividida em cinco eixos ao longo da exposição: Invasão da PUC-SP e a resistência à ditadura; Docentes, artistas e intelectuais acolhidos pela PUC-SP; Comissão da Verdade da PUC-SP Reitora Nadir Gouvêa Kfouri; Arte e resistência no TUCA; e A defesa radical da democracia.

A reitora Maria Amalia Andery esteve presente no evento que marcou a abertura da exposição e falou ao público sobre a importância da mostra, que rememora um recorte da história da PUC-SP que se mistura com a própria história do Brasil. "Nesse espaço físico foram mortas e torturadas muitas pessoas. Ele representa uma história violenta muito constitutiva do nosso país, de desigualdades, opressão e racismo. Talvez um dos piores períodos dessa história seja o da ditadura que se instaurou no ano de 1964, e que perdurou por praticamente por 30 anos. Este memorial representa um resgate a este período, no qual  PUC-SP foi extremamente presente. Quero insistir, somos uma universidade academicamente competente, preocupada com a produção de conhecimento, com a formação de seus alunos, mas também uma universidade que nunca se recusou a assumir um lado, que é o da democracia, dos direitos humanos, da defesa de liberdade das ideias e da defesa intransigente da tentativa de se construir um país menos desigual e radicalmente democrático”, destacou a reitora.

Também estiveram presentes no evento de abertura da exposição professores, estudantes e funcionários da PUC-SP, convidados e visitantes do Memorial. Para ver fotos, clique aqui ou vá até o final da página. 

Leia a seguir alguns depoimentos:

 


"A importância para o Memorial da Resistência de SP em receber esta exposição é enorme. Primeiro por essa parceria institucional com a PUC-SP, depois o Memorial tem um programa que se chama “Lugares de Memória”, onde a PUC-SP já está presente. A Universidade em si é identificada como um lugar de memória de resistência à ditadura civil militar brasileira. Neste ano que rememoramos 60 anos do golpe, trazer a história de resistência da Universidade, é algo fundamental”.
Ana Pato, diretora técnica do Memorial da Resistência de SP


“A importância da PUC-SP estar aqui no Memorial é muito grande. Significa uma convergência entre esse movimento que, de certo modo, se aglutina muito simbolicamente neste museu da resistência e o movimento da própria história da PUC-SP, que sempre esteve muito comprometida com a defesa da democracia. Quando em uma exposição como essa a PUC-SP ocupa um dos lugares centrais significa exatamente a convergência dessas histórias, da cidade, do país e da universidade, tão peculiar, tão solidária como é a PUC-SP, com seu papel na vida política do país”.
Prof. Márcio Alves da Fonseca, pró-reitor de Pós-Graduação


“A importância desta exposição é resgatar toda uma história da PUC-SP, em defesa da democracia e de resistência à ditadura civil militar, que ocorreu no Brasil, a partir do golpe de 1964. Também por que dialoga com a importância da memória, de não esquecermos os momentos de terror que vivemos e as restrições de direitos que tivemos que nos submeter. Durante todo esse ano nossos alunos vão poder acessar de forma pedagógica, um pouco desta história da PUC-SP e também do Brasil, em aulas das maias diversas disciplinas, visitando junto aos colegas e professores, a esta exposição”.
Profa. Mônica de Melo, pró-reitora de Cultura e Relações Comunitárias (ProCRC) e integrante  da Comissão Curatorial

“Trabalhar nesta exposição foi uma experiência de aprendizado. Onde quer que a gente converse ou leia sobre a luta contra a ditadura militar, iniciada em 1964, encontrar-se-á algo sobre o papel de relevância da PUC-SP. Ser parte da comissão curatorial me fez aprender mais sobre este período de muita opressão, pois histórias e revelações foram surgindo por meio das imagens e dos vídeos que realçaram ainda mais o papel da nossa Universidade na defesa de democracia. Uma democracia que anda fragilizada e abalada. Portanto, uma exposição como essa tem a maior importância, tanto no sentido político quanto educativo”

Prof.  Amailton Azevedo, integrante da ProCRC e da coordenação da Comissão Curatorial


"A chegada de Nadir Kfouri durante a invasão foi inesquecível, ela emoluva respeito. Quando o Erasmo Dias se aproximou dela para cumprimentá-la, a resposta foi direta: Eu não dou a mão para assassino”.

Hélio Campos Mello, fotojornalista, responsável pelas fotos da Invasão da PUC-SP.

 


“Já fiz muitas curadorias, mas algumas são marcantes, como a desta exposição, por exemplo, pois ela trata da história da PUC-SP, do Brasil e da minha própria história. Sou filha de militantes políticos, meu pai foi preso e ficou aqui neste lugar, que hoje é um espaço de memória, o antigo Doi-Codi, onde ele foi preso e torturado. Minha mãe faz parte de uma curadoria da exposição que também está aqui, que é a ”mulheres em luta” que conta com professoras da PUC-SP, então para mim é também um momento de memória pessoal, que diz respeito a uma memória coletiva”. Profa. Priscila Arantes, diretora adjunta da Faficla, coordenação da Comissão Curatorial


“Uma das coisas gratificantes de ter participado deste projeto é perceber que a história da PUC-SP é um pouco a história do Brasil e vice-versa. O que a gente vê aqui é a história da defesa da democracia de uma maneira intransigente. A Universidade está em vários momentos em combate político, como nos anos de 1970, 1980, 1990 até o presente, atuando e expondo seu DNA democrático. A PUC-SP é um lugar para exercer e celebrar a democracia. Esta semana o Ministro Barroso do STF, falou isso ao comparecer à Universidade. É muito bom participar desse projeto e recuperar essa história e deixar claro que não é uma história só do passado, mas que é também do presente”.
Prof. Fabio Cypriano, diretor da Faficla, integrante da Comissão Curatorial


“Acho que esta exposição está muito bem resolvida, pois coloca o tripé memória, verdade e justiça, o que todos querem para este país, principalmente agora depois de acontecimentos como o 8 de janeiro e os quatro anos de governo de extrema direita que acabamos de passar. Coloca também a PUC-SP em seu lugar, o da resistência. Eu curei uma exposição aqui mesmo neste Memorial, sobre espaços de memória e a PUC-SP está entre estes espaços. Agora isso se amplia aqui e se transforma numa exposição que terá um ano de visitação, não só por alunos da PUC-SP, que virão com certeza, como por visitantes que chegam aqui, sem ter nada a ver com a Universidade, mas que conhecerão o significado da PUC-SP neste período histórico que se em 1964”.
Vladimir Sacchetta, jornalista e produtor cultural

“Quando a gente fala de resistência à ditadura, de direitos humanos e defesa da liberdade, na história recente do Brasil, sempre se tem que lembrar da PUC-SP. A ligação entre esta exposição, o trabalho que o Memorial da Resistência vem realizando há muitos anos e a história da resistência na PUC-SP, para mim é intrínseca. Muitos dos que sofreram nos porões, aqui neste espaço, passaram pela PUC-SP, estudando, atuando no movimento estudantil, como docente, ou seja, ocupar esse espaço faz todo o sentido, tanto para a universidade como para o Memorial”.
Prof. Lauro Ávila Pereira, coordenador do Centro de Documentação e Informação Cientifica da PUC-SP (Cedic)


“Cheguei aqui mais cedo, fui até o quarto andar e vim descendo andar por andar, fotografei e observei. Vi a exposição da luta das mulheres, vi vídeos e aos poucos me dei conta de que estava sem ar, estava me faltando fôlego. O ambiente é glorioso, mas doloroso também. O fato de ter uma parte da minha produção, seja no Porandubas, seja no documentário, para mim é uma honra imensa, aqui é o lugar certo para estar, que mostra que as coisas que a gente faz, elas vão rolando como pedras, like a rolling stone”.
Jorge Claudio Ribeiro, ex-professor da PUC-SP e autor de alguns dos itens em exposição


“Esta mostra é de uma importância absoluta do ponto de vista histórico, político e cultural e honra a PUC-SP, a memória da profa. Nadir Kfouri e a memória de Dom Paulo Evaristo Arns. E há outro aspecto igualmente relevante, que é uma resposta diplomática e contundente ao ultraconservadorismo no Brasil, o qual abraça o racismo, a misoginia, e todas as formas de tortura. Não é só em relação ao passado, é fundamentalmente também sobre o presente”.
Prof. Eugênio Trivinho, Pós-graduação em Comunicação e Semiótica


“Penso ser mais um marco para a história da PUC-SP reunir estes documentos e expô-los neste lugar que é o Memorial da Resistência. Tive a oportunidade de acompanhar de perto a seleção de documentos, junto à equipe curatorial, e testemunhar o apoio total da Reitoria. Ver esse resultado final é para mim muito gratificante”.
Emily Andrade, estudante de gradução em Arte, História Crítica e Curadoria da PUC-SP


“Fiquei sabendo dessa exposição por meio de uma live apresentada pela TV PUC. Não sabia da existência deste Memorial, quando soube fiquei com muita vontade de conhecer mas, sobretudo, ver a exposição sobre a resistência na PUC-SP. Estou achando, além de muito importante, muito tocante também. Ver fotos de rostos que desapareceram na ditadura é algo que me faz colocar no lugar deles”.
Júlia Luiza Delfina, visitante do Museu da Resistência e vestibulanda

 


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