Fundasp obtém deferimento do registro de patentes voltadas para o atendimento a alunos com deficiência

Projetos foram desenvolvidos por professores e estudantes do curso de Engenharia da PUC-SP

por Redação | 15/01/2021

A Fundação São Paulo obteve recentemente o deferimento do registro de duas patentes junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), órgão federal vinculado ao Ministério da Economia.  A concessão da patente significa que a instituição, responsável por estimular a pesquisa de uma nova solução para um problema ou desafio técnico de uma determinada área do conhecimento, terá o direito exclusivo de exploração comercial da solução proposta por até 20 anos.

Para a Fundasp, a importância desse registro é o de concretizar seu papel de levar à sociedade, por intermédio de suas mantidas, entre elas a PUC-SP, os benefícios da pesquisa que subsidia e fomenta junto aos seus professores e pesquisadores, assim como representa um estímulo a seus estudantes para que desenvolvam suas capacidades de pesquisar e inovar.

As concessões de patente foram:

- Dispositivo com Tela Digital e Estimulação Sonora para Pessoas com Deficiência Visual - que buscou o desenvolvimento de um dispositivo versátil e de baixo custo, que é acoplado a um computador, permitindo a inclusão de estudantes com deficiência visual no ambiente escolar, auxiliando na percepção de formas geométricas e contornos de imagens. O dispositivo refere-se a um sistema composto por uma placa com um conjunto de eletrodos dispostos de forma matricial, semelhante ao que se tem num display, ou seja, cada eletrodo equivale a um pixel. Quando o usuário com deficiência visual passa o dedo sobre a superfície, um som é produzido sempre que o ponto da matriz corresponder à figura pré-definida na tela do computador. Simultaneamente, na tela do computador, é possível visualizar o trajeto que o dedo percorre na superfície sensível ao toque, permitindo assim que o professor acompanhe as ações do aluno. Esta invenção visa auxiliar pessoas com deficiência visual na sala de aula, permitindo-lhes maior autonomia e possibilitando-lhes a percepção de desenhos, formas e gráficos matemáticos.

- Dispositivo Auxiliar à Aprendizagem de Operações Matemáticas - esse equipamento permite que o usuário possa realizar qualquer uma das quatro operações matemáticas básicas, ele foi desenvolvido para que alunos com alguma deficiência possam manipulá-lo sem dificuldades. O equipamento indica para quem o utiliza se o resultado da operação matemática está correto ou não por meio de uma mensagem de áudio e também por um sinal visual. Desta forma, qualquer pessoa com deficiência visual, auditiva, motora ou intelectual pode utilizar o equipamento de forma autônoma. O tamanho das peças, sua ergonomia e a robustez do equipamento permitem seu manuseio por pessoas com deficiência motora. Esta característica também é particularmente importante para pessoas com deficiência intelectual e visual. A utilização da impressão das peças em alto-relevo e Braile beneficia estudantes com essa deficiência. Enquanto, as mensagens de voz gravadas auxiliam a identificação do resultado, correto ou não, da operação matemática para aqueles com deficiência visual, intelectual ou motora. Já a presença de identificação visual beneficia, especialmente, alunos com deficiência auditiva.

Segundo os professores Ely Antonio Tadeu Dirani (coordenador do curso de Engenharia Civil) e Ana Lúcia Manrique (coordenadora do Pós em Educação Matemática) os dois dispositivos patenteados foram desenvolvidos no âmbito do projeto de pesquisa “Desafios para a Educação Inclusiva: Pensando a Formação de Professores”, coordenado pela professora, e aprovado no Programa Observatório da Educação da Capes. “Este projeto versou sobre os processos de domínio da Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental, desenvolvendo atividades de pesquisa e inovação na temática da educação inclusiva. Investigou o aprendizado do aluno com deficiência mediante a prática pedagógica do professor. Proporcionou, ainda, aos professores da rede pública de ensino, meios de experimentar e desenvolver técnicas e tecnologia assistiva adequadas ao ensino de matemática para alunos com deficiência”, explicou a docente.

Para Dirani, a importância do projeto para a Universidade, além dos ganhos acadêmicos previstos, como publicações em periódicos e livros e apresentações em eventos científicos nacionais e internacionais, foi trazer a oportunidade de envolvimento de muitos estudantes no desenvolvimento da pesquisa. “Oito alunos do curso de Engenharia receberam bolsas da Capes e suporte financeiro para o desenvolvimento dos projetos. Eles foram supervisionados por mim para desenvolver seus dispositivos de modo a atender às demandas dos professores da rede pública de ensino, também participantes do projeto Capes”.

Além dos professores participaram da elaboração dos projetos os estudantes do curso de Engenharia: Kelly Rodrigues Cardozo, Roni Martins Meira, Rodrigo Luiz Araújo da Silva e Thiago Silva Savi, Leandro Aguiar Santos, Pietro Rosa Faria Noronha, Renato Pereira de Araújo e Vagner Uendel de Sa Medeiros. Para eles, segundo o prof. Dirandi, as motivações para o desenvolvimento destes produtos surgiram de discussões sobre a prática pedagógica de professores da rede pública de ensino, onde foram identificadas a falta de dinamismo no ensino de matemática; as dificuldades no aprendizado de conteúdos matemáticos; a ausência de “um amigo” na sala de aula para auxiliar o entendimento das imagens apresentadas na tela do computador; a alfabetização desigual entre videntes e não videntes; e o alto custo das soluções existentes no mercado.

Ainda segundo os participantes dos projetos, as tecnologias desenvolvidas nos dois dispositivos demandaram grandes investimentos e resultaram em produtos que podem ser utilizadas nas escolas públicas de educação básica, além de trazerem um potencial para melhora da qualidade de vida escolar de alunos com deficiência e o favorecimento da sua inclusão na sala de aula e sua futura inclusão no mercado de trabalho.

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