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Projeto da engenheira biomédica Solange Oliveira foi fomentado pela Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia e se tornou uma startup
Os testes dermatológicos e cosméticos em animais são cada vez menos aceitos pelos consumidores, que cobram um posicionamento mais ético das marcas, e têm feito com que as multinacionais do ramo busquem alternativas. No Brasil, que ocupa o quarto lugar no ranking dos maiores consumidores de cosméticos do mundo, leis estaduais já proíbem tal prática e diversas empresas encontraram outras formas de validar a eficácia e segurança de seus produtos.
Foi pensando neste cenário que a aluna do curso de Engenharia Biomédica Solange Oliveira criou um biotecido, uma pele artificial, de três centímetros, contendo as duas camadas principais, a derme e a epiderme, desenvolvida com células humanas retiradas de tecidos descartados de cirurgias plásticas.
O projeto, fruto de seu TCC, foi selecionado pelo Academic Working Capital, programa do Instituto TIM, apoiado pela Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE), que transforma trabalhos acadêmicos em empresas. “Sempre fui fascinada pela engenharia de tecidos e decidi inscrever meu TCC, que era sobre o desenvolvimento de uma bioimpressora e de um sistema de análise para bioimpressão de tecidos. Minha ideia inicial foi escolhida e a partir daí, durante um ano, desenvolvi diversas pesquisas até chegar num modelo de negócio viável, que é a Organa Kypseli, soluções em biotecnologia, uma startup com foco em engenharia de tecidos”, explica Solange.
Segundo a aluna, por ter maior proximidade fisiológica da pele humana do que os animais, o biotecido é uma ótima alternativa para a indústria de dermocosméticos. “Sem o uso de células de animais, os testes podem ser feitos com tons de pele diferentes, em idades variadas, o que aumenta a confiabilidade do produto. Também reduz a necessidade de utilizar cobaias humanas”.
A startup está em fase de validação do projeto ou MVP (mínimo produto viável) e busca de investidores, etapas que ela pretende desenvolver durante o mestrado.
O biotecido não foi a primeira invenção promissora na área da saúde que Solange Oliveira criou. Entre 2017 e 2018, ela e a colega de iniciação científica da PUC-SP Rafaela Rogatto desenvolveram um dispositivo para liberação controlada de medicação para o tratamento de câncer de mama que reduz efeitos colaterais. “Nosso trabalho, realizado sob orientação da professora Fernanda Grossi e do professor Sergio Bernatavicius, foi aprovado com Bolsa-CEPE e apresentado na modalidade pôster no I Encontro Nacional de Pesquisa em Oncologia (ENPO 2019). Acredito que o futuro da Medicina será a criação de métodos e tratamentos menos invasivos, mais assertivos, pois é também uma questão de humanização na saúde. A ciência e a Engenharia Biomédica serão grandes parceiras na melhoria de tratamentos e consequentemente na qualidade de vida dos pacientes”.
Para Solange, a PUC-SP teve um papel importante em sua trajetória. “Dentro da Universidade é estimulada a participação em projetos científicos e o curso de Engenharia Biomédica tem uma programação muito focada em desenvolver o lado profissional do aluno, e não somente o acadêmico. Também considero que a formação de líderes seja uma característica da PUC-SP. Espero um dia poder fazer por novos alunos o que meus professores fizeram por mim; tenho muita admiração e respeito e sou muito grata a eles”.