PUC-SP sedia encontro de reitores de universidades comunitárias promovido pela ABRUC
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Docente foi vice-reitor comunitário da PUC-SP e figura central no combate ao regime militar
Figura central na resistência à ditadura e no enfrentamento da violência contra a PUC-SP, em 1977, o prof.pe. João Edênio Reis Valle, que faleceu em 28/10, teve missa celebrada em sua homenagem no 14/11, na Capela da PUC-SP.
A liturgia contou com a presença de docentes e funcionários da PUC-SP, além de amigos e parentes do padre.
Abaixo seguem alguns depoimentos de pessoas que participaram da missa em homenagem póstuma ao sacerdote.
"Trago uma palavra simples, mas verdadeira e afetuosa, em nome da Reitoria. O Pe. Edênio recebeu a homenagem que, talvez, seja a mais significativa que uma Universidade pode fazer a seus docentes: o título de professor emérito. Ao concedê-lo, a PUC-SP diz com muita clareza quem são seus referenciais, seus exemplos. Para além dessa homenagem feita quando o Pe. Edênio, felizmente, ainda estava entre nós, trago em nome da Reitoria uma mensagem de gratidão e a lembrança do privilégio que esta Universidade teve ao contar com a presença do Pe. Edênio, com sua sabedoria, seu entusiasmo e sua posição de respeito pela universidade".
Prof. Márcio Alves da Fonseca, Pró-Reitor de Pós-Graduação
"Pe. Edênio nos marcou, sobretudo por sua humildade, simplicidade e, ao mesmo tempo, por sua grande sabedoria. Ele foi importantíssimo para a PUC-SP, foi nosso vice-reitor e trabalhou intensamente com Dom Paulo Evaristo Arns em prol de nossa comunidade. Ele deixa uma marca muito grande em todos nós que pertencemos a esta Universidade".
Irmã Valdete Contin
"Pe. Edênio foi um dos meus mestres, literalmente, porque cursei meu mestrado aqui na PUC-SP. Mais do que isso, eu o conheci como uma das colunas mestras desta Universidade, sendo vice-reitor nos piores momentos da ditadura. Ele e a reitora Nadir Kfouri tiveram extrema capacidade humana e administrativa. Foi um homem que me marcou muito".
Luiz Antônio Bersch, secretário geral e ex-diretor do Colégio São Luís
"Fui colega de Pe. Edênio no programa de pós-graduação de Ciência da Religião. Ele foi muito importante para esta Universidade, sempre foi uma grande referência nos estudos de Psicologia da Religião e, em nosso programa, foi um dos pioneiros, chegando a ser nosso coordenador. Ao sucedê-lo no cargo, pude perceber o quanto ele foi valioso para todos nós".
Prof. Silas Guerriero
"Não vamos lembrar do Pe. Edênio na morte, vamos lembrar no vigor da vida, na experiência de Deus, na psicologia que ele tanto amou e tanto se dedicou, produzindo livros e artigos de alta qualidade. Ele é alguém que certamente fará muita falta".
Prof. Fernando Altemeyer Jr
"Pe. Edênio tinha uma simplicidade de coração e isso, de alguma forma, nos tocava diante da sabedoria divina que ele tinha em seu grande conhecimento. Era alguém que não possuía vaidades acima de tudo. Penso eu, alguém que compreendeu plenamente as palavras do evangelho de hoje".
Prof. Pe. Edélcio Ottaviani
"Trabalhei na PUC-SP por 31 anos e tive o privilégio de contar com o apoio e a participação do pe. Edênio em alguns momentos, tanto da minha carreira acadêmica como na de gestora. Fui coordenadora do curso de Fonoaudiologia, coordenadora na área de estágios, coordenadora da antiga Cogeae e sempre pude contar com o pe. Edênio direcionando as ações e os passos importantes, para que nossas atividades mantivessem a perspectiva social que a PUC-SP se propõe a cumprir".
Beatriz Leonel Scavazi
"A importância de pe. Edênio à PUC-SP é muito grande, em todos os momentos ele se fez presente na vida acadêmica, principalmente nos mais delicados estava sempre aqui dando suporte aos alunos, professores e funcionários. Inclusive, em 22 de setembro de 1977, quando a Universidade foi invadida pelas tropas militares, ele estava aqui cuidando de todos nós. Além disso, pra mim era uma pessoa muito especial, pois foi quem batizou a minha filha".
Prof. Carlos Eduardo Carvalho Freire
"Pe. Edênio foi importantíssimo à história da PUC-SP, porém a vivência que tive mais próxima dele foi na Comissão da Verdade da PUC-SP. Era um prazer trabalhar com ele, formávamos um coletivo, a ideia é que não tivéssemos presidente. Como a Fundasp julgou, no entando, que era necessário, pe. Edênio foi indicado para presidente emérito. Ele foi de uma grande generosidade, ternura, presença e emoção, nas questões das denúncias que a gente fez na comissão. Lembro-me sempre de seu olhar de companheirismo".
Profa. Rosalina Santa Cruz
"Em meados 1982, recebi uma ligação às 6h30 da manhã, era uma missionária do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), que me disse o seguinte: 'Lúcia estou aqui com um ônibus cheio de Kaingang, vieram de Santa Catarina e estão indo para Brasília, reivindicar a demarcação de terras, você poderia ir lá na PUC-SP e ver se consegue almoço para eles?'. Eram mais de 40 pessoas, fui à reitoria saber o que podíamos fazer. O pe. Edênio me atendeu e disse que o restaurante da PUC-SP não teria estoque para alimentar mais 40 pessoas, em uma refeição assim no meio do dia e pediu para eu ir ao Cardoso, que era um bar na região, porque eles poderiam preparar essa refeição. Então eu disse ao padre, tudo bem, mas assim teremos que pagar. Ele disse, é isso mesmo, e em seguida tirou o talão de cheques do bolso, assinou uma folha e me passou um cheque em branco. Os indígenas ficaram muito gratos, naturalmente, mas essa experiência para mim também foi transformadora".
Profa. Lúcia Helena Rangel
"Não cabe aqui relatar os feitos e os efeitos da presença reconhecidamente competente e amorosa do prof. Edênio na história da PUC-SP, que lhe valeram o merecido posto honorário. Basta citar, muito particularmente, sua atuação no conhecido episódio da invasão da Universidade sob o comando do coronel Erasmo Dias, em 1977, e nas consequências que se seguiram. Hoje, prefiro remeter nossa memória a um episódio mais feliz e mais recente: o da homenagem da outorga do título de Professor Emérito, ocorrido no dia 28 de outubro de 2015 – o mesmo dia e o mesmo mês de seu falecimento (em 28 de outubro de 2023)".
Profa. Salma Tannus Muchail