Missão da saúde pública será reduzir a quantidade de mortes entre gestante

por Redação | 19/10/2023

Durante o Fórum Regional para Redução de Morte Materna por Síndromes Hipertensivas e Hemorrágicas, realizado no auditório Maracanã da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP em 17/10, gestores da saúde do estado de São Paulo e especialistas chegaram ao consenso de que medidas urgentes são necessárias para reduzir as estatísticas. Ficou acordado que um fórum como este ocorrerá a cada seis meses, com o próximo já agendado para o primeiro semestre de 2024.

Edmund Baracat, coordenador da área da Saúde da Mulher da Secretaria Estadual da Saúde, participou do evento e reafirmou o compromisso do estado em reduzir as mortes maternas.

“Recebemos uma demanda do secretário [Eleuses Paiva] sobre o aumento de mortes maternas neste Departamento Regional da Saúde [DRS 16]”, relatou. “Isso foi em julho. Assim, organizamos uma reunião aqui, em Sorocaba, na qual discutimos a questão e possíveis medidas com o Hospital Regional, a FCMS e o Hospital Santa Lucinda. Após esse contato, realizou-se uma análise desta DRS e de todas as outras. Infelizmente, observou-se um aumento na razão de mortes maternas no estado”, explicou. Segundo ele, a rede precisa ser reestruturada e os processos, rigorosamente seguidos.

O médico Renato José Bauer, presidente da regional da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) para as regiões do Vale do Ribeira e Sorocaba e docente da FCMS, destacou a necessidade de serem adotadas atitudes combativas a esse grave problema, considerando uma perspectiva ampla, como sociedade.

Carlos Moura, diretor do DRS 16, ressaltou que as mortes maternas decorrentes de síndromes hipertensivas e hemorrágicas são evitáveis. Ele reforçou a necessidade de ações imediatas: “Precisamos fazer algo diferente, pois não estamos seguindo adequadamente o processo”, disse, sugerindo que o atendimento às gestantes seja mais abrangente durante as consultas na rede básica de saúde.

Henri Augusto Korkes, mestre e doutor pelo Departamento de Obstetrícia da Unifesp, doutor em Pré-eclâmpsia pela Harvard Medical School, membro fundador da Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão na Gravidez, chefe do Departamento de Reprodução Humana e Infância e professor assistente doutor de Clínica Obstétrica da FCMS, apontou: “Existe uma enorme dificuldade [entre médicos, equipe de saúde e gestores] em manter uma rotina de prevenção da pré-eclâmpsia para mulheres que necessitam. Também se observa uma dificuldade na realização do diagnóstico correto e oportuno e no acompanhamento adequado das pacientes com síndromes hipertensivas”.

Estatísticas

O Brasil possui estatísticas alarmantes desse problema. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), considera-se um número aceitável 20 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos. Porém, o Brasil apresenta quase o triplo desse limite.

Sorocaba possui índices muito elevados e, frequentemente, acima da média nacional. “A principal causa de morte são as síndromes hipertensivas, especificamente a pré-eclâmpsia. Temos uma grande dificuldade entre médicos e toda a equipe em fazer uma prevenção

adequada, que envolve o uso da aspirina e cálcio. Às vezes, isso ocorre por esquecimento na prescrição. Em outros casos, por não estar disponível em determinadas prefeituras. Também vemos uma grande dificuldade na realização de um diagnóstico preciso e precoce, além de um encaminhamento rápido”, disse Korkes.

Ele fez outro alerta: “Temos grande dificuldade na utilização da droga que salva a vida das pacientes [sulfato de magnésio], que deveria estar em todos os locais de atendimento. No entanto, os hospitais geralmente a disponibilizam apenas na UTI, e muitas das mulheres morrem antes de dar entrada no serviço”, revelou. “Aliás, existe uma lei estadual que garante a presença das caixas de urgência com sulfato de magnésio em todos os setores dos hospitais que tenham gestantes ou puérperas, mas, infelizmente, isso raramente é cumprido.”

“Por fim, enfrentamos um gigantesco problema relacionado aos gestores municipais. Muitas vezes, eles não disponibilizam as medicações preventivas [como o cálcio] e têm protocolos mal elaborados para suas prescrições. Na prática, vemos muitas mulheres morrendo de uma doença evitável, pois sequer utilizaram a prevenção estabelecida para elas”, finalizou Korkes.

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