Desde 2017, dedica-se o dia 22 de maio para reforçar, em todo o mundo, a importância de conhecer os sintomas da pré-eclâmpsia. A doença é caracterizada pela elevação da pressão arterial, com ou sem a confirmação de perda excessiva de proteínas pela urina (proteinúria), e continua sendo a principal causa das mortes maternas no Brasil.
Docente da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP, PhD pelo Departamento de Obstetrícia Escola Paulista de Medicina e pelo Departamento de Medicina da Harvard Medical School, Henri Augusto Korkes vê com muita preocupação esse índice nacional e a falta de medidas concretas, no âmbito das políticas públicas, para reverter a situação.
A realidade é mais dura no Brasil, mas não é uma exclusividade nacional. Segundo ele, em níveis mundiais, a pré-eclâmpsia atinge entre 5% a 8% de todas as gestantes e é responsável por mais de 76 mil mortes maternas por ano (9 mortes por hora), 500 mil mortes fetais e neonatais e 20% de todos os nascimentos prematuros. Por meio dessas estatísticas, sabe-se que 99% das mortes ocorrem em países pobres. “Em sua grande maioria, são mortes que poderiam ser evitáveis”, lamenta o médico.
Após a 20ª semana, e diante de um quadro suspeito, é possível realizar exames de sangue e urina, capazes de detectar esta importante intercorrência. Os sintomas podem incluir dor de cabeça forte, que não desaparece com medicação; inchaço no rosto; ganho de peso superior a um quilo por semana; dificuldade para respirar ou sentir-se ofegante; náusea ou vômito no último trimestre; alterações na visão (borramento, luzes piscando ou perda da visão) e dor no abdômen – mais precisamente, na região direita, próxima ao estômago.
Dentre os fatores de risco que aumentam as chances de desenvolvimento da pré-eclâmpsia, estão a obesidade, gestação após os 40 anos, doença renal, hipertensão arterial crônica e casos anteriores de pré-eclâmpsia na paciente ou mesmo na família.
Talvez umas das mais importantes mensagens é a de que a prevenção é possível através da utilização precoce de AAS e cálcio, que serão mantidos até o final da gestação. “Como na absoluta maioria das doenças, a prevenção, os diagnósticos precoces, o acesso à informação e aos serviços de saúde; além da ação dos órgãos públicos poderiam reverter esse triste cenário e evitar mortes”, finaliza Henri.
Henri Augusto Korkes é professor da Disciplina de Obstetrícia do Departamento de Reprodução Humana e Infância da FCMS, preceptor da Clínica Obstétrica da Maternidade Escola Vila Nova Cachoeirinha da Prefeitura de São Paulo, presidente da Sogesp (Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo – Regional Sorocaba) e membro da Comissão Nacional Especializada em Hipertensão na Gravidez da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).