Unidades manifestam pesar e repúdio por morte de Marielle
Leia textos enviados ao JPUC
Algumas unidades da PUC-SP manifestaram pesar e repúdio pela morte da deputada estadual Marielle Franco, no último dia 14/3. Leia abaixo.
Escritório Modelo “Dom Paulo Evaristo Arns”
“Nota de pesar
O Escritório Modelo “Dom Paulo Evaristo Arns”, da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, manifesta imenso pesar pela morte da Vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do trabalhador e motorista Anderson Pedro Gomes, brutalmente assassinados no Rio de Janeiro na tarde da quarta-feira (14/03), mais um triste e lamentável episódio de um país que passa por diversas instabilidades, inclusive ataques aos Direitos Humanos.
Nós nos solidarizamos com a dor dos familiares, amigos e cidadãos do Rio de Janeiro.
Certos de que em um Estado Democrático de Direito não podemos aceitar ataques e execuções daqueles que denunciam a desnaturação da democracia em demagogia.
Sabemos que a morte de Marielle deve ser símbolo de luta e resistência a diversas arbitrariedades em nossa história recente do Brasil.
Que essas mortes sejam o símbolo e chama pela luta da reconquista da democracia em nosso país.
Escritório Modelo “Dom Paulo Evaristo Arns”, da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo”
Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde
“Nota de repúdio
A Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da PUC-SP que abrange os cursos de Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia e seus Programas de Pós-Graduação vem a público manifestar repúdio à execução de Marielle Franco, no Rio de Janeiro, reconhecendo o compromisso com a garantia dos Direitos Humanos, os impactos psicossociais das diversas formas de violência e o dever do Estado de proteger seus cidadãos sem qualquer tipo de preconceito.
A Faculdade considera a importância de Marielle Franco, sua trajetória e sua luta pela justiça social e afirma seu compromisso com a defesa dos Direitos Humanos, somando-se àqueles que reconhecem tal defesa como uma pauta prioritária de nossa sociedade.”
Conselho Universitário
"Honrando o compromisso histórico da PUC São Paulo com os ideais de construção de uma sociedade justa e democrática, manifestamos nossa profunda preocupação com a grave crise que atravessa o país. O acirramento de expressões públicas de intolerância em relação a diferenças políticas; a violência expressa nos altos índices de assassinato de jovens negros; a colocação do Brasil como o país que mais mata travestis e transexuais no mundo; as desumanas condições carcerárias já tantas vezes denunciadas por organismos internacionais soam, entre outros, como alertas.
Acontecimentos recentes demonstram a necessidade urgente de manifestação daquela parcela da sociedade que defende um Estado democrático de Direito, o respeito aos Direitos Humanos, e que luta contra as desigualdades sociais, raciais e de gênero que impedem a realização da democracia e da justiça em nosso país.
Marielle Franco foi brutalmente assassinada ao lado de seu motorista, Anderson Gomes, também assassinado. Era uma liderança política respeitada; lutava pelos direitos das mulheres, defensora daqueles e daquelas que mais necessitam da proteção do Estado — moradores de favelas, população LGBT — relatora da comissão responsável por investigar a Intervenção Militar no Rio de Janeiro. Pelos ideais e valores que defendia, ela certamente incomodou setores da sociedade que desejam e trabalham pela manutenção do atual status quo. A violência do seu assassinato repercutiu em todo o mundo e o próprio Papa Francisco manifestou solidariedade à família.
Episódio anterior, envolvendo reconhecido pesquisador brasileiro, professor Carlini, nos faz perguntar, especialmente enquanto uma instituição dedicada ao ensino e à pesquisa, o que significa hoje no Brasil, o respeito à liberdade de elaborar ciência e pesquisar.
A comunidade puquiana solidariza-se, especialmente, com o Padre Júlio Lancelotti, ex representante da sociedade civil junto ao Conselho Universitário desta Universidade. Incansável defensor dos moradores de rua, tem recebido ameaças de morte, em razão de sua atuação junto a essa população.
Vemos com apreensão indicações de um processo de judicialização da política e de politização do Judiciário, que põem em risco o exercício pleno da democracia. Reafirmamos o compromisso da PUC São Paulo com o Estado democrático de Direito, com a livre expressão do pensamento, assim como de pesquisa e da defesa pública dos direitos individuais e sociais. Como educadoras e educadores reafirmamos nosso compromisso com a construção de um país sem discriminação, justo e solidário."