PRETIDD promove evento “Negritudes – múltiplas narrativas” na PUC-SP
Atividade aconteceu nos dias 18 e 19/11
O PRETIDD, coletivo afro-acadêmico que se dedica a explorar as interseções entre raça, tecnologia e sociedade, promoveu o evento Negritudes – Múltiplas Narrativas em celebração à Semana da Consciência Negra. A atividade aconteceu nos dias 18 e 19/11, no auditório 415 do campus Consolação.
O evento reuniu pesquisadores, artistas e ativistas para construir diálogos que desafiam as estruturas tradicionais, propondo uma visão antirracista e decolonial na sociedade e na Universidade. O encontro foi um espaço onde se entrelaçaram vozes, histórias e reflexões sobre a negritude, sua complexidade e sua interseção com as tecnologias contemporâneas.
“O PRETIDD é um coletivo formado por jovens pesquisadoras e pesquisadores do Programa de Tecnologias da Inteligência e Design Digital (TIDD) e é um grupo do qual nós nos orgulhamos muito. Ele surgiu de uma iniciativa dos próprios estudantes, e o programa tem se empenhado em apoiar e ajudar a fortalecer o coletivo, que já está gerando frutos muito interessantes.
De alguma maneira, as discussões que nós conduzimos sobre tecnologias digitais, sobre IA e sobre seus impactos sociais inspirou esses alunos. Uma temática que trabalhamos em nossas disciplinas é a temática da discriminação algorítmica, que é uma das questões críticas que a tecnologia traz. Nós discutimos, debatemos em sala de aula, também realizamos pesquisas sobre essas temáticas, então esse ambiente crítico pode ter inspirado os pesquisadores.
Essas discussões são importantes pro programa, e o TIDD tem outras iniciativas: no próximo semestre, teremos a primeira oficina do programa de letramento racial. A intenção é gerar impacto social positivo na Universidade”, afirmou o prof. Marcelo Graglia, coordenador do curso.
De acordo com Solange Ferreira da Luz, mestranda do TIDD e uma das idealizadoras do PRETIDD, o evento teve a missão de traduzir o próprio objetivo do coletivo: criar um espaço de troca, aprendizado e transformação social. “Eventos como esse permitem o protagonismo dos discentes e docentes negros dentro da PUC-SP, divulgando suas pesquisas, pautas e o letramento necessário para a própria Universidade. Criam um ponto de encontro entre a sociedade e a academia, tornando a Universidade um lugar comum, onde pessoas pretas e periféricas se identifiquem e também ocupem esse espaço. Por fim, é um lugar de acolhimento, tornando a jornada acadêmica menos solitária.”
A mestranda também afirma que o evento contribuiu para o letramento racial dos alunos utilizando o acesso. “Eventos como esse são verdadeiras tecnologias de acesso: acesso ao conhecimento sobre pautas raciais e de diversidade. O evento trouxe diversas referências bibliográficas para combater o epistemicídio vivido nas academias do Brasil e lutar contra o que Negô Bispo descreve como ‘colonialismos de submissão’. Mas acredito que, além dos alunos, toda a comunidade acadêmica ganha.”
Já Ana Rodrigues, mestranda no TIDD, uma das idealizadoras do projeto e coordenadora do PRETIDD, reiterou que o evento foi importante para afirmar que pessoas negras existem dentro da Universidade. “Pessoas negras existem, mas não no simples sentido de existir. Mas sim no sentido de pertencimento. O PRETIDD traz pesquisa, mas também traz vivência, traz escrevivências. O PRETIDD traz tecnologia, mas traz humanização, traz afeto. A PUC-SP precisa de afeto, dar e receber, é isso que é ensinar, que é acolher sem distinção. O evento contribui para a Universidade oferecendo novas perspectivas, possibilidades de evidenciar autores, pesquisar autores(as) pretos (as). O encontro ajudou a entender quem são, como as questões coloniais perpetuam na nossa sociedade e como podemos mudar e sermos antirracistas. O racismo deve ser tratado de dentro pra fora.”