PUC-SP sedia encontro de reitores de universidades comunitárias promovido pela ABRUC
A reitora Maria Amalia Andery recebeu o prêmio Mérito Educação Comunitária pela sua...
Conversa online com a profa. Maria Elisabeth Bianconcini Almeida (Pós em Educação: Currículo)
“Do ensino presencial ao virtual”
conversa online com a profa. Maria Elisabeth Bianconcini Almeida
A quarentena para mitigar a disseminação do coronavírus e, por consequência, reduzir o número de pessoas acometidas pela covid-19 tem levado escolas e universidades a adotarem práticas online para sustentar o funcionamento das atividades educacionais e o contato regular entre professores e estudantes.
No contexto de absoluta exceção decorrente desta emergência sanitária, a PUC-SP decidiu assumir o desafio de não interromper a vida acadêmica. Resolveu organizar-se para seguir construindo experiências acadêmicas e de aprendizagem significativas para sua comunidade. Não se trata de substituir a vida acadêmica presencial; isso não seria possível, nem desejável: as relações presenciais, e tudo o que elas implicam, são fundamentais à formação dos estudantes e ao desenvolvimento dos professores. Por outro lado, são também inegáveis as potencialidades das tecnologias da informação para fins pedagógicos.
Na educação, as interações presencial e virtual não são excludentes, ao contrário, podem e devem interagir, e a situação atual é também uma oportunidade para qualificá-las. A possibilidade de um tempo relativamente longo de recolhimento em casa exige das pessoas e da sociedade adaptação, a mais rápida possível, para sustentar e criar modos de viver – satisfatórios e saudáveis – durante a travessia desse difícil momento do país e do mundo.
No caso das universidades, assim como nos demais ambientes, é certo que realizar adaptações e mudanças em tempo curto e de maneira acelerada é trabalhoso, tira-nos de uma zona de conforto, gerando inseguranças e dúvidas. Nessas horas é preciso exercitar, ainda com mais força, a serenidade pessoal, a solidariedade social e a empatia em relação ao outro, afinal todos estamos aprendendo, correndo riscos de errar e precisando corrigir e/ou ajustar rumos quase sem tempo para planejar e testar cenários.
É nesse sentido que a Reitoria da PUC-SP tem orientado suas comunicações com a comunidade e dirigido os esforços para disponibilizar ferramentas e organizar estratégias online para manter a universidade ativa. Como parte dessas ações, convidamos a professora Maria Elisabeth Bianconcini Almeida, a Beth Almeida, especialista em ensino online, docente do Programa de Educação e Currículo, para uma conversa com os colegas professores sobre relações entre o ensino presencial e o virtual, em particular no contexto do coronavírus. A conversa foi muito produtiva e está disponível no Teams para quem não pôde acompanhá-la ao vivo na web.
Vários aspectos destacados pela professora partem da ideia de que, mesmo para os docentes que têm que se familiarizar com as ferramentas disponibilizadas pela universidade, será preciso trabalhar com os recursos tecnológicos que conhecem, lançando mão do que já sabem para potencializar e enriquecer a relação com seus alunos, aproveitando a oportunidade para ensinar, aprender e pensar sobre novos recursos e também acerca da condição e da exigência, cada vez mais presente, de que o ensino seja híbrido, capaz de atrelar as dimensões presencial e virtual em favor dos processos de ensino/aprendizagem.
Segundo Beth Almeida, é relevante tudo o que gera aprendizagem, por isso, a questão principal não é o domínio completo das tecnologias para transferência de conteúdos, o objetivo não é esse. A transferência de conhecimentos precisa ser consequência de um processo significativo de aprendizagem, efeito da reflexão e da problematização acerca dos objetos de conhecimento que estiverem em questão nas interações professor/aluno e aluno/aluno.
Além dos textos de referência dos cursos, Beth sugeriu que o professor elabore vídeos ou outros materiais curtos sobre questões específicas de conteúdo, dando maior ênfase à conversação direta, ao diálogo vivo tanto em atividades síncronas (realizadas em tempo real entre os participantes), quanto nas assíncronas, aquelas nas quais os participantes postam material a ser acessado, comentado e discutido em outro momento, salientando a importância do feedback do docente como elemento essencial para o ensino online, cuja ausência compromete todo o processo.
Durante o encontro, perguntas e comentários também tematizaram a avaliação da aprendizagem e as dúvidas e reclamações de estudantes em face da exigência de realizarem trabalho online com frequência e em volume bem maior do que é habitual em muitos casos. A professora destaca a excepcionalidade do momento e diz que é preciso pedir um voto de confiança aos estudantes para que seja possível organizar as dinâmicas acadêmicas e superar obstáculos e dificuldades. Do mesmo modo, enfatiza que professores e alunos precisam acolher as dificuldades e as queixas como parte do processo, buscando elabora-las e tirar proveito delas. Lembrou da necessidade dos docentes dosarem a quantidade de atividades solicitadas, evitando-se, assim, sobrecarga aos estudantes.
Sobre a avaliação no espaço virtual, Beth mencionou que, tanto para o presencial quanto para o online, a avaliação pode assumir sentidos diversos, dependendo da concepção do professor. Numa concepção transmissiva, por exemplo, a avaliação volta-se mais à verificação da apreensão de conteúdos, enquanto em concepções dialógicas, aspectos qualitativos dos processos pessoais e grupais articulam-se com os conteúdos, permitindo que a avaliação privilegie a apreensão reflexiva e, digamos assim, problematizadora do aluno e da classe.
Enfim, várias coisas para pensar e aprender. Por isso mesmo, outros encontros online desse tipo vão acontecer: a reflexão coletiva e a construção acadêmica conjunta não estão em quarentena.
A Reitoria
Ouça abaixo o podcast com a edição de alguns trechos do encontro.