Grupo Étnico Racial da PUC-SP discute atos de racismo

O Sub Grupo Étnico Racial faz parte do Grupo de Trabalho de Inclusão Social, iniciativa da Pró-CRC

por Redação | 24/09/2020

O Sub Grupo Étnico Racial, do Grupo de Trabalho de Inclusão Social, iniciativa da Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias (Pró-CRC), realizou no dia 21/9, uma reunião virtual que teve como temas dois assuntos que geraram grande comoção nas redes sociais. O primeiro foi o ato de racismo, por parte de um perfil fake, durante a aula inicial do projeto “BRASIL em Curso”, evento promovido pela PUC-SP, no dia (15/9), e seus desdobramentos. Foram destacados outros exemplos do racismo estrutural no país, como casos recentes de violência policial contra a população negra e a polêmica a partir da  abertura de processos de trainee exclusivos para profissionais negros, realizados pelo Magazine Luiza e pela Bayer, que geraram fortes reações por parte daqueles que se opõem a inclusão na sociedade brasileira, como foi o caso do deputado federal e vice-líder do governo na Câmara Carlos Jordy (PSL-RJ), que propôs uma representação no Ministério Público contra a empresa.

No encontro também foi apresentado o evento “Afro Presença”, a ser realizado nos dias 30/09, 1/10 e 2/10, um encontro virtual gratuito com poder público, setor privado e organizações nacionais e internacionais para promover mais oportunidades de emprego para a juventude negra. A programação conta com uma série de debates, oficinas, compartilhamento de currículos e oportunidades de trabalho. Todos podem participar!! Inscrições e informações no site www.afropresenca.com.br

Após uma rápida rodada de apresentações, o prof. Pedro Javier Aguerre Hughes, assistente especializado da Pró-CRC, responsável por coordenar a reunião, expôs como a questão ocorrida na Universidade está sendo abordada pela instituição. “Após uma nota oficial da PUC-SP direcionada a comunidade e amplamente divulgada nas redes sociais institucionais, o caso foi encaminhado à Assessoria Jurídica para avaliação e estudo das providências cabíveis. Além disso foi feita uma veemente manifestação pública de repúdio por parte do pró-reitor de Pós-Graduação, Márcio Alves da Fonseca, durante a mesa seguinte e modificada a gestão dos comentários nos chats da atividade “BRASIL em Curso” evitando assim que ocorressem novas manifestações de racismo, fascismo ou xenofobia no Curso. A Pró-CRC também entrou em contato com a estudante da FEA, Maria Fernanda, visando acolhê-la, que havia feito um vídeo no Instagram em resposta ao ato ofensivo”.

Para a profa. Myrt Thania de Souza Cruz é preciso que a reitoria e a Fundasp se posicionem, pois o ato gerou grande dor entre os membros da comunidade puquiana. “É chegada a hora que a instituição, por meio das suas autoridades, se posicione, tendo em vista que a própria instituição sofreu um ataque racista que foi sentido nos corpos das pessoas”. 

Algumas participantes fizeram relatos emocionados de como esses dois fatos afetaram suas vidas. Como foi o caso da profa. Lucineia Rosa dos Santos que falou sobre a dificuldade de encarrar esses ataques racistas. “Eu não tive coragem de ver as redes sociais sobre os ataques que o Magazine Luiza e a Bayer vêm sofrendo, pois atos como esses tem me trazido muita dor e raiva”. 
A reunião contou também com a presença do prof. Amailton Magno Azevedo, que falou sobre como tem se preservado em relação ao racismo. “Aprendi com a vida não me permitir adoecer mais com isso, o problema não está conosco, portanto quem é doente, quem adoeceu com essa prática, são os racistas”.

A doutoranda Winnie Nascimento dos Santos, representante do Coletivo Neusa Santos, reiterou o posicionamento da Profa, Myrt, sobre a importância da Universidade se posicionar, inclusive judicialmente, em relação ao fato ocorrido no dia 15/9, “é muito diferente quando uma instituição como a PUC-SP entra com um processo judicial contra esse tipo de crime, assim como é importante a manifestação da reitoria, se posicionando na luta anti-racista”.

Após várias manifestações apontando para criação de uma política por parte da PUC-SP para combater o racismo, o grupo resolveu cobrar um posicionamento da Universidade sobre o fato ocorrido durante o “BRASIL em curso”, para isso vários membros farão sugestões por escrito para elaboração de um texto final que será encaminhado à reitoria. 

Hughes ainda reiterou que nos dias 30/9, 1 e 2/10 acontece a Afro Presença, um encontro virtual com poder público, setor privado e organizações nacionais e internacionais para promover mais oportunidades de emprego para jovens negras e negros universitários. “É uma grande iniciativa envolvendo mais de 60 empresas, uma atividade construída pelo Ministério Público do Trabalho, com execução por parte do Pacto Global, envolvendo os movimentos sociais negros, as universidades e as consultorias de RH. A PUCSP participa desta iniciativa desde seu nascedouro, após ter assinado em 2018 o Pacto de Inclusão de Jovens Negras e Negros no mercado de trabalho. 

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