26 de abril: Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial
Participação da profa. Cibele Isaac Saad Rodrigues (Medicina)
Em 26 de abril celebra-se o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. Seu objetivo é conscientizar a sociedade sobre esse enorme problema de saúde pública, uma doença que acomete mais de 30% da população adulta no Brasil e no mundo.
Para abordar este tema, formulamos algumas perguntas à profa. Cibele Isaac Saad Rodrigues, titular do Departamento de Clínica da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP; professora de Bioética do PEPG em Educação nas Profissões de Saúde, da mesma instituição; coordenadora acadêmica do Hospital Santa Lucinda; diretora do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Nefrologia e diretora científica da Sociedade de Nefrologia do Estado de São Paulo.
Quais são as causas da hipertensão arterial (HA)?
A hipertensão arterial é classificada quanto à causa primária (que ocorre entre 80 a 90% das vezes e há agregação de vários fatores de risco) e secundária (quando existe uma doença, que, se tratada, a pressão também se normaliza). Existem várias doenças renais e endocrinológicas, por exemplo, que são causas de hipertensão secundária.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito por meio da medida da pressão arterial (PA) com um aparelho chamado esfigmomanômetro, que, na sua versão digital e automática, tem grande valor na medida da pressão realizada no domicílio do paciente, inclusive por ele mesmo, com técnica adequada. Só é preciso cuidado para comprar um aparelho com selo de qualidade do Inmetro. Certamente, é um investimento que vale muito a pena.
Quais valores são normais e quais são altos?
O ideal, ou pressão ótima, é quando o aparelho marca 120 por 80 milímetros de mercúrio (mmHg), ou “12 por 8” (quando medida em centímetros de mercúrio). Os indivíduos considerados hipertensos apresentam, de forma sustentada, em pelo menos duas medidas em ocasiões diferentes, a pressão igual ou maior a 140 e/ou 90 mmHg, ou “14 por 9”. Existe uma categoria intermediária de pré-hipertensos (PA= 130 a 139 por 80 a 89 mmHg), que devem ser acompanhados mais de perto do que os normotensos.
É verdade que a HA raramente dá sintomas?
A pressão alta raramente dá sintomas. Geralmente, quando dá, é porque está alta demais ou subiu abruptamente, podendo até ameaçar a vida. Uma boa dica é que não se pode esperar que a pressão alta dê sintomas ou sinais para tratá-la, porque poderá ser tarde demais para evitar os estragos.
Quais as consequências da pressão alta?
As principais consequências da hipertensão, quando não tratada e nem controlada, são as doenças cardiovasculares, como infarto, insuficiência cardíaca, derrame cerebral (acidente vascular cerebral), entupimento das artérias (doença arterial obstrutiva crônica), demência e até mesmo cegueira, por comprometimento dos vasos da retina. Nos rins, a pressão alta faz com que eles diminuam de tamanho. O doente pode chegar a precisar de diálise ou de transplante para viver.
A HA pode ser evitada ou controlada?
Muito pode ser feito pelo próprio paciente para prevenir ou controlar esse inimigo invisível e perigoso. Uma das medidas mais úteis e efetivas é utilizar o mínimo de sal no preparo dos alimentos, o que é difícil, mas não impossível. O brasileiro consome cerca de 10 g de sal ao dia, ou seja, o dobro do recomendado pelos especialistas. Evitar alimentos embutidos é muito importante (salsicha, salame, presunto, linguiça, rosbife, hambúrguer etc.); molhos prontos (shoyu, ketchup, mostarda, maionese, entre outros); carnes salgadas (bacalhau, charque, carne seca e defumados); alimentos gordurosos; frituras em imersão; o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e o hábito de fumar.
Como faço na pandemia de Covid-19?
Mesmo em tempos de pandemia, a pressão deve continuar a ser controlada e os exames anuais não podem ser negligenciados, especialmente se estavam alterados na última rotina. Cuide de sua pressão arterial. Diferentemente da Covid-19, ela é nossa velha conhecida e sabemos como reconhecê-la, estratificar o risco cardiovascular e renal e tratá-la sem ou com remédios reconhecidamente eficientes e capazes de aumentar a quantidade e a qualidade de vida dos hipertensos.