Jornal da PUC-SP

A Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias (Pró-CRC) realizou, na tarde desta segunda-feira (13/12), uma reunião do Grupo de Trabalho em Saúde Comunitária na qual foram apresentados alguns relatos e resultados do “Projeto de Acolhimento online à comunidade”, assim como a disponibilização do link para certificação dos seus participantes.

Estiveram presentes no encontro a Pró-Reitora de Cultura e Relações Comunitárias, profa. Mônica de Melo; o assistente especializado da Pró-CRC, prof. Pedro Javier Aguerre Hughes; as professoras da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde, Márcia Almeida Bstista, Ida Elizabeth Cardinalli, Paula Peron e Marisa Penna; a psiquiatra Nicoli Abrão Fasanella, professora do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP e a ex-aluna da graduação em Psicologia e voluntária do projeto Ana Carolina Caieiro.

No início da reunião a profa. Mônica falou sobre a importância da iniciativa e do reconhecimento por parte da Reitoria da importância do trabalho realizado. “Quero registrar todo o reconhecimento por parte da Reitoria e parabenizar todas as pessoas que estiveram envolvidas nesse trabalho.  O prof. Pedro me falou o quanto ele foi importante e do empenho de toda equipe na realização desse acolhimento, então quero agradecer e parabenizar a todos os envolvidos”.

Para a profa. Paula, apesar da suspensão do serviço devido ao gradual retorno às atividades presenciais, a iniciativa promete ter desdobramentos futuros. “Fico muito honrada e alegre com o reconhecimento do nosso trabalho, mas principalmente com o reconhecimento da necessidade do futuro do nosso trabalho. Na pandemia percebemos a questão do adoecimento da comunidade universitária, não só esse, mas ele entre vários outros”.

Na avaliação da prof. Nicoli, a parceria entre a  Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde e a Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde trouxe novas perspectivas para o projeto, assim como abriu as portas para novos projetos conjuntos.  “Desde o primeiro momento que entrei no GT de Saúde Comunitária me senti muito bem recebida. Criamos uma parceria importantíssima, considerando que faço parte da FCMS, que fica em Sorocaba. Criar esse vínculo fez muito bem para mim, mas também foi benéfico para todos. Quando iniciamos o projeto não tínhamos ideia da dimensão e nem do tempo que ia durar. A princípio seriam 15 dias e durou mais de 1 ano e meio. E esse foi um projeto que contou basicamente com voluntários. Fomos ampliando os nossos limites de acordo com as necessidades e os desafios que encontrávamos enfrentando a pandemia, com medo e isolados. É muito importante que um trabalho como esse tenha algum tipo de continuidade, não se pode ignorar o impacto e o potencial de ajuda dessa iniciativa”.

Representando os voluntários, Ana Carolina falou sobre a importância da experiência. “Foi um espaço muito rico. Comecei atendendo individual e depois eu passei para grupo, e nos fois casos eu vi pessoas em alto grau de sofrimento, por isso acho que esse serviço foi um espaço muito relevante. As supervisões foram muito boas e as trocas com colegas bastante enriquecedoras.”, concluiu.

O projeto

Com o avanço da pandemia de Covid 19, em março de 2020, e após as recomendações da Organização Mundial da Saúde e das autoridades governamentais e de saúde do Estado de São Paulo, impondo restrições à circulação de pessoas, boa parte da população teve que adaptar suas rotinas para o mundo virtual.

Na PUC-SP não foi diferente. A Reitoria determinou que as atividades presenciais fossem suspensas e as atividades acadêmicas migraram para o modo remoto. A partir desse momento, numa iniciativa inédita para a Universidade, a Pró-CRC, o Grupo de Saúde Comunitária e Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic, com apoio da Reitoria, começaram a planejar um modelo de atendimento psicológico online para a comunidade puquiana. A estruturação do serviço foi coordenada pelas professoras Paula Peron (FACHS) e Nicoli Abrao Fasanella (FCMS).

Para a Universidade era indispensável a proteção da saúde mental da sua comunidade e foi criado assim um ambiente virtual de proteção e acolhimento de sofrimento psíquico. A iniciativa tinha como objetivo oferecer um serviço de grupo de acolhimento em saúde mental online, voltado para aqueles que sentem solidão, desamparo ou outras formas de manifestação de sofrimento, além de ajudar os professores, alunos e funcionários a lidar com problemas de saúde mental derivados do isolamento social.

Participaram do projeto 35 voluntários terapeutas entre psicólogos, ex-alunos e recém-formados, alunos do 5º. ano de Psicologia, residentes do 1º. ano de Psiquiatria, psicólogos funcionários do PAC e professores de Psicologia e Medicina. Os atendimentos aconteceram em grupos de até cinco pessoas (entre pares) ou individualmente, conforme a necessidade e disponibilidade. A supervisão dos atendimentos foi realizada por oito professores da PUC-SP, que se voluntariaram.

O serviço de acolhimento teve duração de 17 meses, com início em abril de 2020 e término em setembro de 2021. Foram atendidas 266 pessoas: 205 alunos da graduação, 33 da pós-graduação, 13 funcionários, 9 professores, entre outros. Entre os atendidos havia portadores de necessidades especiais, incluindo baixa visão e deficiência auditiva, que puderam contar com uma voluntária atuando por meio da linguagem de Libras.
O serviço foi finalizado devido a retomada gradual das atividades presenciais, contudo alguns grupos terapêuticos e atendimentos individuais ainda estão em andamento, com a perspectiva de serem finalizados conforme a avaliação clínica dos voluntários e supervisores.