PUC-SP sedia encontro de reitores de universidades comunitárias promovido pela ABRUC
A reitora Maria Amalia Andery recebeu o prêmio Mérito Educação Comunitária pela sua...
Profa. Nicoli Abrão Fasanella analisa a ação
Em 25 de março, a Prefeitura de Sorocaba montou barreiras sanitárias em cinco corredores de acesso ao município. Elas funcionaram até o dia 6 de abril e, desde então, passaram a ser instaladas em pontos variados da cidade.
O objetivo da medida é evitar deslocamentos desnecessários de moradores de outras cidades, o que poderia aumentar os índices de contaminação pelo novo coronavírus entre os sorocabanos e sobrecarregar o serviço público de saúde. A prefeitura informou que não há uma data limite para o funcionamento dessas barreiras itinerantes.
A psiquiatra Nicoli Abrão Fasanella, professora do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP, faz a seguinte ponderação: “Não saberia dizer se as barreiras funcionaram. Sei que mais de 44 mil veículos foram parados, de acordo com os jornais locais. Sei, também, do poder da educação e, claro, da ciência. Espero que, para todos esses viajantes, as orientações recebidas nas barreiras sanitárias sirvam para uma mudança de comportamento, a preocupação com o coletivo e a busca por mais informações com embasamento científico”.
Na prática, os agentes posicionados nas barreiras sanitárias em Sorocaba identificam veículos com placas de outras cidades (ou aquelas em que não é possível visualizar o município de origem) e pedem para estacionarem. Na sequência, eles aferem a temperatura dos ocupantes; verificam o uso de máscaras e reforçam as regras de distanciamento social e uso do álcool em gel. Quem vem à cidade a passeio é orientado a pegar o primeiro retorno e voltar para casa.
A ação é realizada pelas secretarias da Saúde, Segurança Urbana e Mobilidade e Desenvolvimento Estratégico, juntamente à Urbes – Trânsito e Transporte e à Polícia Militar. Cerca de dez profissionais atuam nas barreiras, entre agentes de trânsito, da Guarda Civil Municipal e da Vigilância Epidemiológica. As primeiras cinco barreiras sanitárias haviam sido instaladas nas avenidas Eng. Carlos Reinaldo Mendes, Ipanema, Dom Aguirre, São Paulo e Armando Pannunzio.
Preocupação com o coletivo
A professora Nicoli alerta para que preocupações e comportamentos individualistas cessem de vez. “Agora, a preocupação com o coletivo deve ser soberana. Não é possível sair na rua e se preocupar apenas com a própria saúde. A preocupação deve se voltar também àqueles que terão contato íntimo conosco – como cônjuges, filhos e pais – e pessoas desconhecidas, que cruzam o nosso caminho, frequentam mercados, farmácias ou outros serviços essenciais junto a nós, e que têm sua saúde impactada pelo nosso comportamento, sem nos darmos conta”, enfatiza.
Ainda de acordo com ela, é possível elencar algumas das melhores ações de proteção da população que, quando tomadas coletivamente, têm potencial de modificar o curso e a velocidade de evolução da doença. “São ações comprovadas pela ciência no cuidado com a saúde em uma pandemia causada por um vírus respiratório, como é o caso do novo coronavírus. Elas são utilizadas por grandes organizações de saúde pelo mundo, são acessíveis e não expõem ninguém a um risco maior do que o causado pelo próprio vírus”, explica a doutora Nicoli.
O distanciamento social é uma dessas ações, desde que respeitado o afastamento mínimo de 1,5 metro entre as pessoas. Outras são evitar aglomerações e saídas desnecessárias de casa. Tais medidas, de acordo com a docente da PUC-SP, reduzem a circulação do vírus, pois ocorre a diminuição das pessoas que o carregam, “inclusive aquelas que não sabem disso ainda”, esclarece.
“Outra medida sabidamente eficaz é o uso de máscaras de forma adequada, isto é, cobrindo nariz, boca e queixo, sem que fique folgada no rosto, para que não sobrem espaços nas laterais. Elas devem ser substituídas quando seu uso for prolongado, ou caso fiquem úmidas. De preferência, devem possuir camada tripla de proteção, incluindo aquelas feitas de tecido”, finaliza a psiquiatra e professora da PUC-SP Nicoli Abrão Fasanella.