Crise humanitária Yanomami: voluntários da Fac. de Medicina da PUC-SP integrarão Força Nacional do SUS
Participarão professores e residentes da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS), do campus Sorocaba
Com a revelação da necessidade urgente de ajuda aos povos indígenas que habitam o território Yanomami e após o governo federal decretar Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, um grupo de professores e residentes da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS), do campus Sorocaba, decidiu contribuir voluntariamente e prestar ajuda assistencial presencialmente.
Os Yanomami formam uma sociedade de caçadores-agricultores da floresta tropical do Norte da Amazônia. Seu contato com a sociedade é, na maior parte do seu domínio territorial, relativamente recente.
Segundo o diretor da FCMS, professor Godofredo Campos Borges, vários professores já realizam ou realizaram trabalhos voluntários para povos indígenas e outras entidades. “Um deles, inclusive, já atuou no território Yanomami tempos atrás”, conta.
“A reação foi imediata. Após divulgarmos entre os docentes que o governo federal aceitaria a contribuição de voluntários, vários se disponibilizaram para a missão”, revela.
Esse grupo de professores é composto por nomes de destaque em diversas especialidades médicas. Eles preferem que suas identidades não sejam reveladas, justamente por se tratar de um trabalho voluntário e de alta significância social.
“Todos os docentes e alunos da FCMS são a favor do serviço voluntário. Mas, infelizmente, o edital de inscrição para esta Força Nacional do SUS, especificamente, não abriu inscrições para estudantes de Medicina”, destaca o professor Godofredo.
O formulário de inscrição foi divulgado em 22 de janeiro e está disponível nos sites do governo federal, sobretudo no do Ministério da Saúde.
Por meio do Twitter, o presidente Lula escreveu: “Recebemos muitas mensagens de pessoas querendo ajudar no território Yanomami. O Ministério da Saúde abriu um formulário para inscrição de profissionais de saúde voluntários. Ajude a compartilhar. O Brasil é o país da solidariedade e esperança”.
Até o momento, nenhum dos professores da FCMS/PUC-SP foi chamado. “Contudo, estes voluntários já estão prontos para embarcar rumo ao território Yanomami assim que forem convocados pelo governo. Todos já adequaram suas agendas profissionais e acadêmicas para quando esse momento chegar”, explica o diretor da FCMS.
“Estamos às vésperas de iniciar mais um ano letivo, mas, também, já nos adaptamos para promover as substituições temporárias desses docentes logo que forem necessárias. Contamos com o apoio integral da nossa mantenedora, a Fundação São Paulo, para esta iniciativa de ajuda aos Yanomami”, completa.
Os voluntários que já chegaram ao território estão prestando atendimento direto aos pacientes localizados na Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami e no hospital de campanha do Exército.
Até dia 29/1, o hospital de campanha já havia realizado 150 atendimentos. A estrutura da Aeronáutica começou a funcionar dia 27/1, na Casa de Saúde Indígena (Casai), região de Monte Cristo, zona rural de Boa Vista (RR), também como alternativa para enfrentar esta crise humanitária.
Segundo dados oficiais (pib.socioambiental.org), o território cobre, aproximadamente, 192 mil km², situados em ambos os lados da fronteira Brasil-Venezuela, na região do interflúvio Orinoco-Amazonas (afluentes da margem direita do Rio Branco e esquerda do Rio Negro). A população total dos Yanomami, no Brasil e na Venezuela, era estimada em cerca de 35 mil pessoas no ano de 2011. Só em áreas brasileiras, segundo dados de 2019 da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde do Brasil, são estimados 28 mil indivíduos.