Rosana Maria Paiva dos Anjos, coordenadora da área de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP, recebeu voto de congratulações da Câmara Municipal de Sorocaba pelos serviços prestados à saúde da população. A sessão solene de homenagem aconteceu no dia 12 de dezembro, às 19 horas, no plenário do legislativo local.
A propositura foi da vereadora Cíntia de Almeida e aprovada por unanimidade pelos demais vereadores. Cíntia destacou a trajetória profissional de Rosana Paiva – em especial, o trabalho pioneiro no mundo quando, em 1996, eliminou a infecção do vírus HIV de uma recém-nascida, que havia sido transmitido por sua mãe durante o parto.
Um pouco sobre essa história
“Como médica infectologista, fui designada judicialmente pelo estado como responsável pela recém-nascida HIV positiva. A mãe era portadora de anemia severa e estava no oitavo mês de gestação quando foi internada no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS). Ela precisou receber transfusão sanguínea, mas, infelizmente, o sangue estava contaminado com o vírus da imunodeficiência adquirida”, lembra Rosana.
A criança permaneceu durante seu primeiro ano de vida no setor de Infectologia do CHS, até ser adotada por um casal. A mãe biológica faleceu 10 anos depois, vítima de AIDS. Rosana conta que, até os nove anos de idade, a criança apresentou todos os quadros infecciosos. “Teve herpes zoster aos três meses e vários quadros de infecção pulmonar e de pele, culminando com uma tuberculose”, detalha. “Ela ficou desnutrida, sem cabelos, não conseguia andar, tinha feridas por todo o corpo (devido às infecções fúngicas e bacterianas) e não respondia a mais nenhum tratamento”, pontua.
Em uma decisão médica emergencial, mas consciente dos benefícios e apoiada pelos pais adotivos da criança, Rosana decidiu prescrever o coquetel antirretroviral, conduta, à época, não aceita pela Secretaria de Saúde do Estado, por não existirem estudos suficientes para a liberação para crianças.
Era o ano de 1996 e os adultos estavam iniciando os seus tratamentos com os inibidores de protease, tanto no Brasil como nos EUA e França. “Fui orientada e acolhida pelo advogado Luiz Rosati, então Procurador do Estado, que havia sido acionado [pela Secretaria de Estado da Saúde] para impedir a prescrição. Contudo, ele, sensibilizado, auxiliou a utilização do procedimento nas instâncias judiciais”, relembra. Em apenas dois meses, a menina respondeu bem ao tratamento, negativou sua alta carga viral, ganhou peso e controlou todas as suas infecções.
De posse dessa autorização, o tratamento foi realizado, tornando-se pioneiro no mundo inteiro. Desde então, vem permitindo a sobrevida de crianças contaminadas.