Ex-aluna do Formep participa de evento em Roma
Vandréa Apostolopulos apresentou pesquisa realizada sob a orientação da profa. Fernanda...
Grupo passou seis meses atuando junto a entidades que atuam na coleta seletiva, triagem e comercialização dos resíduos
Os trabalhadores das cooperativas Vira Lata e Viva Bem, ambas da capital paulista, foram beneficiados com um projeto de Extensão que uniu docentes e estudantes de Fisioterapia da PUC-SP.
Coordenado pela profa. Renata Escorcio e com a participação da profa. Luciane Frizo Mendes, o trabalho também envolveu oito alunas da graduação: Camila de Freitas, Amanda Sousa, Beatriz Caroline, Raquel Fernandes, Mariana Costa, Beatriz Braga, Tayna Lara e Bianca Oliveira. Os recursos para a realização vieram de apoio obtido via Pipext / PUC-SP.
As cooperativas beneficiadas atuam na coleta seletiva, triagem e comercialização dos resíduos. Segundo a profa. Renata, a importância de realizar um trabalho como esse se dá pelos riscos aos quais os trabalhadores da coleta e triagem estão expostos. A docente afirma que a decomposição do lixo produz bioaerossóis que, quando inalados, podem causar irritação nas vias respiratórias e fazer surgirem sintomas respiratórios como irritação das mucosas, rinite, asma, conjuntivite, dermatites e episódios de diarreia.
“Sabendo disso, levamos informações sobre medidas de autocuidado, como a higienização correta das mãos e o uso dos Equipamentos de proteção individual (EPI's)”, relata a coordenadora da ação.
O projeto de extensão teve duração de 6 meses. Neste período, os trabalhadores das cooperativas foram orientados e conscientizados sobre exposição aos agentes biológicos e formas de prevenção, identificação de sinais e sintomas respiratórios e passaram por uma avaliação da função pulmonar, por meio da espirometria.
A profa. Renata conta que haverá continuidade do programa, com exercícios respiratórios que permitam otimizar a oxigenação e a força muscular inspiratória. “Estamos pensando na prevenção de distúrbios e na melhora da tolerância ao exercício”, afirma.
Experiência imersiva de aprendizado e consciência social
As estudantes Bianca Oliveira, do 5º semestre, e Tayna Lara, do 9° semestre, foram duas alunas que participaram do projeto de Extensão nas das cooperativas Vira Lata e Viva Bem.
Leia a seguir seus depoimentos e saiba como a experiência ampliou não somente seus horizontes acadêmicos e profissionais, mas também suas vidas pessoais:
J.PUC – Como foi participar do projeto?
♦ Bianca – Realizei a coleta de dados na Cooperativa Vira Lata, em fevereiro desse ano. Como eu estava responsável pelo material principal da análise respiratória, participei de todas as visitas e pude conhecer todos os funcionários e observar rotinas diferentes da jornada de trabalho dos cooperados. Essa frequência também facilitou a realização dos testes com o equipamento de modo mais prático, porque antes de começar só fizemos um treinamento com a professora. Depois de toda a coleta retornamos para a cooperativa para orientar e conscientizar a respeito dos riscos biológicos aos quais eles são expostos e as diferentes maneiras de prevenção. Como sempre, fomos bem-vindas e conseguimos concluir nossos objetivos. Foi uma experiência muito interessante, com bastante aprendizado prático e muitas trocas, tanto com os trabalhadores quanto com as colegas e professoras do curso de fisioterapia. Foi ótimo ter participado.
♦ Tayna – Participar do projeto foi uma experiência imersiva e de muito aprendizado. Pudemos testemunhar presencialmente a realidade enfrentada pelos trabalhadores da coleta de recicláveis, que lidam todo dia com diversos riscos ocupacionais em seu ambiente de trabalho. Fomos bem recepcionadas pelos cooperadores, é um ambiente descontraído quando eles estão almoçando ou trabalhando em conjunto, apesar de toda a carga de tarefas.
J.PUC – O que destacariam, em termos acadêmicos?
♦ Bianca – Essa foi a minha primeira participação em um projeto de Extensão e acredito que seja uma excelente maneira para iniciar no campo da pesquisa. Com esse projeto finalizado, pude aproveitar as informações coletadas e elaborar um projeto de Iniciação Científica para aprofundar e investigar ainda mais os sinais e sintomas respiratórios nessa classe de trabalhadores. Acredito que tive uma excelente oportunidade para meu crescimento acadêmico e contribuição científica.
♦ Tayna – Além de poder aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula com o treinamento da orientadora, tivemos a oportunidade de desenvolver habilidades práticas, como a realização de teste com espirômetro portátil (Spirobank G), que foi uma novidade para mim e para o grupo, e a condução de uma roda de conversa. O estudo também proporcionou um aprendizado valioso sobre como desenvolver habilidades de pesquisa, análise de dados e comunicação interdisciplinar. E nos reforçou alguns papeis da fisioterapia no quesito de promoção de saúde e prevenção de patologias do sistema respiratório.
J.PUC – E o que destacariam da experiência, em termos pessoais?
♦ Bianca – Os trabalhadores dessa cooperativa de reciclagem realizam um trabalho que é de extrema relevância social, econômica e ambiental, mas infelizmente não são bem vistos pela sociedade, já que lidam com resíduos e existem estigmas quanto a isso. Então penso que carecem de uma visibilidade e preocupação por quem eles são e pelo que estão fazendo.Destaco dois pontos da importância de ter participado. Primeiro que ficou mais claro para mim que tenho um papel importante no cuidado e esse cuidado vem de diferentes formas. Não se cuida apenas com protocolos e terapias voltadas para uma queixa principal. A escuta e o interesse de fazer diferença na vida daquela pessoa também é uma forma de cuidado. Digo isso porque um dos trabalhadores, quando fui explicar o TCLE para ele, me disse que estava muito contente e agradecido com a nossa presença por lá porque sabia que tudo que estava sendo feito era com o objetivo de ver todos bem e que ele participaria com o maior prazer. Esse agradecimento me fez pensar no papel que eu estava cumprindo ali, na visibilidade que estávamos trazendo para eles. O outro aspecto importante foi ter visto de perto o processo de reciclagem e como a separação e higiene dos resíduos faz a diferença, então, dentro de casa passei a me policiar mais quanto a isso.
♦ Tayna – A minha participação nesse projeto permitiu que eu desenvolvesse mais sensibilidade em relação às condições de saúde dos cooperadores da coleta de materiais recicláveis, pois eles estão vulneráveis a diversos riscos diariamente porque muitos não tiveram as mesmas oportunidades de vida e estudo (lembro de ter cooperados do Brasil, mas também de outros países), mas ao mesmo tempo acredito que é importante valorizá-los mais, porque eles trabalham intensamente, com muito esforço físico e trabalho muscular tanto corporal quanto respiratório para movimentar os equipamentos e materiais. É uma profissão desafiadora e geralmente não é a nossa primeira escolha, mas é essencial para a sobrevivência de outros. É tão importante quanto qualquer outra área, pois eles mantêm o equilíbrio ecológico e previnem danos ambientais.