Ex-aluna participou de mobilização do Parque Augusta, inaugurado no centro de SP

Nina Liesenberg se formou em Jornalismo pela PUC-SP

por Bete Andrade | 26/11/2021

Após anos de disputas entre construtoras e moradores da região do centro de São Paulo, foi inaugurado oficialmente, no dia 6/11, o Parque Augusta. Trata-se de uma área verde com 23 mil metros quadrados, com cachorródromo, arquibancada, parquinho, equipamentos de descanso, lazer e atividades físicas, além trilhas para caminhadas e passeios, bosque, equipamentos de ginástica e um deck elevado.

A ex-aluna de Jornalismo da PUC-SP e produtora cultural, Nina Liesenberg (foto à direita), foi uma das moradoras da região que participou do processo de mobilização para a criação do Parque Augusta. “Eu frequentava o Parque Augusta desde 2008, fui morar ali na Praça Roosevelt e trabalhava na Matilha Cultural, que ficavam bem perto dali. Na época não era oficialmente um parque, mas ele já era utilizado assim por pessoas que moravam no entorno. Lembro que já havia o engajamento de algumas pessoas e um projeto de utilidade pública do terreno, que terminaria em 2013.  Foi então, que algumas pessoas que frequentavam o local começaram a pensar em fazer algo a respeito da área e começaram a organizar eventos para chamar atenção para a causa. Nesse mesmo ano, fizemos alguns pequenos eventos: piqueniques do lado de fora na rua ocupando as vagas dos carros, realizamos  encontros com música e pintura e algumas performances. Paralelamente organizamos assembleias populares e a mobilização foi crescendo. Em 2013, realizamos o Festival Parque Augusta, dois dias de evento que foram um super sucesso e a cidade ficou conhecendo o parque. Acredito que o nosso grande diferencial foi sempre fazer assembleias, onde defendemos sempre a participação popular nas decisões e nas demandas da sociedade. Lembro que na gestão do prefeito Fernando Haddad já houve a intenção de que o espaço se tornasse um parque, nessa época os proprietários do terreno fecharam o local. Continuamos fazendo assembleias em diferentes espaços e em 2015 decidimos fazer uma ocupação do parque Augusta.  Ficamos 47 dias acampados e com o parque aberto, Depois de um tempo o movimento até deu uma diminuída, mas nunca desistimos da luta. E agora o parque foi oficialmente inaugurado”.

Para Ana Banin (foto à esquerda), socióloga e conselheira do Parque Augusta, a importância do parque é estar localizado em uma das áreas com menor densidade arbórea por habitante na cidade de São Paulo, o que faz com que as pessoas sofram os efeitos da falta da vegetação urbana. “O Augusta tem árvores, que foram preservadas porque não houve construção e ainda mais centenas foram plantadas para fazer compensações. No futuro o parque inteiro terá uma cobertura vegetal, como no bosque. Isso causa um impacto enorme, porque permite que a população que caminha por essa região, e todos aqueles que chegam por todos os modais de transporte, possam usufruir desse equipamento público que possui banheiros, bebedouros e parquinho com acessibilidade, além espaço para eventos e atividades”.

A socióloga lembra que apesar de existirem praças e dois parques próximos aquela região, esses não tem mais que um ou dois quarteirões de extensão. “As praças têm uma finalidade muito diferente dos parques, e apesar de serem arborizadas elas são mais lugares de trânsito, de passagem ou no máximo contemplativos, então não são lugares em que você tenha ou se sinta incentivado a sentar na grama, e por exemplo fazer um piquenique, além de não possuirem equipamentos para crianças, enfim não tem uma série de estruturas que um parque de fato tem”.

Outro aspecto de grande importância, segundo Ana, é o fato de que a área em que hoje está o Parque Augusta não virou uma torre de apartamentos ou de comércio. “Conseguimos reverter pela luta popular expressiva uma tendência que a gente observa há décadas na cidade inteira, que é o capital especulativo e a especulação imobiliária. O fato de que aquele terreno, com 24.000 m², ter sido conquistado pela municipalidade, com todas as críticas que a gente pode fazer pela forma e pelo fato das empresas ainda lucrarem muito com esse movimento, é de um impacto enorme na região. O que não falta ali é prédio sendo erguido, é unidade habitacional ou centro comercial sendo construído no centro  de São Paulo.

Em relação à PUC-SP, Ana lembra que o Parque Augusta e o campus Consolação apesar de serem lugares distintos e com funções diversas, podem num futuro próximo desenvolver projetos conjuntos. “Eu acho interessante olhar as imagens aéreas do parque, porque a PUC-SP e o parque, ainda que tenham um muro dividindo, quando você olha de cima é tudo uma coisa só, a copa das árvores se tocam, não se distinguem, e isso é importantíssimo para a fauna e também para flora do parque. Existe uma troca ali e um fortalecimento das espécies que estão no parque fortalecendo as espécies da PUC-SP, e vice-versa. Eu acredito que a PUC–SP pode desenvolver em conjunto com a administração do parque e com o Conselho Municipal diversos projetos muito interessantes. Acho importante olhar os cursos que já existem nesse campi, os estudantes, os professores e os projetos de pesquisa para entender como eles podem convergir com a função social do parque. Enquanto Conselho Gestor do Parque Augusta, esperamos que ele seja um lugar de descanso, de usufruto e de lazer, mas também um espaço de educação, de educação ambiental e em direitos humanos, assim como um espaço de arqueologia urbana permanente, porque os trabalhos arqueológicos lá vão continuar e a PUC-SP tem tudo a ver com isso”.

 

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