Fazer, da potência, protagonismo

Entrevista com a reitora Maria Amalia Pie Abib Andery

por Redação | 10/05/2017

A reitora Maria Amalia inicia a gestão 2016-2020 da Reitoria em meio a um clima geral de esperança quanto ao futuro da Universidade. Em entrevista durante o mês de dezembro, ela falou sobre o trabalho em conjunto entre sua equipe, os órgãos colegiados e a comunidade e o incentivo às potencialidades de alunos, professores e funcionários para fazer a PUC-SP ampliar seu espaço e seu impacto na educação superior e na sociedade brasileira.

 

Como foram a transição e os primeiros dias de trabalho?

Após a nomeação, montamos a equipe e trabalhamos no Plano de Gestão, que já foi em parte apresentado ao Conselho Universitário (Consun). Os primeiros dias à frente da Reitoria foram muito bons. Mostramos ao colegiado nossas propostas para 2017 e conseguimos aprovar uma moção em que a Universidade se posiciona contra a PEC 55. Foi uma excelente oportunidade para indicar que trabalharemos em conjunto com a Universidade e os órgãos colegiados.

Como avalia a cerimônia de posse?

Foi bárbara. Um momento em que a PUC-SP se mostrou, em primeiro lugar, como uma universidade. Reuniu estudantes, professores, funcionários, a Fundação São Paulo (mantenedora), a Igreja. Havia um clima de esperança, todos pareciam dizer: “Essa é a minha Universidade. Eu gosto dela, quero estar aqui”. Isso é importante, porque vontade, compromisso com o trabalho e com a Universidade são as primeiras condições para termos sucesso.

A sra. fala em recuperar o protagonismo da PUC-SP. Em que sentido?

Quando a PUC-SP foi fundada, nos anos 1940, o Brasil tinha 25 mil universitários e o Estado de São Paulo, um par de universidades. Hoje, somos perto de 400 no país. O sistema se expandiu e, por muito tempo, a PUC-SP se contentou com o lugar que foi sendo deixado a ela nesse universo. Recuperar o protagonismo, do ponto de vista acadêmico, significa que a Universidade pode ser maior em tamanho, produção e impacto no sistema educacional e social. No Brasil, as universidades têm papel de crítica, construção de uma realidade que sai da instituição, penetra e dá perspectiva à sociedade. Temos base para fazer isso: tradição, localização geográfica, contexto ecossocial, capacitação de pessoal, corpo docente experiente e bem formado. É só querer e dar oportunidade.

O Plano de Trabalho fala de temas como pesquisa (Centros de Ciência, Tecnologia e Inovação, CiTIs), internacionalização, carreira de professores e funcionários. O que esperar para 2017?

Vamos iniciar todas essas questões. Na pesquisa, queremos manter e ampliar o PIPEq, conservar nos mesmos níveis o Pibic e temos a perspectiva de criar um novo plano de incentivo à pesquisa aplicada à docência. Vamos aumentar o apoio institucional para a investigação científi ca e tentar dirigi-la para alguns temas. Quanto aos CiTIs, a ideia é começar a discutir quais condições e formato devem ter. Sobre a internacionalização, a Academia nasceu, há muitos séculos, com a vocação de não ser fechada em si mesma. Isso signifi ca, hoje, a internacionalização. É preciso criar condições para que o acadêmico, a base da Universidade (professores, cursos, grupos de pesquisa), possa se internacionalizar. Ela já existe em alguns cursos, como o Pós em Serviço Social (que oferece dupla-diplomação e faz pesquisas em rede com uma universidade francesa), e queremos que se reproduza. Em relação à carreira, a Universidade não pode gastar mais do que Entrevista do arrecada e sua maior despesa é a folha de pagamento, como tem que ser. Neste primeiro ano, começaremos a discutir uma proposta de carreira para professores e funcionários e um plano de investimento para ambos, estudando quanto podemos aplicar e quais serão as prioridades.

Quais os planos para apoio pedagógico e social a alunos?

Estamos propondo um núcleo de apoio, vinculado de início à Pró-Reitoria de Graduação, para suporte em novas tecnologias de ensino e aprendizagem aos docentes e aos estudantes. A Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias está desenhando plano de apoio de acesso e de permanência aos alunos com demandas sociais e econômicas. Não são novidades, mas queremos dar um salto, tornar sistemático, ter metas e deixar claro o que podemos e vamos fazer.

Como a sra. pretende lidar com temas polêmicos nos últimos anos, como festas, drogas e acesso aos campi?

Sempre me espanto deles serem colocados na mesma cesta, são temas completamente diferentes. O acesso aos campi, por exemplo, é algo desejável se a gente acha que a Universidade deve se voltar à sociedade. A PUC-SP é um espaço público, não no sentido de que está aberto 24 horas, mas de que dá acesso a quem convida. Colocar catraca e guarda são respostas a uma agressão e uma política de acesso não pode se basear nisso porque agressão é exceção, não regra. Nossa política deve supor que, de maneira geral, quem vem à Universidade tem o que fazer e aqui encontra algo importante. Vamos receber muito bem essa pessoa e nos proteger apenas daqueles que vêm agredir. Já o consumo de substâncias ilícitas é um problema em todas as instituições de ensino superior. Há duas populações mais frágeis a estas substâncias: pessoas socialmente vulneráveis e os jovens, que estão presentes nas universidades. É uma questão de saúde e a gente deve tratá-la assim, mostrando aos jovens o risco que correm. Precisamos lidar com os problemas de saúde e de educação sem transformar tudo em questão de polícia. Quanto às festas, também são um tema comum a todas as universidades. Nossos campi estão em bairros, lugares centrais, têm vizinhos. Parte da questão é explicar que somos uma instituição que gera barulho. Por outro lado, temos que fazer a mesma coisa internamente: pedir respeito, ter limites. Festa não é ruim, em princípio. O problema são as que atrapalham as pessoas de dentro e de fora e colocam a comunidade em risco. Teremos de negociar a cada situação.

Como é possível aumentar o número de alunos?

É preciso planejar a médio prazo, não tem mágica. Nos últimos dez anos, houve uma tendência de perda de alunos. Temos de revertê-la e conseguir uma aceleração. Como? Por meio da diversificação e da atualização de cursos e áreas. Há formações novas e precisamos pensar nelas. Outra tarefa é dar atratividade aos cursos de graduação, pós-graduação e educação continuada: se oferecemos, achamos que vale a pena, então temos que despertar o interesse neles. E seria um erro achar que as vagas de cada área não são preenchidas pela mesma razão. Essa é uma simplificação perigosa, porque você acha que só importa uma variável, tenta solucioná-la e não resolve. Temos que fazer estudos caso a caso para entender os movimentos específicos e propor políticas que solucionem a maior parte dos problemas.

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