A vitória de Donald Trump nos EUA
Professores da PUC-SP analisam os resultados da eleição presidencial americana
No dia 8/11/2016, os americanos foram às urnas para escolher o sucessor do presidente Barack Obama. Contrariando as pesquisas, que apontavam a vitória da democrata Hillary Clinton, o magnata republicano Donald Trump foi eleito presidente dos EUA. Ouvimos docentes de RI, Economia, História e Sociologia para analisar o impacto da vitória de Trump. Confira abaixo suas reflexões. Prof. Carlos Gustavo Poggio Teixeira |
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A eleição de Trump nos mostra que estamos diante de novas regras no sistema internacional. Ele é diferente de tudo aquilo que já se conheceu dentro da história dos EUA e o primeiro presidente sem nenhuma experiência política ou militar. Trump ascendeu no Partido Republicano contra seus comandantes e foi eleito presidente contra as elites do país. Diante desses fatos, e levando em conta sua personalidade e trajetória, podemos concluir que estamos diante de um mundo completamente imprevisível. Só o que podemos prever, uma vez que ele insistiu nessas questões durante toda sua campanha, é que do ponto de vista econômico o governo terá uma postura protecionista, enquanto que politicamente será isolacionista. Prof. Antonio Carlos Alves dos Santos |
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Não parece muito claro, neste momento, se o Trump candidato vai ser o mesmo que vai presidir os EUA. Se isso se confirmar, haverá uma política protecionista e qualquer país que quiser exportar para lá terá grandes dificuldades. O Brasil felizmente tem uma pauta de exportação diversificada, além dos EUA tem a China e toda a União Europeia como mercado. Por outro lado, nós podemos ter problemas a médio e longo prazos, se Trump adotar uma postura populista. Isso significaria aumento dos gastos públicos e redução de impostos, gerando um aumento da dívida pública, da inflação e dos juros. Como consequência, o Brasil teria a saída dos investidores internacionais, fortalecendo o dólar e enfraquecendo nossa moeda, o real. Prof. Antonio Pedro Tota |
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Donald Trump assume o governo dos EUA numa situação bastante delicada. Os americanos que votaram nele são principalmente das regiões em decadência no nordeste dos EUA. O candidato realizou uma campanha muito dirigida para essa população frustrada e que perdeu quase tudo quando as grandes indústrias manufatureiras migraram para China e México, gerando grande desemprego. Esses votos garantiram sua eleição via colégio eleitoral, mas ele não obteve vitória junto à população. Podemos observar também que, embora ele esteja cercado por um secretariado quase todo conservador, ele não é unanimidade nem dentro do Partido Republicano, o que não torna simples colocar em prática algumas promessas de campanha. É preocupante a maneira como Trump tratou a questão da imigração durante a campanha presidencial, mas é importante enfatizar que essa é uma indagação recorrente no decorrer da história do capitalismo. Ele assumiu, desde o início da campanha, um discurso acirrado contra os imigrantes e fez emergir ainda mais na sociedade americana uma fala racista e de intolerância contra essa população. A postura de Trump exalta e reivindica a volta do protestante branco anglo-saxão, a etnia pura que deu origem aos americanos. O grande perigo desse discurso é fomentar a xenofobia, aumentando os conflitos sociais entre os grupos civis, o que contraria o multiculturalismo que é característico da sociedade americana. Profa. Dulce Maria Tourinho Baptista |