Profa. de Jornalismo da PUC-SP comenta experiência de ser jurada no carnaval de São Paulo

Mii Saki Tanaka é chefe do departamento de comunicação

por Renata Nascimento | 26/03/2025

A professora de Jornalismo da PUC-SP, Mii Saki Tanaka, integrou o time de jurados do Carnaval de São Paulo 2025, uma das festas mais emblemáticas e vibrantes do Brasil. Reconhecida por seu trabalho acadêmico e sua dedicação ao estudo da comunicação, Mii Saki levou uma perspectiva única e valiosa para a avaliação das apresentações das escolas de samba da cidade. Sua participação no painel de jurados foi importante para agregar credibilidade e profundidade à análise das performances e da evolução do carnaval paulistano.

Veja o depoimento da docente:

“Não despontue se não tiver certeza”, este é o jargão dos jurados dos desfiles de carnaval da cidade de São Paulo. São três módulos – Música, Dança e Visual – subdivididos em nove quesitos. Eu optei pelo Módulo Dança, foi uma experiência única e apesar das inúmeras incidências, eu adorei.

Um dia antes do desfile das escolas do Acesso II, fiz check in num hotel, onde a comissão julgadora ficava confinada. Sim, confinada! Após a entrada no hotel, nenhum jurado podia se comunicar com o mundo “exterior”, nem mesmo pedir um delivery.

Aproximadamente 10 horas antes do início do desfile, celulares, laptops, tablets, tudo ficava guardado a sete chaves pela coordenação, em envelopes nomeados e lacrados. Esses artigos eram devolvidos somente no dia seguinte ao do desfile. Ficar sem celular e laptop foi, no começo, um desespero: e se alguém estiver precisando de mim, urgentemente? Sem o celular, que no meu caso, funciona também como relógio e alarme, como desço na recepção do hotel na hora marcada?

Sim, hora certa! Tudo era agendado previamente, com horários diferentes para os nove quesitos. Às10h40, sessão de fotos; às 13 horas, entrega das pastas técnicas; às 15 horas, entrega dos envelopes e das cédulas de julgamento; às 16h30, embarque no ônibus, etc, etc, etc.

Os dois ônibus que levavam a comissão do hotel ao sambódromo tinham que ficar com as cortinas fechadas e escoltados por agentes da CET e da GCM.

Apesar de todo esse cuidado, do sigilo, da confidencialidade, alguns fãs do carnaval descobriram os contatos profissionais e particulares dos jurados e enviaram ameaças àqueles que despontuaram as suas escolas de samba.

Uma ameaça de morte deixou toda a comissão em alerta. Teve jurado que não suportou a pressão e foi substituído pelo suplente.

Fiquei bastante tensa e com medo, mas, passei por um treinamento que se estendeu por três meses e estava bastante ciente das “faltas” que deveriam ser despontuadas. E, se há avaliação, se há competição, não despontuar quem tiver falhas é um desrespeito àqueles que se apresentaram sem nenhum erro. Então, segui em frente, despontuei quem falhou (e que tive certeza de que falhou). Nas redes sociais, fui enaltecida por vários manifestantes, chamada de criteriosa por uns e de doente, por outros.

Conhecer os bastidores dos desfiles e entender como a LigaSP trabalha esse evento anual com muita responsabilidade, seriedade e paixão, trouxe para mim, Doente ou Diva, um ganho na vida profissional e pessoal.

Repetiria a experiência? Acho que, se me convidarem novamente, eu vou!

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