A PUC-SP, o Movimento dos Trabalhadores sem Terra e diversas outras entidades da sociedade civil se reuniram neste dia 15/9, no campus Monte Alegre, para a assinatura de um convênio entre a Universidade, a Fundação São Paulo e a Escola Nacional Florestan Fernandes (MST) – veja galeria de fotos e íntegra do evento ao final da reportagem.
A parceria prevê bolsas de estudos e descontos em mensalidades para integrantes do MST, de graduação, pós-graduação (lato sensu e stricto senso) e educação continuada.
A formalização do convênio teve a participação da profa. Maria Amalia Andery (reitora), João Pedro Stédile (dirigente do MST), Mônica de Melo (pró-reitora de Cultura e Relações Comunitárias), Rosana Fernandes (diretora da Escola Nacional Florestan Fernandes), Ney Strozak (setor de Direitos Humanos do MST).
Integraram ainda a mesa Sabrina Diniz (Incra), Luzia Cantal (Sindicato dos Advogados de SP-SASP), Ana Amélia Camargos (Grupo Prerrogativas e profa. da Fac. de Direito), Alexandre Zamprogno (Associação Brasileira de Juristas pela Democracia-ABJD), Claudia Maria Dadico (Associação de Juízes pela Democracia-AJD) e Plínio Gentil (Movimento Transforma Ministério Público e prof. da Fac. de Direito).
Leia a seguir alguns destaques da cerimônia
♦ Maria Amalia Andery – Reitora da PUC-SP
“A educação formal faz toda diferença para a sociedade e, onde as universidades são implementadas, fazem muita diferença, abrem possibilidades para seus estudantes. Essa é uma missão para a PUC-SP, que nunca abandonou a difícil tarefa de se conectar com os movimentos sociais, com o país, com a cidade e com as práticas intelectuais às quais adere”.
“Uma universidade que não se conecta com o mundo ao seu redor morrerá. A PUC-SP escolheu se conectar aos movimentos que buscam mudanças no Brasil e este convênio demonstra nosso compromisso com essa perspectiva. Tenho certeza que faremos diferença na vida dos estudantes que aqui vierem e mais certeza ainda que eles farão muita diferença na vida da nossa Universidade. Da mesma que já ocorre com programas como o Pindorama (que oferece bolsa de estudos para alunos indígenas) e o Prouni, são parcerias que permitem à Universidade refletir e incluir em seu cotidiano realidades às quais muitos de nós nunca tivemos acesso”
♦ João Pedro Stédile – dirigente do MST
“Esse acordo é a concretização do sonho de ocuparmos a PUC-SP com estudantes originários de movimentos populares da classe trabalhadora brasileira. Além dos camponeses, também devemos incorporar os quilombolas, os povos indígenas e outras populações que estão excluídas da universidade”.
“Para nós do MST, tão importante quanto dar terra, fazer reforma agrária popular para produzir alimentos, é preservar a natureza. Hoje é preciso, além de conquistar a terra, ser um zelador da natureza, ajudar a combater as mudanças climáticas. Tudo isso só se viabiliza se nós tivermos conhecimento científico, então é fundamental seguirmos com as nossas parcerias. Dessa forma, vocês também estão fazendo a reforma agrária necessária ao Brasil. Muito obrigado por todo o compromisso que vocês têm demonstrado nesses anos todos”.
♦ Mônica de Melo – pró-reitora de Cultura e Relações Comunitárias da PUC-SP
“Hoje celebramos uma parceria que envolve um dos movimentos sociais mais importantes do país, o MST. O acordo tem a participação de várias entidades que lutam pela democracia e dialoga com os princípios e com a missão institucional da PUC-SP: produzir um saber afetado pela realidade, para construir um Brasil melhor, mais inclusivo e menos desigual. É um convênio que nos traz a possibilidade de ensinar aprendendo e aprender ensinando”.
♦ Rosana Fernandes – diretora da Escola Nacional Florestan Fernandes
“É uma alegria imensa chegar ao momento de formalizar uma parceria com a PUC-SP, especialmente pelo valoroso significado que essa Universidade tem na sociedade brasileira. Mas é também uma grande responsabilidade para nós da ENFF, do MST e dos movimentos sociais brasileiros, pois aprendemos na nossa história que sozinhos não vamos muito adiante. A parceria formal com a PUC-SP, na presença das várias instituições aqui representadas, promove a unidade de classe das organizações populares, camponesas e urbanas que se conformam no sentido de um projeto de sociedade para o nosso país“.
“Temos hoje aqui alguns militantes dos movimentos populares que já estão estudando na PUC-SP. Para os que ainda vão começar, fica o compromisso de garantir nos próximos anos a presença, a disciplina e o rigor no estudo, por que é disso que a classe trabalhadora necessita. Temos pressa de estar aqui, porque historicamente estamos atrasados para fortalecer junto à classe trabalhadora o acesso ao conhecimento construído historicamente pela humanidade, formalizado e científico, dentro de uma perspectiva transformadora. Por tudo isso, esse momento é bastante emocionante, mais um passo para formar militantes e dirigentes de quadros das organizações populares camponesas do Brasil, da América Latina e do mundo“.
♦ Ney Strozak – setor de Direitos Humanos do MST
“Estamos trazendo para este acordo as organizações do povo brasileiro. Ao longo do tempo, queremos agregar a esse esforço de educação outros movimentos populares do campo e fazer com que as organizações presentes no ato participem concretamente das atividades na PUC-SP e na ENFF”.