PUC-SP na Mídia: Por que medalha de Nossa Senhora das Graças é "milagrosa"?
Participação do prof. Felipe Cosme Damião Sobrinho (Teologia)
A docente foi selecionada para a equipe editorial da International Feminist Journal of Politics
A profa. Natália Maria Félix de Souza (foto, à dir.), do curso de Relações Internacionais, passou a integrar o corpo editorial do International Feminist Journal of Politics. Leia a seguir entrevista com a docente, sobre esta experiência internacional.
J.PUC – Como surgiu o convite para integrar a publicação internacional?
Natália – Nos últimos dois anos, tenho atuado ativamente ao lado de colegas acadêmicas espalhadas por todo o país para promover o debate sobre feminismo e gênero nas Relações Internacionais no Brasil. Nossa atuação levou à criação de um coletivo chamado MulheRIs que tem buscado avançar a pauta feminista e de gênero dentro da Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI).. Como parte do reconhecimento de nossa atuação nessa iniciativa, o grupo MulheRIs foi convidado pelo Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, em outubro de 2017, para ajudar a promover a vinda de uma das mais renomadas feministas da área, a autora Cynthia Enloe. Na ocasião, fui convidada pelo IRI/PUC-Rio a participar de um curso que a autora ofereceu dentro da Escola de Inverno da International Political Sociology (IPS Winter School) e pude realizar uma entrevista com a autora, que será publicada em breve.
Essa oportunidade fez com que Enloe recomendasse meu nome para Catia C Confortini, professora do Wellesley College, que buscava uma jovem professora e pesquisadora do Sul Global para compor uma co-editoria para a Seção Conversations do International Feminist Journal of Politics (IFJP). O convite, portanto, para submissão de uma proposta veio da Catia no início desse ano. Tivemos uma grande afinidade em nossa visão sobre a oportunidade que essa posição editorial trazia em termos de ampliar o debate sobre feminismo e gênero na área de Relações Internacionais para além dos países do Norte e para temas pouco trabalhados nesse âmbito – tais como: sexualidades marginais, indígenas, negras; diferentes experiências comunitárias e espirituais e seu impacto nas relações de gênero; questões de saúde global e do gênero enquanto marcador de experiências de vida e morte; entre outros. A relevância de nossa proposta foi reconhecida pela equipe editorial do periódico, que nos selecionou como co-editoras da seção em abril desse ano. Desde então, temos atuado como editoras da Conversations Section, junto a um brilhante time de editores da IFJP.
J.PUC – Fale mais sobre o International Feminist Journal of Politics e seu papel na publicação.
Natália – O IFJP é um dos principais periódicos feministas na área de Relações Internacionais, editado pela Taylor & Francis, e possui alto fator de impacto na área (1.031 pontos em 2017). Infelizmente ele ainda não é indexado pelo sistema Qualis Capes no Brasil, o que o torna um periódico ainda pouco buscado pelos pesquisadores no país. Nesse sentido, e dada a relevância do periódico enquanto espaço de debate do gênero e do feminismo na política internacional, acredito que meu papel como parte do corpo editorial é, em primeiro lugar, o de facilitar e ampliar essa comunicação entre as perspectivas feministas no mundo e o que está sendo produzido no Brasil. Minha parceria enquanto uma jovem professora e pesquisadora no Brasil junto a acadêmicas de renome e longa carreira na área possibilita que novos diálogos sejam estabelecidos em busca de ampliar as vozes que falam o feminismo na política internacional, ou seja, abrir e ampliar espaços em que temas de relevância central de nossa sociedade encontrem uma plataforma para dialogar com vozes e perspectivas distintas, ampliando a capacidade crítica de atuação e articulação feministas.
J.PUC – De que forma a seção Conversations se distingue de outras plataformas acadêmicas?
Natália – O destaque se dá na medida em que ela encampa uma forma diferente de produção de saber. Ela propõe, justamente, a veiculação de artigos mais curtos e produzidos em formatos não convencionais na academia, tais como ensaios fotográficos, narração de histórias, entrevistas, poemas etc, como forma de trazer para o âmbito acadêmico discussões populares, ou seja, que tenham um contato mais direto com as experiências vividas das pessoas. É, nesse sentido, uma iniciativa pioneira de buscar pluralizar o debate acadêmico, tornando-o mais acessível e capaz de reconhecer outras formas de produção de saber. Os artigos submetidos à Conversations Section não passam pelo processo tradicional de revisão cega por pares, mas por um processo de revisão interna da revista que começa com o trabalho intenso das co-editoras (Catia e eu, atualmente). Vale salientar que, além de nossa revisão, os artigos também passam por revisão interna do corpo editorial do IFJP e da T&F.