Leia a seguir texto de Daniela Reis Chagas, coordenadora do Programa Pindorama sobre a presença indígena na PUC-SP 

Neste Abril Indígena, mais do que prestar homenagens, faz-se cada vez mais necessário que a sociedade não indígena se una às lutas dos povos originários! Para tanto, é preciso romper com tantos mitos construídos pelo pensamento colonizador e que estão enraizados nos discursos e ideias difundidas nos diversos espaços, inclusive acadêmicos.

Um desses mitos diz respeito à ideia de que os indígenas estão distantes de nós, e que os “índios verdadeiros” vivem nas florestas e em reservas, mantendo suas tradições milenares. É certo que esta categoria de indígenas ainda existe e precisamos lutar pela preservação de seus povos e por seus territórios, tão ameaçados, de modo agravado nos últimos anos por um projeto genocida de Governo.

Entretanto, é preciso e urgente dar visibilidade aos povos indígenas que estão entre nós, vivem nas cidades, trabalham, estudam e enfrentam preconceitos por não seguirem os fenótipos esperados pela maioria das pessoas. São Paulo é o 4º município com maior população indígena do país, segundo dados do o Censo do IBGE de 2010.

É oportuno neste mês apresentar (ou recordar) à comunidade Puquiana a existência e resistência do Programa Pindorama, um projeto que surgiu há 21 anos, idealizado por um grupo de indígenas e abraçado por professoras(es) sensíveis e corajosos, que acreditaram que lugar de indígena é também na Universidade!

As bolsas anuais concedidas pela Fundação São Paulo e o acompanhamento e fortalecimento de um coletivo indígena na Universidade são fundamentais para a inclusão dessas populações, excluídas ao longo da História. Desde 2001, mais de 200 indígenas passaram pela PUC-SP, dos mais diversos povos: Pankararu, Pankararé, Kamayurá, Kaxinawa (Huni Kuin), Kaimbé, Trumai, Karajá, Xavante, Kuruaia, Xucuru de Ororubá, Xucuru Cariri, Pataxó Hã hã hãe, Guarani Nhandeva, Guarani Mbyá, Atikum, Fulni-ô, Potiguara, Terena, Krenak, Kaingang e Terena. Atualmente, há 40 estudantes indígenas nos cursos de Designer, Engenharia de Sistemas Ciberfísicos, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Serviço Social, Pedagogia, Direito, Administração, Ciências Contábeis, Ciências Socioambientais, Ciências Econômicas, Comunicação e Multimeios e Relações Internacionais.

Certamente, a formação acadêmica contribuiu com cada indígena e com suas comunidades, já que muitos retornaram aos seus territórios para exercer a profissão escolhida. Além disso, a proposta de fortalecimento político despertou muitas lideranças para o movimento indígena.

Mas, pode-se pensar também a partir do “caminho inverso”: é preciso reconhecer que a presença de estudantes indígenas na Universidade, nos mais diversos cursos e áreas, é uma contribuição para a construção de saberes plurais e para uma comunidade acadêmica mais inclusiva. É fundamental romper com velhos preconceitos e acolher os saberes trazidos por estes alunos.

Em 2022, por sinal, a Pró-reitoria de Cultura e Relações Comunitárias fez o importante lançamento de uma Biblioteca indígena, construída junto à coordenação ampliada do Programa Pindorama, que objetiva disponibilizar produções de autorias indígenas ou de autores importantes relacionados à temática indígena. Uma proposta para que os cursos insiram em suas disciplinas novas epistemologias. Que tal, para além do mês de abril, visitá-la e divulgar seu acervo?

Anualmente (no mês de setembro), o Programa Pindorama, juntamente com o núcleo de gênero, raça e etnia do curso de Serviço Social e com o apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias realizam o evento denominado Retomada Indígena. Que tal ouvir o que acadêmicos e lideranças indígenas tem a partilhar?

De acordo com a Professora Mônica de Melo, pro-Reitora de cultura e relações comunitárias “o Programa Pindorama é uma importante prioridade para a PUC-SP. A atuação da Procrc tem se dado no sentido de contribuir para a inclusão e permanência indígenas na universidade e de ampliar a visibilidade do Programa, por meio das Retomadas Indígenas e outras iniciativas. Consideramos muito importante também o apoio às lutas dos povos indígenas, para a reconstrução das políticas públicas de atendimento aos seus direitos fundamentais, em especial à vida em seus territórios, contribuindo para a valorização de suas culturas e preservação do patrimônio ambiental brasileiro”. 

São muitas as formas de valorização dos povos originários. Estas são apenas algumas pistas. Contribua você também com esta luta!

Para saber mais:

Biblioteca Indígena: https://buscaintegrada.pucsp.br/vufind/Search/Results?type=AllFields&fil...

Programa Pindorama https://www.pucsp.br/pindorama

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